—Desembucha, mulher – resmungara Dionísio com os braços cruzados ao lado da ruiva – Se continuar com esse suspense acabará infartando alguém.
—Optei por indicar alguém para a guilda, um novo membro – respondera Isa na voz de Lilith – Ela tem menos tempo de jogo que a maioria de vocês, mas já tem muita experiência e um grande potencial. Acho injusto que eu escolha entre um de vocês, amigos honrados de longa data, para esse posto nesse momento. Ao invés disso, quero que esse novo membro assuma a liderança. A vocês cabe a função de a educar, a treinar, a ensinar como ficar mais forte e honrar nossas tradições. Não aceito que a desafiem para um duelo pela liderança em menos de dois anos, afinal, ela só me desafiou e perdeu – ninguém rira, estavam todos sérios ouvindo a decisão da líder – duas dúzias de vezes. Mas acredito que ela já é capaz de vencer muitos jogadores no PvP – PvP era a sigla para Player vs Player, Jogador contra Jogador, era o sistema de duelos entre jogadores dentro do jogo – E espero que a ajudem a ficar ainda mais forte.
—Acatarei qualquer decisão que tomar – intervira Josh – Mas nos diga o que essa garota tem de especial? Por que ela e não um de nós?
—Porque ela é uma jogadora da nova geração. Apaixonada pelas facilidades que o jogo tem atualmente. Ela representa todos os jogadores que conhecerão e enfrentarão no futuro. Quero que aprendam com os erros dela e a ensinem a melhorar. Ela tem uma visão única e diferente, então espero que aprendam com ela e que a vejam como uma discipula que precisa de vocês mais que nunca.
Ao fundo do salão, um sujeito troncudo e baixinho que bebia em uma caneca de madeira enegrecida pelo tempo, batera a mesma contra a mesa, fazendo com que o líquido grosso da cerveja quente espirrasse por toda parte, inclusive em si mesmo. O Anão se levantara limpando a longa e espessa barba vermelha com as costas da mão esquerda. Então apanhara a arma repousada no chão, ao lado da banqueta em que estava sentado.
—Quando entrei para essa guilda três anos atrás – começara ele – jurei que iria seguir sua líder até os confins do mundo enquanto eu estivesse aqui. E isso não muda agora. Se Lilith está indicando uma Guerreira que considera digna de levar seu legado adiante, que a nova Comandante me mostre os inimigos que devo derrubar e o farei enquanto estiver de pé – balbuciara com voz de bêbado.
Isadora e os outros se perguntavam se o jogador estava realmente bebendo em casa enquanto jogava. Se não, a interpretação era bem convincente.
—Se me acompanhar até os confins do mundo é o que deseja, certamente posso atender seu pedido – dissera uma garota descendo pela mesma escadaria de madeira por onde Lilith, Dionísio e Kitty haviam vindo – Sei que não gostam de spoilers – spoilers nos jogos online eram revelações sobre as atualizações que chegariam no futuro – mas tenho informações que podem ajudar a guilda a crescer muito no futuro e estar um passo à frente de muitas outras…
Era Scarleth, a Pirata controlada por Samantha, uma menina que conhecera Isadora no jogo meses antes. Piratas eram uma classe de Guerreiros nova e não muito usada, mas Samantha dominava as habilidades da personagem.
—De fato, não gostamos de spoilers – concordara o Anão – Mas agora quero ouvir o que tem a dizer.
—Um passarinho me contou – continuara Scarleth – que em breve teremos embarcações chegando no extremo norte e estaremos à mercê de uma invasão de Jotuns – Jotuns eram gigantes das áreas geladas – Acredito que é hora de seguirmos para lá e estabelecermos uma base a fim de nos acostumarmos com a fauna e flora locais. Peguem seus casacos de pele porque vamos começar a caçar em baixas temperaturas.
—Não a conheço bem – exclamara o Anão – mas já gosto de você!
Josh desembainhara a espada e a brandira para o alto dizendo Ao Norte!
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