Após a volta da ex-namorada, a herdeira parou de fingir romance Capítulo 11

O Bentley Continental GT em azul glacial reluziu sob a luz, sua cor única e deslumbrante. Os olhos de Helena brilharam instantaneamente.

Ela adorava esse carro.

Um homem vestido de terno desceu respeitosamente do veículo e lhe entregou a chave.

— Senhorita Helena, este é um presente do Senhor Gabriel.

Ela pegou a chave, sentindo um leve aperto no coração.

Gabriel sempre fora generoso com ela. Esse carro, no total, devia ser extremamente caro.

— Obrigada.

Helena agradeceu educadamente.

— Não há de quê. Se não precisar de mais nada, eu me retiro.

O homem fez uma leve reverência, mantendo uma postura cortês.

— Tudo bem.

Assim que o homem partiu, o telefone de Helena tocou. Era Gabriel.

— Gostou do carro?

Sua voz soou casual e despreocupada, como se estivesse perguntando se o jantar da noite anterior tinha agradado ao paladar dela.

Um carro de luxo, na boca dele, parecia tão comum quanto um maço de verduras na feira.

Na verdade, no círculo em que ambos cresceram, dar um presente desses a uma noiva não era nada extraordinário. Talvez fosse porque, nos últimos três anos, Helena levou uma vida mais simples e se distanciou daquele mundo. Por isso, ao receber o carro, demorou um pouco para se acostumar com a situação.

— Eu adorei. Obrigada, Gabriel.

— Que bom que gostou. Eu me lembrava que você gostava de azul.

A voz grave e suave de Gabriel tinha um tom envolvente e hipnotizante.

Helena ficou ligeiramente surpresa.

— Como você sabe?

Pelo que se lembrava, nunca havia mencionado a ele sua cor favorita.

Do outro lado da linha, Gabriel soltou uma leve risada.

— Naquele ano em que te dei aulas, seu caderno e seu estojo eram todos azul-claro.

Helena não imaginava que ele prestava atenção nesses pequenos detalhes.

De fato, ela sempre adorou azul. Assim que viu aquele Bentley azul-claro, ficou encantada.

— Quando bati os olhos nesse carro, logo pensei que você iria gostar.

A voz de Gabriel era quente e serena.

— Por que não dá uma volta? Esse modelo é compacto, perfeito para mulheres.

— Sim, vou testar daqui a pouco.

Helena desligou o telefone e se sentou no carro. No entanto, não ligou o motor imediatamente. Com as mãos firmes no volante, seus sentimentos se misturavam em um turbilhão.

Ela tinha carteira de motorista e, nos últimos três anos, dirigia com frequência.

Mas sempre dirigia o carro de Leonardo. O seu próprio carro estava parado no subsolo da mansão em Cidade J, esquecido.

Nos três anos em que esteve com Leonardo, muitas vezes, dirigir o carro dele parecia mais o papel de uma motorista do que o de uma namorada.

Leonardo gostava de sair para se divertir e, depois de beber, bastava uma ligação para que ela fosse até o bar buscá-lo.

Os amigos de Leonardo já haviam comentado que, depois de terminar com a ex-namorada, ele simplesmente deu de presente para ela um BMW, sem pestanejar.

Ele sabia que o trabalho de Helena exigia muitas idas e vindas — audiências, reuniões com clientes, negociações de casos — mas nunca sugeriu comprar um carro para ela.

Não era que Helena quisesse um carro dele. Mas, agora, ao comparar Leonardo e Gabriel, a diferença entre se importar e não se importar ficava escancarada.

O afeto de Leonardo... era realmente insignificante.

Helena estava perdida em pensamentos quando ouviu um grito animado.

— Que carro lindo! Eu queria tanto comprar esse modelo, mas no fim não tive coragem de gastar tanto dinheiro.

Era a voz de Camila.

Helena olhou pelo vidro e viu Camila e Leonardo se aproximando do carro.

Camila não esperava ver, bem na porta da casa de Leonardo, um Bentley Continental azul-glacial, o carro dos seus sonhos, aquele que desejava, mas nunca pôde ter.

Embora sua família fosse amiga de longa data da família Mendes, não eram exatamente ricos. Eram, no máximo, uma família de classe média alta.

E os negócios estavam difíceis nos últimos anos. A empresa do pai dela vinha sofrendo prejuízos consecutivos, e a família agora depositava suas esperanças em um casamento entre ela e Leonardo, acreditando que o Grupo Mendes poderia ajudá-los.