Susana teve a garganta cortada por um dos homens encarregados de vigiá-la na base. O golpe foi preciso, fatal, e ela morreu na hora.
O assassino foi rapidamente contido pelos outros membros da equipe. No entanto, antes que Gabriel chegasse, o homem começou a sangrar pelos olhos, ouvidos, nariz e boca, morrendo logo em seguida.
Quando Gabriel entrou no porão da base, o corpo de Susana já estava coberto com um lençol branco. Sob ela, uma enorme poça de sangue se espalhava pelo chão. Ao lado, o homem que havia matado Susana jazia morto, também em meio a uma poça de sangue. Era Diogo, um dos homens que trabalhava para Gabriel na base.
Alex, o responsável pela base, estava ao lado de Gabriel. Ele tremia visivelmente enquanto relatava o ocorrido, com a voz cheia de nervosismo:
— Senhor, esta noite Diogo e Heitor estavam de plantão. Não sei quem deu a ordem, mas Diogo, de repente, atacou Susana. Ele foi rápido e certeiro, atingindo diretamente o ponto vital. Heitor tentou intervir, mas já era tarde.
Gabriel franziu a testa, encarando a cena aterrorizante diante de si. O tom de sua voz era neutro, sem revelar emoções:
— Isso foi obra do mandante. Querem eliminar qualquer testemunha.
Alex limpou o suor que escorria por sua testa, e de repente caiu de joelhos.
— Senhor, por favor, me puna pelo que aconteceu!
Gabriel falou com frieza:
— Agora não adianta mais lamentar. Chame a polícia.
Alex ergueu a cabeça, hesitante.
— Mas, se chamarmos a polícia, podem nos acusar de cárcere privado...
O olhar de Gabriel se fixou nele, gélido e cortante. Antes que ele dissesse qualquer coisa, Alex se apressou em corrigir:
— Susana foi mantida aqui por minha responsabilidade. Eu me entregarei às autoridades.
Gabriel permaneceu sério, olhando para o corpo de Diogo, que havia sangrado até morrer.
— Diogo tinha família?
Alex respondeu rapidamente:
— Ele tinha quarenta anos, era solteiro e sem filhos. A única pessoa que tinha era a mãe, uma senhora de mais de sessenta anos, doente e muito frágil.
Gabriel continuou, com o semblante carregado.
— Onde está a mãe dele agora?
Alex pareceu confuso com a pergunta e demorou a responder.
— Bem... Com a confusão toda, eu... Senhor, falhei novamente. Não verifiquei isso.
Gabriel estreitou os olhos, claramente desapontado.
— É óbvio que ele foi ameaçado. A mãe dele deve estar nas mãos do responsável por isso. E, considerando as circunstâncias, é provável que ela já esteja morta. Alex, você me decepcionou profundamente.
Alex abaixou a cabeça, envergonhado.
— Senhor, aceito qualquer punição que o senhor achar justa.
O olhar de Gabriel ficou ainda mais frio, como se o ambiente ao redor tivesse congelado.
— Quem quer que seja o mandante, sabia da situação familiar de Diogo e usou isso contra ele. Isso significa...
Alex arregalou os olhos, incrédulo.
— Senhor, o senhor acha que...
Gabriel interrompeu com um brilho cortante no olhar.
Gabriel se acomodou no banco traseiro, falando com um tom cheio de gentileza.
— Se está com sono, por que não foi dormir?
A voz de Helena, ainda mais macia por conta da sonolência, respondeu:
— Estava esperando sua ligação.
O coração de Gabriel, que parecia envolto em uma camada de gelo durante toda a noite, se derreteu de repente.
— Acabei de terminar o que estava fazendo aqui. Quer que eu vá até você?
Helena olhou para o relógio e murmurou, já praticamente vencida pelo sono:
— Amanhã. Agora eu quero dormir.
Gabriel sorriu suavemente, como se pudesse vê-la naquele momento.
— Tudo bem. Está frio à noite. Não esqueça de se cobrir.
— Eu sei... Você acha que sou uma criança que não sabe se cobrir sozinha? — Respondeu ela, com uma voz embargada de cansaço.
As palavras de Helena foram ficando cada vez mais espaçadas, até que o som de sua respiração suave tomou conta da ligação. Ela havia adormecido.
Gabriel permaneceu imóvel, segurando o celular próximo ao ouvido, ouvindo a respiração tranquila dela. Mesmo quando o braço começou a doer, ele não teve coragem de desligar.
Ele manteve a ligação aberta até chegar à sua casa. Ao descer do carro, o motorista informou com respeito:
— Senhor, Alex ligou há pouco. Ele disse que precisava falar com urgência, mas não conseguiu contato com o senhor.

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