No entardecer, Isaque Alves fez questão de acompanhar Clara Rocha até Villa Azul Verde. Antes que Clara saísse do carro, ele perguntou de repente:
— Você tem tempo depois das oito hoje à noite?
Clara parou do lado de fora da casa, intrigada:
— Aconteceu alguma coisa?
— Tenho um jantar hoje à noite. Cheguei há pouco à Cidade Capital e não conheço muita gente por aqui. Gostaria de saber se você aceitaria ser minha acompanhante.
Isaque olhou para ela e, atencioso, acrescentou:
— Posso te pagar um valor extra.
Clara aceitou sem hesitar.
Isaque sorriu, sem dizer mais nada.
De repente, ela falou com seriedade:
— Não precisa me pagar mais. Só por consideração à tia Letícia, eu te acompanho de graça.
Afinal, ele já lhe pagava cem mil por dia.
Era mais do que suficiente.
Ela não era gananciosa.
Um leve traço de surpresa passou pelos olhos de Isaque. De súbito, ele sorriu, os olhos se curvando de alegria:
— Então, venho te buscar mais tarde.
Assim que ele partiu, Clara entrou em casa e tomou um banho.
Ao abrir a gaveta e ver a coleção de produtos de maquiagem, ficou absorta por um longo tempo.
Já tinha até esquecido que fora uma garota vaidosa, e que fazia tanto tempo desde a última vez que se arrumara de verdade.
Diante do espelho, viu não só o seu reflexo, mas também os seis anos em que se humilhou e implorou por amor, sempre tentando agradar.
Naquele momento, decidiu fazer as pazes com o passado — e consigo mesma.
…
A noite estava adiantada, as ruas iluminadas por uma profusão de luzes.
Isaque Alves esperou apoiado no carro por alguns minutos, até que a mulher surgiu à sua frente. Ela vestia um vestido Chanel de veludo vermelho, decote canoa, e calçava sandálias de salto com tiras finas. Os longos cabelos, soltos em ondas suaves, caíam pelos ombros.
Clara tinha traços marcantes, e a maquiagem leve realçava ainda mais sua beleza. Os lábios pintados de vermelho davam destaque ao seu rosto, transmitindo elegância e vivacidade.
Isaque a olhou, com admiração nos olhos:
— Essa produção ficou perfeita em você.
— Obrigada. — Clara respondeu com um sorriso.
Ela não sabia muito sobre o evento daquela noite, apenas que era uma festa beneficente organizada por um grande empresário, e que não haveria muita gente.
O jantar aconteceria no Sabores da Alma.

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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Apenas Clara
Não tem o restante?...