Apenas Clara romance Capítulo 425

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Já era tarde da noite quando, ao final do evento, uma chuva repentina começou a cair. Todos se aglomeraram sob a marquise, aguardando seus carros; aos poucos, os convidados foram indo embora. Logo, restaram apenas algumas poucas pessoas.

— Gustavo, eu também vou indo. Não esquece de levar a Dra. Clara para casa!

O motorista de Carlos Novaes acabara de chegar; ele se despediu, deixando seu recado.

Agora, restavam apenas Clara Rocha e Gustavo Gomes.

Gustavo virou-se para ela:

— Você queria me perguntar algo, não queria?

Clara hesitou por um instante antes de responder:

— Prof. Gomes, o senhor já foi sequestrado alguma vez?

— A Quirina Moraes te contou alguma coisa?

Clara não respondeu.

Pela expressão dela, Gustavo leu tudo o que precisava saber e, com um leve sorriso resignado, comentou:

— Achei que você lembraria sozinha.

— Foi mesmo você? Mas, na época, as notícias só divulgaram…

— Só disseram que havia dois sobreviventes — ele a interrompeu, dando uma risada breve —. Minha família preferiu não expor. Não pegava bem para os Gomes que o filho fosse sequestrado. Preferiram manter em segredo.

Clara o encarou, sem saber o que dizer.

A chuva tornava a noite ainda mais fria e ela, instintivamente, esfregou os braços. O homem ao lado percebeu e, sem hesitar, tirou o paletó do pulso e colocou sobre ela.

Ela ficou imóvel, por um momento sem reação.

Não se sentiu desconfortável com a atitude de Gustavo; ao contrário, ele parecia ter uma sensibilidade rara, sem ultrapassar limites.

— Lembre-se de me devolver o paletó lavado — disse ele, sorrindo de canto —. Afinal, ele nem é meu, só peguei emprestado.

Clara olhou para a peça de roupa feminina que estava usando:

— É do Dr. André? Quando foi que você pegou?

— Antes de sairmos.

Ela ia responder, mas de repente, pelo canto do olho, percebeu uma silhueta escura na chuva. Virando-se rapidamente, viu, sob um guarda-chuva, uma figura alta parada há muito tempo, tão imóvel que parecia fazer parte da noite.

Ele ficou ali tanto tempo que o peso da noite quase não conseguia mais esconder seu semblante.