Gabriel soltou uma risada repentina.
— Helena, tem gente aqui que não nos quer bem. Vamos embora.
Ele se levantou abruptamente, e o som da cadeira arrastando no chão ecoou pela sala, chamando a atenção de todos.
Antes que Helena pudesse reagir, Gabriel já havia segurado sua mão com firmeza, mas sua voz era suave:
— Eu vou te levar para comer em outro lugar.
O coração de Helena se encheu de emoção. Gabriel, sem hesitar, havia confrontado a avó, Cíntia, por ela. Por um lado, ela se sentia profundamente tocada com a atitude dele; por outro, estava preocupada. Helena não queria que Gabriel ficasse em conflito com sua família por causa dela.
Ao vê-lo se afastar, Cíntia ergueu a voz, severa:
— Gabriel!
— Vovó, aproveite a refeição. Nós vamos embora. — Gabriel respondeu, com firmeza. — Eu não vou permitir que minha namorada seja desrespeitada.
— Gabriel… — Helena o chamou, hesitante.
Antes que ela pudesse dizer mais, a voz grave de Vinícius ecoou:
— Gabriel, é assim que você fala com sua avó?
Gabriel se virou para encará-lo. Seu rosto estava sério, e seus olhos escuros carregavam uma determinação inabalável.
— Hoje vou deixar tudo muito claro. Helena é a mulher que eu mais amo, e eu nunca vou deixar que ela seja humilhada, nem aqui, nem em lugar nenhum. Se o clima está ruim e essa refeição não vai ser agradável, então nós não ficamos. E se alguém nesta casa não a aceita…
Gabriel fez uma pausa, sua expressão ficou ainda mais fria.
— Se alguém não aceita a Helena, então eu também não volto mais aqui.
Sem esperar resposta, Gabriel segurou a mão de Helena e a conduziu para fora. Mesmo com os chamados insistentes de sua família, ele não olhou para trás.
…
No carro, Helena estava no banco do carona, com uma expressão preocupada.
— Gabriel, você brigou com sua família por minha causa. Eu estou com medo…
— Não precisa ter medo, Helena. — Ele apertou levemente a mão dela, transmitindo conforto. — Eu estou aqui com você.
— E se sua avó começar a me odiar ainda mais por isso? — Helena perguntou, com a voz baixa.
— Ela já estava te provocando hoje. Se eu não deixasse claro o meu posicionamento, ela só ia piorar as coisas na próxima oportunidade.
— Mãe, por que a senhora tem que implicar com a Helena? O que ela fez para te desagradar tanto?
Juliana, que estava sentada ao lado, permaneceu em silêncio, mas não conseguiu evitar que um leve sorriso irônico surgisse em seus lábios. Ela se lembrou de como, no início de seu casamento com Vinícius, Cíntia também havia usado as mesmas táticas para dificultar sua vida.
Cíntia tinha o hábito de testar as mulheres que entravam na família. Juliana foi vítima disso no passado, e agora era a vez de Helena. E pensar que tudo poderia ser tão mais pacífico.
Juliana achava a implicância de Cíntia completamente sem sentido. Helena tinha tudo o que qualquer família poderia querer: era de uma família respeitável, com um status social impecável, além de ser linda, educada e sofisticada. Até a forma como Helena lidava com as provocações de Cíntia era admirável. Ainda assim, a matriarca parecia determinada a encontrar defeitos, chegando ao ponto de criticar até mesmo as roupas dela.
Cíntia soltou uma risada sarcástica.
— Vocês viram como o Gabriel se dirigiu a mim? Em todos esses anos, ele nunca havia me enfrentado desse jeito. Agora, por causa dessa mulher, ele ousa me desafiar. Isso só pode ser coisa da Helena, que está enchendo a cabeça dele.
Juliana, por dentro, zombava da lógica distorcida da sogra. “Quem causa os problemas é você, mas a culpa é da Helena? Meu filho está certo em proteger a mulher que ama.”
Vinícius tentou mais uma vez:
— Mãe, por favor, não tenha esse tipo de preconceito contra a Helena. Ela não é nada do que a senhora está pensando. Ela é uma boa pessoa. Por que não tentar conhecê-la melhor?
Cíntia estreitou os olhos e respondeu, com um tom defensivo:
— Eu? Preconceito? Vocês não sabem o que ela fez com a Beatriz outro dia!

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Após a volta da ex-namorada, a herdeira parou de fingir