Diz o ditado “Mantenha os amigos perto e os inimigos mais perto ainda”.
Isso não seria manter todo mundo por perto?
Talvez quem disse isso estivesse querendo passar a ideia de que manter os inimigos por perto tornava mais fácil ficar de olho neles e evitar surpresas.
No entanto, há algo que passou despercebido pela ideia dessa pessoa.
Inimigos nunca nos surpreendem realmente. Estamos sempre esperando o pior de alguém que sabemos não gostar da nossa pessoa.
As maiores surpresas vem dos amigos.
Inimigos não podem nos trair porque não confiamos neles.
Sung-Tzu em A Arte da Guerra diz para nos conhecermos e conhecermos nossos inimigos. Mas ele se esqueceu de mencionar que conhecer os amigos é algo igualmente importante nas batalhas da vida.
E acredite, nunca conhecemos ninguém profundamente.
Os ponteiros no relógio de parede da lanchonete marcavam sete horas mais trinta e cinco minutos. Isadora estava em uma das mesas, aquela mesma mesa onde se sentara tantas vezes para falar do projeto no curso com um certo amigo, o mesmo com quem encontrar-se-ia novamente.
O olhar atento corria por dezenas de notícias no tablet em suas mãos.
Havia acordado já fazia quase duas horas. Tomara banho, se aprontara para correr, correra, voltara, tomara outro banho, se arrumara para sair e seguira até ali para reencontrar o amigo. A jaqueta da Hard Rock Café estava ao seu lado no banco, vestia uma blusinha negra de alças finas que lhe realçava o colo e os seios fartos, bem como a pele bronzeada cor de bombom.
Os cabelos ainda estavam molhados, presos no alto e deixando diversos fios soltos. Usava um par de pequenos brincos de pedras verdes que brilhavam como esmeraldas verdadeiras. Acordara inspirada naquela manhã, era como se tudo que ela quisesse, pudesse fazer, fosse acontecer.
Erguera a cabeça, os olhos fechados, um sorriso nos lábios, apenas sentindo o ritmo da música que tocava, How Will I Know. Amava a voz de Whitney Houston naquele single. Era naquele ritmo que estava, animada, decidida, motivada.
Josh havia falado com ela na noite anterior, dizendo que precisava lhe contar algo, mas que seria melhor se conversassem fora do colégio. Tinham combinado de se encontrar ali pela manhã para tomarem café juntos. Naquele momento, Isa tentava controlar sua própria crise de ansiedade pela curiosidade, pois o rapaz não havia dado qualquer spoiler do que se tratava a conversa.
—Café ou suco de laranja? Eu recomendo o suco, está perfeito essa manhã.
Isadora abrira os olhos se voltando na direção da voz harmoniosa para ver Candy em pé bem ao lado da mesa, com uma bandeja nas mãos. A loira parecia ainda mais linda que das outras vezes. Isso era possível?
—Se recomenda o suco… – respondera a mulata sorrindo.
—Esperando por ele? – indagara Candy se referindo a Josh enquanto enchia um copo sobre a mesa – Me desculpe. Não quis parecer intrometida…
—Relaxa – comentara a nerd balançando a cabeça – Depois de tantas vezes que nos viu aqui, nem é novidade que esteja o esperando…
—Ele está atrasado, já está lendo aí há quase vinte minutos – dissera a loira com um sorriso que deixava Isadora de calcinha molhada.
—Na verdade, estou bem adiantada – respondera Isa – Combinamos de nos encontrar às oito. Mas decidi sair mais cedo, responder uns e-mails, os trabalhos nunca param. E logo estaremos no último Módulo do curso. Preciso estar à frente de tudo se quiser me sair bem.
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