— Irmão, eu... Eu não prestei atenção e acabei esbarrando na taça de vinho. Desculpa, vou limpar agora.
Beatriz se abaixou para recolher os cacos de vidro espalhados pelo chão. O decote do vestido revelava o vale entre seus seios, bem na linha de visão de Gabriel. Ele imediatamente desviou o olhar, com uma expressão sombria. Sua voz saiu carregada de impaciência:
— Levante-se. Vá embora agora.
Beatriz, ignorando a ordem, começou a recolher os pedaços com as mãos. De repente, soltou um grito de dor. Um dos cacos havia cortado seu dedo, e o sangue começou a pingar no chão.
Ela se levantou com dificuldade, apertando o dedo ferido, os lábios trêmulos em um gesto de falsa fragilidade.
— Irmão, o vidro me cortou... Você pode me levar ao hospital?
Gabriel baixou os olhos e lançou um olhar rápido para o pequeno corte no dedo dela.
— Tem band-aid e álcool aqui em casa. Cuide disso sozinha.
— Não pode me levar ao hospital? Está doendo muito...
Gabriel arqueou os lábios em um sorriso frio e irônico.
— Até você chegar lá, o machucado já vai ter sarado.
…
Na manhã seguinte, Cíntia não conseguiu falar com Gabriel pelo celular. Irritada, ligou para Marco, o assistente pessoal dele.
— O Gabriel está ocupado?
Marco respondeu com educação:
— Sra. Cíntia, o presidente acabou de sair de uma reunião.
— Passe o celular para ele.
Marco hesitou, mas cedeu ao olhar impaciente de Gabriel. Ele entregou o aparelho ao chefe e disse em voz baixa:
— É sua avó.
Gabriel levou o celular ao ouvido.
— Vovó?
Cíntia, tentando manter a voz calma, começou:
— Gabriel, sua irmã está doente, e é algo sério. Ela foi internada no hospital. Vou te enviar o endereço e o número do quarto. Quando puder, vá vê-la.
— Vovó. — Gabriel interrompeu, com um tom frio. — Se ela está doente, procure um médico. Por que está me ligando? Eu não curo ninguém.
Cíntia respirou fundo, esforçando-se para manter a compostura.
— Gabriel, só desta vez. Por mais que você esteja bravo, ela ainda é sua irmã. Não é exagero pedir que você vá visitá-la no hospital, certo? E sobre o que aconteceu no jantar da família, eu admito que errei. Quero pedir desculpas. Ontem fui ao hospital, e Beatriz realmente está muito abatida. Dá até pena de ver... Ela disse que está com saudades de você. Pode ir vê-la? Considere isso um favor para mim.
Na verdade, Beatriz havia dispensado a cuidadora de propósito, sabendo que Gabriel viria.
Gabriel assentiu, sem emoção.
— Vou chamar outra cuidadora para você.
Percebendo que insistir poderia irritá-lo, Beatriz decidiu não insistir mais.
Pouco tempo depois, a cuidadora voltou e ajudou Beatriz a tomar a sopa. Assim que o soro terminou, uma enfermeira entrou para retirar a agulha.
Gabriel, já próximo à porta, disse:
— Estou indo. Descanse.
— Espere. — Beatriz o chamou rapidamente. — Irmão, eu queria tomar um pouco de sol. Você pode me levar até o jardim?
O pedido não parecia exagerado. Gabriel hesitou por um momento, mas acabou concordando.
— Vamos.
Beatriz abriu a porta do quarto e saiu na frente, com um sorriso satisfeito.
— Eu sabia que você ainda se importa comigo. Mesmo tão ocupado com o trabalho, ainda arranjou tempo para vir me ver e até fez sopa para mim. Estou realmente muito feliz.

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