Cativa do Sheik romance Capítulo 12

Narro tudo para Burak, ocultando algumas impressões e sentimentos até a conversa que tive agora no celular com meu pai....

—Seu pai renunciando ao neto? —Ele então me pergunta.

—Neto? Pelo que vi, ele nem o considera assim. E é a forma dele manobrar tudo para que eu não me case. Ele achou que isso me pararia. É muito tradicionalista, e Camily é o que ele deseja como esposa para mim.

—Ele está sendo muito duro com você.

— Sim. Mas eu já esperava por isso. A criação dele foi muito rígida. Meu avô era muito enérgico. Claro que não veria com bons olhos o fato de eu me casar com Isabela. Mas abrir mão do neto? Isso é novo para mim.

Burak se inclina na minha direção.

—Você não teme que ela descubra que seu pai desistiu da ideia de ficar com o neto?

Minha mão se fecha.

— Sempre há o risco de ela descobrir, mas até lá, eu espero que estejamos mais unidos e ela entenda o que me levou a omitir tudo.

Burak coça a cabeça.

—O que houve com você? Estou surpreso. Você parecia estar gostando de Camily.

Eu rio amargo.

—Eu me sentia como se tivesse com um prêmio de consolação. Mas sempre olhando para trás, com aquele sentimento que eu estava jogando fora o grande prêmio.

—Eu não entendo esse seu sentimento por essa mulher.

Eu solto o ar.

—Eu fui um idiota. Você sabe que sempre trabalhei muito. Achei que eu a esqueceria. Deveria ter me aproximado dela e tentando entender o que eu estava sentindo toda vez que conversávamos. Se você pegar o Notebook do meu escritório, e olhar meu histórico, verá as minhas entradas no perfil dela no Facebook. Eu fazia milhões para o grupo Ibrahim e nos meus momentos de calmaria e silêncio eu entrava lá. Vendo se ela tinha postado algo ou conhecido alguém novo. Mas ela sempre foi discreta, poucas fotos, poucas amizades, e ainda assim como um vício, eu checava sua vida.

—E você continuou distante?

—Aí é que está. Quando eu coloquei no meu coração de procurá-la, meu irmão me ligou me dizendo que estava saindo com ela. Bem, o resto você sabe...

—E agora? Que você a tem nas mãos? Qual é o seu sentimento?

Tamborilei os dedos na mesa num gesto nervoso.

—Eu me sinto pequeno. Diminuto. Gostaria que ela estivesse comigo por livre e espontânea vontade.

—Você está brincado. Amigo! A garota acabou de perder o homem que ela gostava e está grávida dele.

—Allah! Eu sei, mas ela me deixa louco. Preciso tomar cuidado para não me esquecer disso. Preciso ter paciência com ela. Agora o que não posso é deixá-la partir. Eu não conseguiria colocar a cabeça no travesseiro sabendo que ela terá que refazer sua vida com uma criança.

—Raed, é isso mesmo? Você poderia dar a vara para ela e ensiná-la pescar, ao invés de dar o peixe. Comprar um apartamento como seu pai disse, colocar uma babá, dar dinheiro para ela...

Eu respiro fundo com as palavras dele.

—E a criança? Ela precisa de um pai.

Burak respira fundo quando vê a minha determinação.

—É isso mesmo? Ou está se enganando?

—É isso e não vou abrir mão dela dessa vez.

—Você que sabe.

—Por favor, quero total discrição com o que conversamos.

—Claro. Mas você não errou em ter contado a verdade para Camily?

—Sinceramente? Não sei. Não sei o que seria pior.

—Você já marcou a data do seu casamento?

—Não, ainda não.

—E como será o casamento?

—Simples. Nos casaremos apenas no papel. Nunca fui chegado às tradições mesmo. Sempre fiz o que quis.

—É, amigo, somos as ovelhas negras das nossas famílias.

Assinto com um sorriso. Burak também, para desgosto de seus pais, se casou com uma estrangeira, uma americana.

—Por que você acha que nossa amizade perdurou? Você me entende e eu te entendo.

Ele ri.

—Isso é verdade. Bem chefe, preciso trabalhar. Você vai para o escritório?

—Não, vou tirar essa semana para mim.

—Você que sabe, você é o chefe. E...se teu pai perguntar por você?

—Ele não vai perguntar por mim.

—Está certo então.

—Foi bom conversar com você, meu amigo. Eu me sinto bem melhor.

—Fico feliz. —Ele diz sorrindo.

—Vou precisar de testemunhas para o casamento. Gostaria que você fosse e levasse sua esposa. Eu aviso a data.

—Pode contar comigo.

Pouco tempo depois entro na sala e me deparo com Isabela. Ela está distraída com um livro nas mãos. Passo os olhos pelos cabelos de fogo que emolduram seu belo rosto. Estes que sempre me fascinaram estão mais compridos, eles passam um pouco de seus ombros.

Isabela Saladino é a mais pura perfeição e agora ela é minha noiva. Uma combinação estonteante de inteligência, ousadia, força e vulnerabilidade. Uma combinação que me enfeitiçou.

Passo os olhos pela estrutura delicada de sua linda figura. Ela está vestindo uma saia preta com uma blusa branca. Posso ver só um pouco da lateral de suas pernas.

Hum, sua pele parece lisa e macia ao toque.

Uma descruzada de pernas foi o suficiente para aumentar meus batimentos cardíacos a níveis perigosos. Minha respiração se agita. Ela então respira fundo e ergue a cabeça. Seus olhos verdes encontram os meus e eu suavizo meu olhar, tento não a olhar como se estivéssemos sozinhos em um quarto.

—Tudo bem?

Embora pálida, fica ereta, o queixo erguido.

—Seu pai esteve aqui.

Ela observa o meu peito arfar enquanto sinto um nó desconfortável na garganta.

—Aqui? —Procuro camuflar o nervosismo na minha voz.

Calada, mantém seus olhos verdes com aquele estreitamento desafiador.

Allah! Eu deveria ter imaginado. Claro que ele a procuraria.

Eu caminho até ela, minhas pernas quase não me sustentam, estou muito nervoso. Sento-me ao seu lado. Ela está muito tranquila me dizendo isso.

Ele lhe contou sobre a sua decisão? Que a deixará partir sem exigências nenhuma?

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