O jatinho, parte da frota real das organizações Ibrahim, decola, Isabela de frente para mim me olha apreensiva. Eu sorrio para ela passando confiança. Observo seu peito arfar e apesar de ela permanecer calada, ela me olha com aquele estreitamento desafiador.
Sim, ela é grata por eu livrar das garras do meu pai, mas é muito claro seu desapontamento. Ela ainda não aprova o fato de estar nas minhas mãos. Preciso trabalhar isso. Ela precisa se sentir tão bem comigo que nem se lembre que é cativa.
—Quer comer algo? Beber algo? —Pergunto para ela acenando para o comissário de bordo.
—Sim, eu estou com sede.
Eu fungo.
—Por que não me disse? Quero que se sinta à vontade comigo?
Ela não me responde e eu volto minha atenção para o comissário.
—Pode servir o café, sucos e tudo que tiver.
Ele acena e vai até uma pequena cozinha. Isabela está com seus olhos voltados para a janela. Franzo o meu cenho, frustrado com esse ar de frieza que sempre existiu entre nós. Como dois estranhos.
Sim, mas eu sei que por trás dessa aparência controlada, há um lado passional. Se não fosse assim, ela não teria caído na lábia do meu irmão.
Allah! Imaginar que Zein a teve é difícil de aceitar.
Mantive o olhar fixo; impossível desviá-lo dela.
O vestido azul claro com branco acentua a pele alva, o cabelo vermelho comprido, o pescoço longo e os traços delicados.
Deslumbrante.
Quando tudo foi distribuído na mesa eu solto meu cinto. E me levanto. Ela finalmente olha para mim.
—Vem, vamos comer alguma coisa? —Estendo minha mão e a convido.
Ela solta o cinto e com relutância pega a minha mão, mas logo a solta. Então, nós nos sentamos nas poltronas confortáveis de couro branco.
Isabela
Observo a aparência controlada de Raed.
Sentada assim com ele, não consigo me livrar de um frio na barriga. Observo seu lindo rosto, sempre com suas emoções controladas. Nunca imaginei que ele um dia olharia para mim, e agora eu me pergunto como um homem desses pode estar aqui, sentado comigo contra à vontade de seu pai?
— E então, o que está achando dessa minha decisão de passarmos os dias na Itália?
Eu pisco.
—Esse sentimento vai se perder aos poucos. Você só precisa relaxar e aceitar seu destino.
Não digo nada. Adianta?
Desvio meus olhos dele e olho para a janela, onde vejo as nuvens um pouco abaixo de nós, estamos voando sobre elas. Sou invadida pelo remorso. Entreguei-me ao homem errado. Eu o amava, não amava? Ou estava num momento de carência de afeto e aplaquei com ele a solidão que eu vivia?
Sempre tinha sido tão séria...
Quando me vejo estou chorando. As lágrimas começam a cair como cascata, meu peito está sufocado, minha garganta arde. Passo a mão no rosto numa tentativa em vão de enxugá-las.
—Isabela, olha para mim.
Eu demoro um pouco para me recuperar, enfim o encaro, nossos olhos se conectam pelo que parece uma eternidade. Respiro fundo.
— Estou bem.
—Está bem? Você estava chorando. —Ele diz de um jeito irritado.
—Estou bem. —Repito.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Cativa do Sheik
➡️ São 2 EXTREMOS OPOSTOS... 🌎 No Ocidente as pessoas dizem se casar pelo "sentimento" amor, mas na verdade se casam por paixão, pois o amor verdadeiro não é um sentimento e sim uma AÇÃO ativa e comprometida... Aí obviamente os casamentos não duram, pois as pessoas se divorciam por tudo e por nada, basta um novo interesse pessoal surgir, alguém mais interessante aparecer, uma nova paixão começar, o tédio se manifestar... Tudo depende dos interesses pessoais, não há comprometimento real na maioria dos relacionamentos, apenas desejo fugaz... 🌏 Já no Oriente árabe as pessoas se casam meramente por convenções e conveniências, por interesses familiares, sociais, financeiros ou político-religiosos. E há poucos casos de divórcio, mas não porque os casais são comprometidos e felizes, mas sim porque os homens geralmente não querem romper com o que foi convenientemente estabelecido e as mulheres não tem direito de escolha. Ou seja: se é obrigado a suportar a união mesmo que seja tóxica. Além disso, o homem tem a opção de assumir a amante como segunda esposa, impondo-a para a esposa legítima, que não tem poder de negar. Assim é muito fácil dizer que poucos casais se separam... São dois extremos, ambos negativos, ambos com resultados nefastos......
😒 Aff, já começou a apelação... Do nada, sem qualquer lógica, as pessoas começam a agir como cães no cio nesses livros, como se fossem adolescentes sem cérebro conduzidos pelos hormônios e não adultos maduros com sendo crítico e objetivos além do desejos carnais... Nesse contexto árabe, então, fica tudo ainda mais surreal, como se fossem atores ocidentais fingindo ser personagens árabes caricatos num teatrinho de escola... Tudo muito forçado, tudo muito inverossímil, tudo muito superficial e fútil... Puramente com o objetivo de inserir sexo e tensão sexual na estória, mesmo que nem caiba... 🙄 O QUE VOCÊ ACHA QUE JANE AUSTEN DIRIA SOBRE O GÊNERO ROMANCE DE HOJE EM DIA? "Acho que ela ficaria chocada com o que pode ser escrito e publicado em um livro hoje em dia [... ]. Imagino que ela desejaria histórias de amor mais elevadas e menos focadas no carnal, como nos romances de hoje". (Julianne Donaldson, autora premiada de Edenbrooke)....
* Uai, mas que homem sério e decente gosta de mulher fácil? E que homem (decente ou não) valoriza uma mulher dessa, que não se valoriza? Ninguém que se preze - homem ou mulher - valoriza gente fácil. Os que não valem nada e só estão a fim de tirar proveito podem até gostar pela facilidade de uso, mas valorizar? Só se for pra rir... Nada que é fácil tem valor na vida, seja bens de consumo ou pessoas. É uma verdade lógica e cientificamente provada, só os tolos não perceberam ainda... 🙄...
Muito bom mesmo esse livro!...
To gostando desse livro... bem leve e interessante....