Os guerreiros voltaram e nos informaram que esta era a primeira vez que nenhum macho fora mandado para casa. Também nos disseram que havia mais mulheres do que homens na caçada deste ano e, por isso, uma lista de nomes tinha sido anexada na porta informando quais de nós deveriam voltar para casa. Embora seja incomum, não é impossível que a fêmea seja mais velha que o macho, o que, nesse caso, seria no máximo um ano. E, mesmo que a fêmea seja mais velha que seu companheiro, a atração é tão forte que ela não consegue rejeitá-lo. É preciso muita força de vontade para rejeitar um companheiro. E se você o fizer, sentirá como se estivesse rejeitando a outra metade de sua alma e, por isso, mesmo que você escolha outro companheiro, nunca estará satisfeita. Não tenho certeza se tenho essa força de vontade em mim, então tudo que quero é deixar este lugar.
Assim que o portão do bunker se abre, corro até a lista, rezando para que meu nome esteja lá, perscruto cada linha pelo que parecem horas, mas não o encontro em lugar algum. A sorte definitivamente não está ao meu lado. Bufo de irritação e vejo Emília fazendo o mesmo, também desesperada para deixar este inferno. Porém, depois de se certificar de que nosso nome não está na lista, ela me puxa e nos sentamos perto da entrada do bunker. Ficamos lá sentadas em silêncio por alguns momentos sem fazer nada além de olhar em uma direção desconhecida por Deus sabe quanto tempo. Minha mente está entorpecida pensando em todas as formas possíveis de fugir deste lugar. Não estou pronta para me submeter ao meu companheiro, preciso de mais alguns anos de vida independente. Estar acasalado com alguém significa que, se o seu parceiro te aceitar, ele irá amá-la e fazê-la se sentir querida pelo resto da vida, mas também significa que você deverá ser aquele alguém para sempre. Será obrigada a fazer tarefas domésticas ou cuidar de crianças. Eu até quero tudo isso, mas ainda não me sinto pronta para essas responsabilidades. Não consigo pensar em outra coisa além do que vai acontecer esta noite.
Vemos umas garotas saindo pela porta. Muitas estão chorando e outras parecem perdidas, mas é difícil dizer se são lágrimas de alegria, alívio ou decepção. Se estão desapontadas, quero sacudi-las e gritar a sorte que têm, quero dizer que dou meu companheiro de presente, pois ficaria feliz em trocar de lugar com elas, mas um olhar duro de Emília me diz para ficar quieta. Observo as garotas que ficaram na sala e vejo que Maria ainda está presente. Para minha surpresa, ela está falando com algumas filhas de guerreiros de baixo escalão e Ômegas, e eu achava que ela não seria o tipo de pessoa que se misturaria com ninguém além de Alfas, Betas ou guerreiros de alto escalão. Talvez eu a tenha julgado rápido demais, e ela não seja uma pessoa ruim, apenas um pouco louca.
Tento ouvir a conversa delas, mas não consigo por causa do eco e dos ruídos de fora e de dentro do bunker. Então, volto minha atenção para minha nova amiga Emília, que está balançando os joelhos e roendo as unhas como um sinal claro de nervosismo (ou medo). Coloco minha mão no joelho dela e tento desviar o foco da atenção.
"Ei, o que você tem?"
Eu adiciono a última parte apenas para fazê-la rir, porque eu também preciso dar um pouco de risada e participar de uma conversa fiada para manter a mente vagando e afastar meus próprios pensamentos negativos. Conversamos mais um pouco e começo a vê-la se acalmando e relaxando e, no final, prometemos nos encontrarmos antes que o festival termine.
Emília está relaxada agora, mas eu não, estou sorrindo por fora, mas minha mente está um caos. Só vou relaxar quando todo esse drama acabar.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Conquistei o Coração da Minha Luna