Perigoso (Letal - Vol.2) romance Capítulo 27

— Novidades? — perguntou Sore, assim que desci no depósito da casa, no acesso restrito.

— Sem movimentação. — respondeu Mars, ao lado do irmão, Kane.

— A área tá limpa. — acrescentou Kane.

Em baixo da casa havia um labirinto perigoso, aos fundos um incinerador, onde podia-se ouvir o barulho de funcionamento. No último carregamento, fizemos parte do serviço sujo de Dominic, matamos o filho do gângster e era ali onde os negócios realmente aconteciam. O corpo dele queimava, não muito longe dali.

— Muito estranho. Com Dominic aqui, eles tinham que, no mínimo, estar espiando. — comentou Sore, levantando da cadeira e rodeando a sala — Transou com ela. Ela soltou alguma coisa? — me perguntou, como se eu tivesse que foder alguém para obter informação.

— Eu juro que vou te sentar a mão e o filho da puta do teu namorado não vai dá conta… — resmunguei.

— Aê, menos! — Kane depositou uma mão no meu ombro e olhou duro para Sore — É sério? — mas ela apenas deu de ombros.

— Vamos combinar. Toda essa bagunça que o Dominic fez pra fugir com ela está nos afetando! Já pensaram na possibilidade dela saber alguma coisa? — ela me olhou — Não responde, eu preciso de alguém que não esteja com o saco pensando nela.

— A garota é inocente — Mars interveio —, ficamos próximos o suficiente pra ter certeza.

— Ótimo, então… — Kane tomou a frente, mas um chamado na linha de acesso o fez parar.

Sobre a mesa de Sore havia uma recepção eletrônica que piscava com a luz vermelha e tilintava de forma apressada, ela nos olhou com cuidado, se colocou na frente e apertou o botão.

— Pode falar. — soltou o comando.

— Senhora, a senhorita Érina e a bebê, foram levadas! — era a voz da enfermeira de companhia.

Não esperei nenhuma reação, virei as costas, mas antes de atravessar a porta, Kane me segurou, me obrigou a olhar para trás e me fez olhá-lo.

— Irmão, a irmandade está quebrada. É meio óbvio o que aconteceu agora, não é? — Cerrei os dentes, olhei em seus olhos e engoli a merda da minha raiva. — O único que tinha acesso livre a algumas redes da casa era Dominic, então nós temos duas saídas. Ele pode ter entregado o acesso para alguém, o que eu duvido muito. Ninguém entrou.

— Ou ele pode ter levado a Érina. — concluiu Mars — E a segunda opção é a mais óbvia.

— Foda-se. Vocês pensam, eu vou atrás. Aquele filho da puta levou a minha filha e eu não vou perder tempo estudando teorias! — Eu tentei andar, Kane me segurou, eu soquei a cara dele, prendi o filho da mãe contra a parede, deixei a porra do sangue subir e rosnei, segurando o cara grande pelo colarinho. — Tira as mãos de mim, porra!

— Ele pegou a sua filha pra ter uma zona de escape! — retrucou o negro contido, segurando a sua raiva que eu sabia que estava contendo. Kane não ia levar um soco de graça. — Você vai atirar nele? Vai chegar arransando a porra toda e vai tirar a sua filha, seja lá onde ela está, como? É uma bebê! Pensa!

Mars bateu em meus ombros, me viu pensar por um segundo e com raiva, soltei Kane. Foi quando Sore bateu palmas, reinando no caralho da sua ironia e sorriu desgraçada. Aquela fodida estava me dando nos nervos.

— Adoro o poder que essa mulher tem de fritar a cabeça de todo mundo. — ela revirou os olhos — Ainda bem que eu sou a sua irmã. E, infelizmente, eu vou concordar com o Iron.

— Ficou maluca? — dicionou Kane.

— Liguem o rastreador, ele deve ter pego um dos blindados. No máximo fodeu com o comunicador, mas o façam. Será que vocês não perceberam? Estão indo atrás do Dom, é por isso que ninguém veio atrás de mim ainda. — Eu já devo ter mencionado o quanto minhas estruturas estavam fodidas depois que vi a Pray, depois que voltei a ver Érina? Um fodido vacilão, que deveria ter enterrado o caralho da irmandade num tiro da cabeça dele, ou ter engolido toda essa merda que eu virei e dado a porra das costas, levando minha filha e deixando o resto para trás. Mas não, eu estava lá, me sentindo acabado por dentro, queimando de raiva. — Ele traiu os dois lados, e Dom ferrou com eles direitinho. E estando com a sua mulher e a sua filha, ele tem uma negociação pra fazer.

— Ele não faria isso com ela, não com a Pray. — interveio Mars — Ele traiu os dois lados, isso significa que ele sabia que ….

— Estavam atrás da Érina e da Pray, ela foi vista com Iron desde o baile. — concluiu Kane — E o filho da puta achou que ia arrasar fazendo essa merda sozinho. Já sabem quem é o cabeça e foram atrás da gente que os caras vieram, precisam da sua filha pra conseguir te atingir.

— Atinja o seu inimigo pelo lado mais fraco. — Sore riu — E o idiota do Dominic ainda vai conseguir ser o herói no final das contas…

— Ótimo, nunca deixei de ocupar o posto de vilão. Não vou mudar essa merda agora. — dei as costas, os caras vieram atrás de mim e Sore colocou algumas comunicações em ação — Eu quero tentar falar com ele. — pedi ao Kane.

— Vai ser impossível, é o Dom. Ele pode ter detonado os comunicadores para interferir na localização.

— Ele levou a minha filha. — contei sério — Não vão localizar ele, vão localizar ela. E Kane, você não sai da cola da Sore, entendeu? — Eu acionei a entrada do elevador, dei um passo adiante e entrei na caixa metálica. Ele ficou parado e concordou. Minha preocupação era óbvia.

— Você não precisa atirar nele. Sabe disso, não é? — Kane tentou.

— Eu não vou atirar porque preciso, vou atirar porque eu quero. — Ele não respondeu, apenas concordou e bateu continência. — Até breve, senhor.

A porta fechou e aquela merda me deu calafrios. Dom era meu subordinado, em épocas que a bandeira americana era o maior orgulho de um homem patriota…

— Eu sinto muito. — Mars apenas respondeu, ao ver a porra do meu silêncio.

(…)

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