Cativa do Sheik Eu estou devolvendo a sua liberdade.

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A noite foi terrível. Não consegui dormir direito. Passei as horas observando Raed dormindo. Acho lindo a forma como ele segura o travesseiro. Fico reparando em suas pestanas e como elas são perfeitas, compridas. A luz do luar banhando o corpo dele, revelando seus braços fortes e poderosos, suas costas largas, musculosas.

Quando eu estou quase pegando no sono, ele se mexe e seus braços me procuraram para um abraço. Aconchegada a eles eu fecho os olhos e finalmente consigo dormir.

Acordo dez para às oito. Raed ainda dorme. Os minutos passam. Aos poucos Raed começa a abrir os olhos e logo eles procuram meus olhos.

—Sabāha l-ḫair (Bom dia). —Eu digo, com um leve sorriso.

Raed me dá um sorriso fraco e me puxa para os seus braços.

— Sabāha l-ḫair. Allah! Como eu dormi!

Ele me afasta e me olha.

—Sim, desde ontem à tarde. —Digo.

—E você? Deitou-se cedo ontem? Você parece abatida.

Eu enceno um sorriso.

—Demorei para pegar no sono. Depois que você dormiu, fui até a sala de música e brinquei de tocar piano. Depois jantei, dei um tempo lá fora no jardim, e lá pelas dez horas eu me deitei, mas ainda assim foi difícil pegar no sono.

Ele me beija carinhosamente. Aperto os olhos e os mantenho fechados, um sentimento contraditório aos meus pensamentos de deixá-lo me assalta, mas eu o rejeito.

Quando nos afastamos ele me fala, passando a mão nos meus cabelos.

—Hoje vou tentar marcar uma consulta para você com uma médica conhecida da família. Ela é obstetra. Se eu conseguir, eu te ligo e então mandarei o motorista. Ele irá te levar para fazer o exame. Vou avisar Hamira que ela irá com você.

Isso significa que ela sabe da minha condição, talvez saiba até que esse filho é de Zein. Mas do jeito que ela é fiel ao dono, nunca comentou nada comigo.

—Está certo. —Forço um sorriso. Triste pelo que irei fazer.

Ele me dá um beijo demorado na boca, suas mãos são como fogo percorrendo pelo meu corpo, mas eu o paro. Seguro as mãos dele. Não estou me sentindo bem, tanto fisicamente como mentalmente. Raed me olha estranhando meu gesto. Eu nunca neguei nada a ele.

—O que foi? —Ele sussurra ternamente.

—Eu...eu não estou muito bem.

Ele me olha preocupado.

—Está tudo bem com o bebê? Você está sentindo alguma coisa?

—Como sabe, não dormi direito. Acho que é isso. Amanheci indisposta.

Um lindo sorriso terno se abre em sua boca.

—Eu me sinto falho com você, já deveríamos ter feito exames.

Forço um sorriso.

—Você já tem feito muito por mim. —Abro minha boca para confessar que o amo, mas a fecho. Se eu disser, ele pode dizer que me ama de volta, e sairá forçado e isso irá me confundir.

Raed paira sobre mim e me beija com carinho a minha boca. Quando ele se afasta, diz:

—Hoje, sem falta, você irá no médico. Vou ligar para a doutora e pedir urgência.

—Está certo.

—Gostaria de passar o dia junto com você, mas preciso sair. Hoje eles irão tirar a sedação do meu pai, e quero estar ao lado dele quando ele acordar.

—Não se preocupe, habibi.

Raed acena um sim triste e me beija. Nu entra no chuveiro, toma banho enquanto eu fico na cama. Então ele sai e começa a se trocar na minha frente. Meus olhos, como sempre, não deixam de passar pelo seu corpo perfeito em admiração.

Ele se veste rápido. Coloca então o paletó de seu terno negro sob medida. Hoje ele está inteirinho com essa cor, inclusive a camisa e a gravata.

—Quando você chegar, vou pedir para Hamira me ligar, para saber se está tudo bem. — Ele me olha ainda deitada na cama. —Quer que eu peça para trazerem o café aqui para você?

Eu nego.

—Não, já vou me levantar. Quer que eu te acompanhe agora no café?

—Não meu anjo, não tenho tempo para café hoje.

Raed se inclina e me beija. Sai deixando seu perfume e levando meu coração com ele.

—Até a noite.

Dez minutos depois que ele saiu, vou até o closet atrás do meu passaporte. Ele está num lugar secreto, mas não tão secreto assim. A rotina o deixou descuidado, e eu já o observei guardando documentos lá.

Se trata de uma parede falsa, é só apertá-la e ela se abre.

Faço isso, só que me deparo com um grande empecilho, um que eu não contava, atrás dela um cofre.

Allah!

Fungo desanimada.

Data de aniversário dele? Do sheik?

Eu me troco e vou até a sala de jantar pensativa. Tento montar o quebra-cabeça, a partir de lembranças, dos flashbacks na tentativa de adivinhar a senha que pode abrir o cofre.

Geralmente as senhas não são tão visadas.... Então, me surge uma ideia. Agora é torcer para que dê certo. Mas preciso esperar que Raed ligue. Preciso ter paciência.

Hamira surge na sala de jantar.

—Quer mais alguma coisa?

—Não obrigada. Quando Raed ligar para falar o horário da consulta, quero falar com ele.

—Está certo, eu te chamo.

no quarto, arrumando uma bolsa com algumas roupas. Leves para que não dê muito volume. Meu coração dispara quando Hamira bate na

—O príncipe.

—Obrigada Hamira.

falar com ele. Na sala pego o telefone que está fora do gancho. Isso me faz me lembrar que ele age como se eu fosse uma prisioneira. Sem celular, sem extensão no quarto. É esse argumento que irei usar, vou

—Raed?

à tarde a sua consulta. Ficou marcado para a uma hora da tarde. Já falei com Hamira. Ela irá com

preciso de algumas coisas. Preciso de dinheiro.

mudo do outro lado da

que precisa? Eu mando comprar para você.

eu ainda me sinto uma prisioneira. Não tenho liberdade para ir e vir. Nem telefone no quarto eu tenho, nem

—Tudo bem. Quanto você precisa?

Quero passar com Hamira no shopping e comprar roupas de

Ele sorri do outro lado.

—Eu as compro para você.

Eu fungo.

quero poder comprar minhas próprias

funga do outro lado