No Hospital Eden, do lado de fora da UTI, Myra encarava o telefone nas mãos enquanto apagava, uma a uma, as mensagens de Robin. Em seguida, começou a deletar as chamadas perdidas.
Eram dezenas.
— Essa cuidadora realmente não sabe o que é limite... — murmurou irritada.
Quando estava prestes a apagar a última ligação, uma voz fria e cortante soou atrás dela.
— Quem te deu permissão para mexer no meu celular?
A mão de Myra estremeceu, e ela não conseguiu concluir a ação. Antes que pudesse reagir, Edward já havia tomado o telefone de volta.
— E-Edward — gaguejou, com uma expressão nervosa. — O Sr. Walton precisou sair por questões de trabalho e me pediu para segurar o seu celular até você sair do banheiro...
Na noite anterior, Bryce Crawford, seu pai, sofreu um derrame repentino. Desesperada, ela implorou a ajuda de Edward antes que ele deixasse o escritório.
Apesar dos anos de afastamento, Edward ainda se lembrava da generosidade de Bryce ao acolhê-lo em sua juventude. Por isso, passou a noite no hospital, cuidando dos arranjos e garantindo o atendimento médico ideal.
Enquanto ele se ausentava por um breve momento, Myra cedeu à curiosidade e desbloqueou o aparelho — Edward nunca colocava senha — e logo viu a enxurrada de mensagens de Robin.
Não esperava ser flagrada.
Ignorando a desculpa dela, Edward checou o registro de chamadas. Sua expressão se fechou ao ver o nome de Robin repetidamente no topo da lista.
Tinha ficado tão concentrado em garantir o tratamento de Bryce que se esqueceu completamente de avisar Robin sobre a mudança de planos.
Ela ligou apenas uma vez, talvez sem querer incomodá-lo. E ele... não deu sinal algum.
Com um suspiro, seguiu em direção ao elevador.
— Espere, Edward! Para onde você vai? — Myra correu atrás dele. — Meu pai ainda não acordou. Não quero ficar sozinha aqui...
Ela realmente não achava que ele fosse sair naquele momento, depois de passar tanto tempo ao seu lado.
Edward parou, mas não se virou.
— Os médicos aqui são profissionais. O Sr. Crawford está em boas mãos.
— Mas...
— E mais uma coisa — interrompeu com frieza —, fuçar no telefone do seu chefe não é parte das funções de uma secretária. Esse tipo de privilégio é reservado para minha esposa, não para você. Lembre-se disso.
O rosto de Myra empalideceu.
— Eu... eu só vi que sua cuidadora estava ligando, achei que...
— Você mandou ela parar de me incomodar? — Edward a encarou. — Myra, vamos deixar algo claro. Estou aqui por causa do seu pai. Não vou aceitar mais insinuações suas.
Com os olhos marejados, ela balbuciou:
— Você está defendendo uma cuidadora ao invés de mim? Depois de tudo o que passamos juntos? Eu não significo mais nada?
O olhar de Edward continuou impassível.
— Isso não tem a ver com ninguém. Hoje, você passou dos limites.
Sem esperar resposta, ele virou-se e se afastou, deixando Myra pálida de raiva e humilhação.
Enxugando as lágrimas, uma dúvida começou a crescer dentro dela.
Por que uma cuidadora enviaria tantas mensagens ao seu patrão? E por que Edward reagiria daquela forma, como se estivesse protegendo Robin?
— Sim — respondeu Robin, com leveza. — Ela disse que você estava ocupado. Então parei de ligar. Não queria atrapalhar.
Os olhos de Edward se estreitaram.
— E você não quis perguntar nada sobre o que ela disse?
Ele não ouviu toda a conversa entre elas, mas a última frase bastava para gerar dúvidas.
Robin tinha sentimentos por ele. Ouvir Myra falar daquele jeito enquanto segurava seu celular... era impossível não doer.
Sem tirar os olhos da sopa, Robin respondeu com simplicidade:
— O que havia para perguntar? A Sra. Crawford estava certa. Eu não deveria ter te incomodado em um momento como aquele.
Edward soltou uma risada fria e zombeteira.
— Entendi. Que bom que você sabe que é um incômodo. Achei que fosse tão burra que só sabia fazer coisas irritantes.
A concha tremeu em sua mão. O rosto de Robin empalideceu sob o vapor que subia da panela.
— Me desculpe por ter incomodado. Não voltarei a te ligar. E, caso precise, farei questão de enviar um pedido formal antes, para não atrapalhar seus bons momentos — disse, com voz baixa.
O olhar de Edward escureceu.
— Ótimo!
Sem mais uma palavra, virou-se e saiu da cozinha.
Pouco depois, a porta da frente se fechou com um estrondo seco.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Casada em Segredo com o Herdeiro
O livro e ótimo, só que fiz que e gratuito mais agora estão cobrando, antes não era assim, pq mudou??...