Eu me visto com meu terno negro, ajeito o nó da minha gravata e adiciono as minhas abotoaduras. Saio do quarto e encontro minha sombra na sala. É assim que vejo Kate. Mas meu olhar não se demora nela e sim na minha acompanhante, Isabela.
Deus, ela está deslumbrante com esse vestido longo vermelho. Seus cabelos castanhos-avermelhados estão presos no alto da cabeça, apenas alguns fios caem na lateral de suas faces.
Ela realmente é impressionante. Seu rosto é um dos mais expressivos que eu já vi. Maças salientes, lábios cheios e olhos cor de esmeraldas. Sinto o baque no meu corpo quando a vejo, ainda bem minhas calças não são justas.
Isabela se vira para mim.
Com um sorriso conquistador vou até ela, mas ela é imune ao meu charme e a frustração se agita dentro de mim e, finalmente admito, eu daria de tudo para tê-la na minha cama. Mas ela só relaxa quando temos que representar. Sempre me olha assim, fria, profissional.
Isso é broxante.
Isabela
Estamos na casa do embaixador. Meu peito se aperta quando sinto o vazio. Já o conheço nas festas que ele deu, não como a convidada principal, mas como a tradutora do Sheik Youssef.
Nunca estive em sua casa antes.
Allah! Cada polegada minha quer voltar no tempo novamente e nunca ter olhado para Zein. E o pior, virei as costas para Raed, sem ao menos conversar com ele.
Limpo uma lágrima furtiva.
Estou ao lado de Luke enquanto ele cumprimenta todos os membros do gabinete. O sorriso dele, a coisa mais perfeita que eu já vi. Mas eu sou imune a isso.
Ele me apresenta como sua namorada a todos. Eu inalo com a mentira. Não me sinto bem com ela.
Os homens me olham com admiração.
As mulheres com interesse e inveja.
Eu deveria ter ficado com minha tia, mesmo vendo a entortada de nariz que ela dava quando começou a se incomodar com a minha estadia em sua casa.
Kate está ao meu lado. Se ela fosse mais nova, acredito que ela investiria em Luke. Ela o olha com fascinação evidente. Mas ela tem seus cinquenta e oito anos e ele trinta, e Luke gosta das ninfetas.
Luke pega meu braço e sai comigo pela sala com sua caminhada confiante, saudando rapidamente aqueles que o cumprimentam. Sua postura e passos são de um homem que sabe o que quer e sabe que ele é o centro de atenção de todos, principalmente das mulheres. Nem o próprio embaixador que está dando a festa tem esse magnetismo todo.
—Embaixador, quero te apresentar, Isabela.
O Senhor muito bem-vestido de cabelos grisalhos sorri para mim.
—Eu a conheço. Você não é a árabe tradutora do Sheik Youssef?
—Sim. Eu mesma.
Luke sorri com a lembrança dele e me olha.
—Não poderia ter escolhido melhor pessoa Luke. Raed, o príncipe nunca poupou elogios a seu trabalho.
O tocar no nome de Raed foi como um golpe certeiro no meu coração. Ele pula e depois se agita e agora está apertado dentro do meu peito.
—Obrigada. —Forço um sorriso.
Luke me leva para outro canto da sala e me apresenta a algumas pessoas, eu aceno para elas sabendo que nunca mais as verei. Logo que ele se eleger, vai acabar essa farsa.
Alguém importante chega na festa, pois primeiro cai o silêncio e depois escuto os burburinhos atrás de nós.
Isso me faz lembrar quando o sheik e Raed entravam em cena. Era sempre assim. Os poderosos magnatas do petróleo silenciavam sempre os convidados.
Eu me viro para ver quem é.
Allah!
A voz dele, profunda e firme, cheia de sotaque enche a sala quando ele fala com o embaixador. Fico imediatamente, abalada demais para pensar no que faço agora. Tremula, assombrada e sem saber como reagir a isso, tento controlar meu nervosismo para não desmaiar, mas o ritmo da minha respiração aumenta.
Raed? Arregalo mais meus olhos, incapaz de acreditar no que estou vendo.
Ofego e a convicção que uma catástrofe está para começar me faz me afastar de Luke imediatamente.
O perfil perfeito, a tez morena de um homem do deserto, o porte realçado pela luz forte do lustre de cristal o deixam mais belo. Ele está mais magro, de repente noto.
Sinto-me como se tivesse sido remessada ao passado.
Só que eu mudei.
Não sou mais a mesma quando o olho.
A distância, ter respirado um pouco, me fez enxergar muita coisa.
Ele me olha por um tempo calado. Eu me sinto torturada agora, pois o que pode acontecer é imprevisível. Bem-vestido e confiante, Raed é o retrato do homem bem-sucedido e poderoso. Refinado, gentil, mas hoje ele parece hostil e isso é apavorante. Ele me intimida, mesmo que silenciosamente.
Isso abala o pouco do equilíbrio que eu consegui recuperar no banheiro.
—É, você sabe escolher um homem que te beneficie. Meu irmão era rico e Ryan Luke Terceiro está dando um grande passo para ser um homem muito influente.
