Na manhã seguinte, acordei no quarto de hóspedes. Passei a mão pelo lado da cama e senti o frio do espaço vazio ao meu lado.
Levantei-me sem pressa, lavei o rosto e me arrumei. Eu sabia que conquistar o coração de Bruno seria uma batalha longa e demorada.
No passado, fui ingênua, achando que sozinha poderia enfrentar um homem tão poderoso. Se eu não fosse sua esposa, provavelmente ele já teria me destruído há muito tempo.
A morte da minha mãe me trouxe uma lição amarga. A parede estava ali, diante de mim, e agora eu sabia que não deveria bater de frente com ela.
Vesti uma camisola branca e simples, com uma maquiagem leve e impecável. Ao descer as escadas, dona Rose já estava preparando o café da manhã.
Sentei-me à mesa, descasquei um ovo e, sem pensar muito, joguei-o na xícara de café de Bruno. Depois, continuei a comer sozinha.
Não demorou muito para que Bruno descesse com Gisele, de mãos dadas.
Ele, alto e elegante. Ela, pequena e delicada. Apenas dei uma olhada e voltei a atenção para a minha refeição.
A noite anterior havia sido demasiado intensa, e eu estava realmente faminta.
Quando os dois se sentaram à minha frente, engoli o que estava comendo.
— Gisele, bom dia.
Ignorei Bruno, mas, de soslaio, percebi seu semblante relaxado, com uma expressão de satisfação. Pelo visto, ele estava bem satisfeito... Pobre de mim, minhas costas ainda doíam.
O sorriso de Gisele não parecia natural.
— Ana, você acordou cedo.
— Sim, não estou muito cansada, só dormi pouco.
Lancei um olhar sugestivo para Bruno.
Ele estava segurando o jornal, mas ao ouvir minhas palavras, o deixou cair bruscamente sobre a mesa, pigarreando e tentando soar sério:
— Não falem durante a refeição.
Gisele e eu nos entreolhamos.
Bruno pegou a xícara de café, deu um gole e, imediatamente, cuspiu. O ovo que eu havia jogado lá foi parar em sua boca, e o líquido escuro manchou completamente seu terno recém-colocado.
Bruno se levantou de imediato, e eu, fingindo preocupação, peguei um guardanapo para ajudá-lo, mas caminhei devagar de propósito, deixando Gisele chegar primeiro.
Fiquei parada, como se sem soubesse o que fazer, observando-a limpar o terno dele.
— Não sei o que deu em dona Rose. — Disse Gisele, com um tom afetado. — O irmão nunca come essas coisas pela manhã. Depois de tantos anos, ela ainda não conhece o gosto do dono da casa? E agora, olha só, o terno está arruinado. O que vamos fazer?
Tentei ajudar, mas ao estender a mão, senti uma pancada forte em meu dorso. O som foi tão alto que até Gisele congelou, chocada, olhando para mim.
— Ana, não fiz de propósito. — Disse ela, desajeitada, querendo vir até mim para massagear minha mão, mas hesitava, incapaz de deixar Bruno. Parecia presa em um dilema entre me ajudar e continuar ao lado dele.
Dona Rose ouviu o barulho e correu da cozinha, imediatamente se curvando e pedindo desculpas.
— Sr. Bruno, me desculpe, me desculpe! Olha, por favor, troque de roupa e eu posso levar para lavar, pode ser?
Meu coração se aqueceu. Dona Rose tinha visto que de manhã eu havia descascado o ovo para ele. Ela ainda quis trocar o café dele por outro, mas eu a impedi.
— Querido, fui eu quem descascou o ovo e o colocou aí. Ontem você estava muito cansado, e eu queria ajudar a repor suas energias... — Apertei o pulso que tinha sido machucado, levando-o ao peito, e disse, num tom de queixa e fragilidade.
Gisele, quem sabia atuar melhor, hein? Esses quatro anos a mais que tinha em relação a ela não foram vividos à toa.
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