Apenas Clara romance Capítulo 313

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O olhar dele carregava uma complexidade velada, obscurecida por um desejo não correspondido.

Se fosse em outros tempos, Clara Rocha jamais teria visto tamanha melancolia nos olhos de João Cavalcanti.

Clara desviou do olhar dele.

— Eu preciso mesmo ir ao banheiro.

Saiu apressada, fechando os punhos sem perceber, sem ousar olhar para trás, temendo cair outra vez no universo dele.

No banheiro, Clara se recompôs diante da pia, retocando levemente o batom para parecer mais disposta. Nesse instante, uma mulher de meia-idade entrou — vestia-se com elegância, usava um boina preta com renda e maquiagem impecável.

Os traços dela eram refinados, mas havia algo de estranho, como se tivesse passado por procedimentos estéticos, um certo ar de rigidez.

Porém, havia algo no olhar daquela mulher que causou em Clara uma sensação de familiaridade, como se já a tivesse visto em algum lugar.

Ao receber um sorriso da mulher, Clara respondeu com cortesia, logo desviando o olhar.

Quando estava prestes a sair, a mulher passou ao seu lado. Ao levantar a mão, o enorme anel que usava prendeu-se no cabelo de Clara, causando-lhe uma dor aguda no couro cabeludo.

— Ai, desculpe! Acabei puxando seu cabelo!

A mulher parecia verdadeiramente atordoada, como se fosse sua primeira vez em uma situação assim.

— Foi tudo culpa minha. Meu marido sempre diz que sou desastrada, só atrapalho as pessoas. Desculpe mesmo, foi sem querer.

Clara nem pensava em chorar, mas a outra já estava com lágrimas nos olhos, como se tivesse sido ofendida.

— Senhora, eu não fiquei chateada. Por favor, não chore.

A mulher enxugou as lágrimas no canto dos olhos.

— Você é mesmo uma moça muito gentil.

Clara lhe ofereceu um lenço de papel.

— Foi só um incidente, não se preocupe.

A mulher hesitou por um momento e então aceitou o lenço.

— Como você se chama?

— Clara Rocha.