Contos Eróticos: O Ponto I romance Capítulo 138

10 de janeiro de 2020. 21hs.

O Aeroporto Internacional Nice Fly de San Dimas realizava centenas de voos diariamente e vivia lotado. Mesmo fora de feriados e finais de semana, o lugar estava sempre abarrotado, pois compreendia um gigantesco complexo de lazer, recebendo de estudantes a turistas vinte e quatro horas por dia.

Isadora e seus amigos estavam em uma das centenas de mesas da enorme praça de alimentação. A área, coberta por um majestoso e singular teto de vidro e ostentando diversas árvores floridas em um estonteante jardim bem cuidado e organizado, também abrigava dezenas de lanchonetes, restaurantes e pizzarias.

—Então… – comentara Isa, fitando os amigos à mesa enquanto lambuzava um palito de batata frita no molho de ketchup – Me sinto triste em dizer isso, mas acho que chegou a hora de nos despedirmos. Em algumas horas, alguns de nós desembarcarão em outras terras, onde uma nova vida começa e a vida continua. E não dá mais pra fugir desse momento.

Todos os amigos à mesa encaravam a nerd em silêncio. O olhar triste de Isa por trás das lentes dos óculos tinha grandes justificativas. Para um grupo que se reunia quase sempre em fins de semana, aquela era uma drástica mudança na rotina. Para Isadora, Katie e Leonard era o fim de um ciclo que compreendia boa parte das vidas do trio.

Lori, sentada bem ao lado de Isadora, esticara a mão e segurara a da mulata sobre a mesa. A nerd não usava anéis e não deixava as unhas longas, afinal, a maior parte do tempo estava digitando em um teclado diante da telinha. Por outro lado, Lorena tinha unhas bem feitas e pintadas com diversas cores.

—Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas não precisamos deixar de nos falar apenas porque estaremos geograficamente longe – dissera a menina loira de cabelos curtos – Ainda existem as redes sociais, diversas delas, vamos nos manter em contato, todos nós.

Ashley e Lorena haviam conhecido Isa e Katie através de Leonard. A morena de olhos verdes e a loira mantinham um namoro em segredo e o rapaz, ao saber do caso por Ash, passara a ajudar as duas, as convidando para sair a fim de que pudessem se encontrar sem levantar suspeitas. Embora as famílias de Ash e Lori fossem conservadoras, nunca tinham mostrado rejeição ao gay, respeitado pelos estudos no Delphine’s e por seu talento com arte.

À mesa estavam Isadora, Katherine, Leonard e Josh, que haviam trabalhado juntos nos últimos meses desenvolvendo o projeto de segurança para o TCC. A convite do artista plástico, Ash e Lori tinham vindo para se despedir do grupo, trazendo Anna com elas.

—Lori tem razão – emendara Ashley. Todos paravam para admirar quando a linda morena de cabelos longos e olhos verdes falava, sobretudo, Lori, que era completamente apaixonada por ela – Temos celulares via satélite, podemos nos falar por áudio e vídeo a qualquer momento que estejam disponíveis. Sabemos que Harvard não vai deixar muito tempo sobrando, mas mesmo que seja uma vez por semana, por cinco minutos, podemos nos ver. Vamos estar longe, mas só iremos nos afastar realmente se deixarmos acontecer.

Leonard erguera um copo com suco, oferecendo um brinde à afirmação.

—Concordo com minhas princesas – dissera se referindo às duas garotas – Nos encontramos aqui para nos despedirmos, mas não vamos transformar isso em um funeral. Farei questão de compartilhar cada passo enquanto estivermos longe. Irei as deixar à par de tudo em meus passeios, digo, trabalhos pela Itália. E no final do ano, daremos um jeitinho de vir nos encontrar, mesmo que seja por apenas uma noite. Isso é uma promessa.

—Prometo que virei, nem que precise fretar um jatinho – respondera Isadora e todos riram diante da humildade – Meus pais decidiram comprar uma casa em Washington. Mamãe vai abrir um escritório de assessoria para moda por lá e vai poder ficar mais tempo com papai, agora que vou estar longe. Mas combinamos de vir aqui na cidade ao menos uma vez ao ano. Nossas melhores lembranças estão aqui, é impossível nos desapegarmos completamente. Vai ser a deixa para que possa reencontrar todos vocês.

—Como Josh está indo para a Inglaterra em um jatinho particular essa noite e se ofereceu para fazer uma escala onde vou ficar, irei aproveitar a carona. Não é todo dia que podemos desfrutar da primeira classe da realeza… – rira Leon.

Joshua, que estava sentado bem ao lado do rapaz, sorvera de outro gole da cerveja que bebia e colocara a garrafa na mesa encarando a todos que o fitavam como se fosse um alienígena. Os cabelos loiros ainda estavam molhados pelo banho de pouco tempo atrás e usava uma camisa negra com estampa da banda Red Hot Chilli Peppers. O corpo definido se destacava sob o tecido e mesmo as garotas que curtiam garotas o admiravam.

—Não faço parte da realeza – explicara, tentando convencer a todos de que dizia a verdade – O jatinho foi um agrado de meu pai, fazendo de tudo para que eu concorde em ficar por lá. Ainda não me decidi, mas confesso que quero saber como são as coisas com meus irmãos. Talvez eu fique, talvez não. Mas prometo que voltarei para ver vocês quando forem se encontrar.

—É verdade que eles têm um castelo? – indagara Annabelle com um largo sorriso nos lábios e os olhos negros brilhando.

Todos ficaram em silêncio, igualmente curiosos aguardando pela resposta. O rapaz sabia que não sairia daquela situação sem dizer o que todos queriam ouvir, a verdade mascarada por lendas.

—A família de meu pai tem posse sobre um castelo há algumas gerações – explicara o sujeito – Dizem que levou quase vinte anos para ser construído e fica próximo à uma encosta na propriedade principal. Não perguntem como é porque nunca estive lá pessoalmente, apenas vi as dependências por fotos até hoje.

—Receio que está prestes a conhecer tudo de perto – comentara Annabelle, ainda empolgada – Vou te mandar meu endereço pelo Facebook depois, quero postais, fotos, tudo que puder me mostrar. Queria muito conhecer algo assim.

—Posso enviar postais e fotos, mas ainda nem sei se ficarei por lá – dissera Josh, nem um pouco empolgado com o que dizia – Além disso, se aceitar a tarefa que meu pai propõe, passarei a maior parte do tempo viajando. Não vai ser como em um conto de fadas. Os filhos da família Stormfield vivem apenas para estudar e trabalhar antes de conseguirem um casamento com a aprovação do Lorde.

—Você tira toda a graça da fantasia na cabeça das meninas – rira Leonard.

—De fato – concordara Isa, fazendo biquinho nos lábios para sugar o suco de laranja que tinha diante de si pelo canudinho.

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