Eu empalideço, encontro minha voz:
—Raed... não é nada disso que está pensando.
—Não? Quando foi embora, cogitei muitas coisas que pudessem tê-la feito me deixar, mas nunca, nunca imaginei que no fundo eu lidava com uma mulher interesseira. Claro que Luke é o tipo de cara que você gosta. Pode se vestir assim, com roupas provocantes, ser admirada, ser invejada e além de tudo rica.
—Raed. —Eu o toco no braço.
Ele puxa seu braço, se desvencilhando de mim.
— Realmente você sabe o que quer. E chega lá.
—Pare! Deixe-me explicar. —Digo entredentes.
—Não, não quero ouvir. E sabe de uma coisa? Eu te entendo. O tempo todo eu forcei uma situação. Te fiz viajar quando meu pai planejava deixá-la livre, desistindo do neto. E mesmo assim, o idiota aqui, agarrou essa chance para te conquistar, para te dar um lar, para você e a criança. Por ela? Não! Por amor a você.
Eu fico pálida ao ouvir as palavras dele, não consigo balbuciar um “A”
—E você me trocou por um homem que troca de mulher como de roupa. Espero que ele te assuma realmente. Um conselho, não engravide, não sei se ele teria a hombridade de se casar com você. Sabia que ele tem uma filha, e ele a deixou e conseguiu a guarda da criança? A garota morreu, provavelmente de desgosto.
—Raed, não vá! Por favor! —Seguro o braço dele, chorando.
Luke surge ao meu lado.
—Isabela, meu anjo, você demorou.
—Ela é toda sua. —Raed diz e sai caminhando normalmente. Logo é cercado por algumas pessoas, inclusive o embaixador.
Luke vê as minhas lágrimas e me abraça. Ele é perfumado, mas não é o cheiro de Raed, isso me faz chorar mais. Ele começa a dançar comigo, agora que noto a música no ambiente.
—Se acalme, continua assim com a cabeça enfiada no meu peito, todos os olhos estão sobre nós.
Flashes também, penso quando vejo as luzes voando sobre nós.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Cativa do Sheik
➡️ São 2 EXTREMOS OPOSTOS... 🌎 No Ocidente as pessoas dizem se casar pelo "sentimento" amor, mas na verdade se casam por paixão, pois o amor verdadeiro não é um sentimento e sim uma AÇÃO ativa e comprometida... Aí obviamente os casamentos não duram, pois as pessoas se divorciam por tudo e por nada, basta um novo interesse pessoal surgir, alguém mais interessante aparecer, uma nova paixão começar, o tédio se manifestar... Tudo depende dos interesses pessoais, não há comprometimento real na maioria dos relacionamentos, apenas desejo fugaz... 🌏 Já no Oriente árabe as pessoas se casam meramente por convenções e conveniências, por interesses familiares, sociais, financeiros ou político-religiosos. E há poucos casos de divórcio, mas não porque os casais são comprometidos e felizes, mas sim porque os homens geralmente não querem romper com o que foi convenientemente estabelecido e as mulheres não tem direito de escolha. Ou seja: se é obrigado a suportar a união mesmo que seja tóxica. Além disso, o homem tem a opção de assumir a amante como segunda esposa, impondo-a para a esposa legítima, que não tem poder de negar. Assim é muito fácil dizer que poucos casais se separam... São dois extremos, ambos negativos, ambos com resultados nefastos......
😒 Aff, já começou a apelação... Do nada, sem qualquer lógica, as pessoas começam a agir como cães no cio nesses livros, como se fossem adolescentes sem cérebro conduzidos pelos hormônios e não adultos maduros com sendo crítico e objetivos além do desejos carnais... Nesse contexto árabe, então, fica tudo ainda mais surreal, como se fossem atores ocidentais fingindo ser personagens árabes caricatos num teatrinho de escola... Tudo muito forçado, tudo muito inverossímil, tudo muito superficial e fútil... Puramente com o objetivo de inserir sexo e tensão sexual na estória, mesmo que nem caiba... 🙄 O QUE VOCÊ ACHA QUE JANE AUSTEN DIRIA SOBRE O GÊNERO ROMANCE DE HOJE EM DIA? "Acho que ela ficaria chocada com o que pode ser escrito e publicado em um livro hoje em dia [... ]. Imagino que ela desejaria histórias de amor mais elevadas e menos focadas no carnal, como nos romances de hoje". (Julianne Donaldson, autora premiada de Edenbrooke)....
* Uai, mas que homem sério e decente gosta de mulher fácil? E que homem (decente ou não) valoriza uma mulher dessa, que não se valoriza? Ninguém que se preze - homem ou mulher - valoriza gente fácil. Os que não valem nada e só estão a fim de tirar proveito podem até gostar pela facilidade de uso, mas valorizar? Só se for pra rir... Nada que é fácil tem valor na vida, seja bens de consumo ou pessoas. É uma verdade lógica e cientificamente provada, só os tolos não perceberam ainda... 🙄...
Muito bom mesmo esse livro!...
To gostando desse livro... bem leve e interessante....