10 de janeiro de 2020. 21hs.
O Aeroporto Internacional Nice Fly de San Dimas realizava centenas de voos diariamente e vivia lotado. Mesmo fora de feriados e finais de semana, o lugar estava sempre abarrotado, pois compreendia um gigantesco complexo de lazer, recebendo de estudantes a turistas vinte e quatro horas por dia.
Isadora e seus amigos estavam em uma das centenas de mesas da enorme praça de alimentação. A área, coberta por um majestoso e singular teto de vidro e ostentando diversas árvores floridas em um estonteante jardim bem cuidado e organizado, também abrigava dezenas de lanchonetes, restaurantes e pizzarias.
—Então… – comentara Isa, fitando os amigos à mesa enquanto lambuzava um palito de batata frita no molho de ketchup – Me sinto triste em dizer isso, mas acho que chegou a hora de nos despedirmos. Em algumas horas, alguns de nós desembarcarão em outras terras, onde uma nova vida começa e a vida continua. E não dá mais pra fugir desse momento.
Todos os amigos à mesa encaravam a nerd em silêncio. O olhar triste de Isa por trás das lentes dos óculos tinha grandes justificativas. Para um grupo que se reunia quase sempre em fins de semana, aquela era uma drástica mudança na rotina. Para Isadora, Katie e Leonard era o fim de um ciclo que compreendia boa parte das vidas do trio.
Lori, sentada bem ao lado de Isadora, esticara a mão e segurara a da mulata sobre a mesa. A nerd não usava anéis e não deixava as unhas longas, afinal, a maior parte do tempo estava digitando em um teclado diante da telinha. Por outro lado, Lorena tinha unhas bem feitas e pintadas com diversas cores.
—Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas não precisamos deixar de nos falar apenas porque estaremos geograficamente longe – dissera a menina loira de cabelos curtos – Ainda existem as redes sociais, diversas delas, vamos nos manter em contato, todos nós.
Ashley e Lorena haviam conhecido Isa e Katie através de Leonard. A morena de olhos verdes e a loira mantinham um namoro em segredo e o rapaz, ao saber do caso por Ash, passara a ajudar as duas, as convidando para sair a fim de que pudessem se encontrar sem levantar suspeitas. Embora as famílias de Ash e Lori fossem conservadoras, nunca tinham mostrado rejeição ao gay, respeitado pelos estudos no Delphine’s e por seu talento com arte.
À mesa estavam Isadora, Katherine, Leonard e Josh, que haviam trabalhado juntos nos últimos meses desenvolvendo o projeto de segurança para o TCC. A convite do artista plástico, Ash e Lori tinham vindo para se despedir do grupo, trazendo Anna com elas.
—Lori tem razão – emendara Ashley. Todos paravam para admirar quando a linda morena de cabelos longos e olhos verdes falava, sobretudo, Lori, que era completamente apaixonada por ela – Temos celulares via satélite, podemos nos falar por áudio e vídeo a qualquer momento que estejam disponíveis. Sabemos que Harvard não vai deixar muito tempo sobrando, mas mesmo que seja uma vez por semana, por cinco minutos, podemos nos ver. Vamos estar longe, mas só iremos nos afastar realmente se deixarmos acontecer.
Leonard erguera um copo com suco, oferecendo um brinde à afirmação.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contos Eróticos: O Ponto I