Apenas Clara romance Capítulo 125

125 /523

Vovó Patrícia deixou transparecer um traço de pesar no olhar, mas sabia que sentimentos não se impõem. Afinal, os seis anos de casamento que ela conseguiu para Clara Rocha em troca de uma dívida de vida estavam prestes a sucumbir ao velho ditado: "Fruta colhida à força nunca é doce".

Quando Clara Rocha e a senhora se afastaram, Paula Cavalcanti saiu de detrás da parede.

Ela olhou, surpresa, na direção em que as duas sumiam.

Divórcio?

Ela não tinha ouvido errado, tinha? Aquela Clara Rocha, sempre tão submissa, agora queria se divorciar do irmão dela?

Agora fazia sentido o motivo de, ultimamente, por mais que ironizasse Clara Rocha, a outra sempre reagia com indiferença, como se nada pudesse atingi-la.

Não podia deixar isso assim, precisava entender!

Paula Cavalcanti voltou apressada para a sala, e, após perguntar a uma funcionária, saiu correndo em direção ao campo para procurar João Cavalcanti.

João Cavalcanti, já vestido de maneira mais casual, praticava golfe no gramado.

Antecipava mentalmente cada trajetória do campo, avaliava os obstáculos, controlava a força e acertava a bola com precisão.

Duas tacadas, e a bola caiu no buraco.

Um funcionário ao lado lhe ofereceu uma garrafa de água mineral, que ele aceitou e abriu.

— João!

Paula Cavalcanti foi direto até ele.

Ele bebeu um gole, devolveu a garrafa ao funcionário.

— O que houve?

— É verdade que a Clara Rocha quer se divorciar de você?

O funcionário ao lado prendeu a respiração; ninguém ousava dizer palavra alguma, fingindo não ouvir nada.

João Cavalcanti permaneceu focado na bola.

— Que bobagem você está dizendo agora?

— Eu ouvi a conversa dela com a vovó! — Paula insistiu, posicionando-se na frente dele. — João, ela tem coragem de pedir o divórcio! Se é pra terminar, você é quem deveria decidir! Quem ela pensa que é? Sempre foi uma puxa-saco, e agora—

— Paula Cavalcanti. — O olhar de João, antes fixo na bola, voltou-se para ela, agora carregado de uma irritação pouco habitual. — Nosso tio te mandou estudar no exterior pra você perder o respeito básico por aí?

Paula ficou paralisada. Em segundos, os olhos já estavam marejados.

— João, antes, quando eu falava mal dela, você nunca me repreendeu assim...