— O que raios você faz aqui? — Damian perguntou num tom ríspido, porém, baixo, afinal, ele não queria que Amber acordasse. Ela apenas se remexeu no colo dele.
Rodney tinha os olhos arregalados, fixados na figura nos braços do filho. Ele andou devagar, com passos incertos, e apontou para Amber.
— Damian, quem…?
— Saia da frente! — Damian girou o corpo de leve para longe do pai, usando o ombro para abrir caminho e caminhou rápido, indo em direção às escadas.
Rodney não disse nada, não reclamou, como sempre fazia, em relação ao tratamento que Damian lhe dava — eles não eram como pai e filho há anos! Desde que Georgia entrou por aqueles portões.
Em vez de falar, Rodney apenas seguiu atrás de Damian. Ele não conseguia ver Amber, podia apenas vislumbrar os cabelos escuros dela, rajados de fios brancos. Uma dor aguda no peito de Rodney se espalhou pelo corpo dele. Aquela era, sem sombra de dúvidas, a mulher que ele não via há muito tempo, que foi dada como morta. Era certo que ela estava inconsciente, mas longe de morta.
Uma vez que Damian a colocou na cama, ele a cobriu e deu um passo para trás, esbarrando no próprio pai. Ele se virou e o empurrou com as mãos. Rodney olhava para Amber, para o rosto dela marcado por algumas marcas do tempo. No entanto, ela não tinha perdido a beleza. A vitalidade, apenas, mas não a beleza. Não, ela continuava tão bonita quanto ele se lembrava.
Damian segurou o braço do pai e o arrastou para fora do quarto, fechando a porta com cuidado.
— Nem pense em falar com ela!
Agora, com aquelas palavras, o homem finalmente despertou do transe.
— Ela é minha mulher, Damian. Quem você pensa que é pra me dar ordens?
Os dois se encararam firme, como dois galos prontos para a a briga. Damian sorriu de lado, de bochadamente.
— Sua mulher? Não. A sua mulher é uma qualquer, uma puta intrigueira e malvada que você mantém longe daqui. A que trouxe a esse mundo um filho seu, bastardo, outro causador de problemas e com o mesmo desvio de caráter da duplinha, aí. Aquela dali — Damian apontou para a porta fechada do quarto — é a minha mãe. E eu vou protegê-la de você e daquela vadia, custe o que custar.
— Como se atreve? — Rodney viu vermelho.
— Como me atrevo? Eu era uma criança quando você trouxe aquela desgraçada pra cá, para atormentar a minha mãe. Conseguiram deixar o estado mental dela tão ruim que ela se perdeu pelo mundo. Passei anos pensando que eu era um cara sem mãe, que ela tinha morrido, que eu tinha sido tão fraco e inútil quando criança que não pude protegê-la!
— Eu não…
— Ela nunca te traiu, seu merda! Você usou isso como desculpa pra sair por aí aprontando! Você a viu com outro homem? Ou, deixe-me pensar… Georgia está envolvida nisso? Na difamação da minha mãe? E você, coitadinho, foi chorar no ombro dela e acabou enfiando um filho naquela maldita? Heim?!
As pupilas de Rodney se alargaram. Damian sabia que tinha acertado em cheio e podia ver as emoções passando pelo rosto do pai. Porém, não importava o quê, ele não cederia. Rodney não machucaria Amber. Ele não a faria ficar desestabilizada.
Ele soltou o pai e endireitou o terno.
— Ela não está bem e você não vai perturbá-la ainda mais. Anda,vai descendo!
Horton apareceu com uma mulher, outra cuidadora.
— Essa é a cuidadora? — Damian perguntou e Horton assentiu.
— Ótimo. Fique com ela. Não deixe ninguém estranho se aproximar, o que inclui este… senhor aqui. — Ele inspirou fundo. — Vou tomar um banho. Preciso ir pro hospital.
— Pra se desculpar com seu irmão? Georgia me disse que você foi lá e o deixou num péssimo estado! — Rodney reclamou. Foi para isso que ele foi ali. — Você, Damian, não tem moral pra falar de mim. Não arrumou também uma amante e fez sua mulher ir embora? Hipócrita!

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