Ardente Como O Sol romance Capítulo 34

Ela contou para Adélia uma história simplificada.

Para uma criança, ser abandonada pela mãe é como se o mundo desabasse. E o mais doloroso era que sua mãe sempre demonstrou muito amor por ela, mas de repente decidiu que não a queria mais.

Aos oito anos de idade, ela já entendia muita coisa. Ela sabia que sua mãe estava prestes a mandá-la embora. Ela não queria ir, agarrou-se ao batente da porta e não a soltou, até que sua mãe a arrastou para fora à força.

Naquele dia, enquanto esperava no restaurante que Miles Holanda viesse buscá-la, ela ficou de mau humor o tempo todo. Talvez sua mãe também estivesse relutante em deixá-la, e tentou consolá-la prometendo comprar seu sorvete favorito na sorveteria ao lado. Ela teimosamente se recusou a ir, então sua mãe foi sozinha, pedindo ao atendente que cuidasse dela.

Sentada sozinha no restaurante, ela observava cada pessoa que entrava. Com cada homem que parecia ter a idade de seu pai, sua resistência aumentava. A última gota d'água foi um homem de aparência duvidosa que ficava olhando para ela.

Ela se assustou e, impulsivamente, saiu correndo do restaurante, tentando chegar em casa. Mas ela estava em um lugar desconhecido, perdeu-se e não conseguiu encontrar o caminho de casa, muito menos o restaurante.

Um sentimento de injustiça tomou conta dela, e ela ficou chorando desesperadamente na esquina da rua, até que um par de tênis impecável apareceu em seu campo de visão, embaçado pelas lágrimas.

Um garoto, que parecia saído de um quadrinho, agachou-se diante dela com um sorriso no rosto e perguntou: "O que houve, pequena?"

Ela estava soluçando demais para responder direito, mas ele foi paciente, ouviu sua história entrecortada e ainda comprou um cupcake lindo para ela.

Percebendo sua desconfiança, ele a levou até a delegacia e ficou lá com ela até sua mãe chegar.

Delfina nunca se esqueceu daquele dia: o cheiro dele, o calor de sua mão em seus cabelos e o "adeus" que ele disse antes de ir embora.

Ela também se lembrou de como sua mãe a castigou por ter fugido, depois de passar a tarde toda procurando por ela.

Ela chorou a noite toda, enxugando as lágrimas, e no dia seguinte foi enviada diretamente para a Família Holanda, comportando-se calmamente durante todo o trajeto, sem mais birras.

Ao ver sua mãe ir embora, ela secretamente esperava que ela olhasse para trás, mas isso nunca aconteceu.

Miles já havia viajado para o exterior a trabalho na noite anterior. A decisão da mãe de levá-la de volta foi repentina, e ele não havia planejado esse acréscimo inesperado à família. Ele só conseguiu reservar um almoço para eles, mas como ninguém apareceu no restaurante, ele foi embora.

Usando seu uniforme escolar, com uma mochila no ombro, ao entardecer, costumava passar pelo lado de fora do cercado.

A cada vez, a cabeça de Delfina se virava como um girassol seguindo seu caminho.

Até que um dia, ele atravessou o gramado verde em direção a ela, parou do lado de fora da cerca de ferro do jardim, inclinou-se e olhou para ela, perguntando:

"Você quer vir comigo?"

Naquele ano, Thales tinha dezesseis anos.

As pessoas só sabiam que ela havia sido entregue à Família Dantas para ser criada, mas todos estavam errados em um detalhe.

Não foram Irineu Dantas e sua esposa que a criaram, mas Thales.