Cap. 19
Adele Miller
Respiro o ar refrescante da manhã, sentindo uma paz grandiosa. Aliso a grama macia que ainda está úmida, olhando o pôr do sol. Ao longe os raios refletem no lago de águas cristalinas.
Ainda olhando para o infinito, sinto a presença de alguém chegando... é uma mulher! Ela é tão bonita, nunca a vi. Seus cabelos castanhos brilham, em contraste com os raios do sol. Sua pele é tão branquinha, que poderia facilmente se camuflar na neve e seus olhos azuis... tão azuis quando o oceano. Encaro seus lábios carnudos formando um sorriso radiante, deixando à mostra seus dentes perfeitamente alinhados.
— Adele... você se tornou uma linda mulher. — A sua voz é tão suave, que é quase inaudível.
— Como sabe meu nome? — pergunto, querendo saber mais. Ela acaricia meu rosto, automaticamente fecho meus olhos apreciando seu toque.
— Em breve saberá da verdade, agora você precisa voltar meu bem. — Do que ela está falando? Não quero sair daqui. Estou muito bem onde estou.
— Não sairei daqui! Me sinto bem, então ficarei. — Aos poucos seu sorriso vai morrendo.
— Você precisa voltar, querida, ainda não chegou a sua hora. — Vejo por trás do seu ombro, a silhueta de um homem se aproximando.
— Vamos, querida, Adele precisa ir — o homem diz.
Ele segura em sua mão e juntos se afastam aos poucos. Quando estão longe, se viram para mim e sorriem. Tudo vira um clarão, me impossibilitando de enxergar algo.
De repente desperto e me sento, sinto uma pontada na cabeça que me faz querer chorar. Elevo minhas mãos sobre a cabeça, apalpo a faixa que está ao redor.
Ouço o barulho irritante dos aparelhos ligados a mim, olho ao redor confirmando que estou em um quarto de hospital. A porta se abre, passando por ela uma enfermeira e Jones.
— Sra. Miller, como se sente?
— Minha cabeça está doendo...
— Você levou uma pancada na cabeça, mas não se preocupe vou aplicar um remédio no soro e logo essa dor passará. — Ela vai até um armário e pega algo. Depois volta e injeta o remédio.
— Consegue se lembrar de algo? Do motivo de estar em um hospital?
— Não.
— Tudo bem, seu pai irá explicar tudo.
A senhora sai, nos deixando sozinhos. Jones se aproxima mais da cama, com suas mãos enfiadas no bolso da sua calça social. Seu rosto está um pouco pálido, seus olhos estão levemente inchados. Seu semblante está cansado.
— Quando você e Théo estavam voltando da boate, um caminhão veio na direção de vocês. Então, Théo teve que desviar, para não causar mais estragos. — Assim que ele termina de falar, consigo me lembrar. Tio Théo... meu Deus, como ele está?
— Cadê o tio Théo? Preciso vê-lo — peço. Tentando me levantar da cama, mas Jones me impede. Ele me abraça. — A última coisa que me lembro é de vê-lo todo ensanguentado desmaiado, depois não me lembro demais nada — comento aos prantos.
— Você precisa se acalmar, Adele. — Ele me afasta acariciando meu rosto. — Théo já está se recuperando, não corre nenhum perigo.
Encaro seus olhos, por um momento ele desvia o olhar. Estou ao seu lado tempo o suficiente, para saber que tem algo o incomodando.
— Vamos, me diga o que está acontecendo. — Jones parece se assustar com a minha pergunta, mas logo volta para a postura de antes. Ele se afasta e sinto falta do calor do seu corpo.
— É que não sei por onde começar, não era para ser eu a dizer toda a verdade para você — ele diz, me deixando apreensiva.
— Você pode começar do início, não me poupe dos detalhes. Não gosto de mentiras.
— Quando Jenna deu à luz a nossa filha, de imediato fiz o teste de paternidade comprovando que a criança era minha de fato. — Enquanto Jones fala, ele encara um ponto fixo da parede branca. — Com o acidente você perdeu bastante sangue, precisando de uma transfusão urgentemente. Porém, o seu sangue é muito raro, mas os seus pais seriam portadores do mesmo tipo sanguíneo. Aqui no hospital tenho bolsas de sangue e como Jenna estava longe, o meu foi o primeiro a ser testado e... não foi compatível. Então nossa opção foi esperar Jenna chegar para resolver o problema, mas também não foi compatível. — Ele faz uma pausa crucial.
— Vamos continue.
— Quando o sangue de Jenna não foi compatível, resolvi questioná-la. Pois o sangue é adquirido de maneira hereditária. Foi quando ela me falou a verdade, Adele.
— Que verdade?
— Não sou seu pai, Adele, e Jenna também não é sua mãe. Como havia dito, Jenna e eu tivermos uma filha. Mas ela faleceu ainda bebê, depois que Jenna foi embora sem me dar satisfação.
Encaro minhas mãos enlaçadas uma na outra em cima das minhas coxas. De repente minha garganta fica seca e os soluços vêm. Por que Jenna mentiu todo esse tempo, me escondendo a verdade?
— Então... quem são meus pais, Jones?
— A sua mãe era irmã de Jenna. Você é sobrinha de Jenna, Adele.
— Meu Deus... — Estou me sentindo sufocada, não consigo pensar direito. Nunca ouvi falar que meus avós tiveram mais filhos.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Desejo Pecaminoso
Amei!! Já quero o segundo livro Desejo ardente 🙂...
Amando d+++++...