Ela Casou com o Chefe romance Capítulo 239

Isadora acordou antes do sol nascer, tomada por uma inquietação que não lhe dava trégua. A carta do advogado ainda estava sobre a mesa da pensão, dobrada e já com marcas de manuseio. A cada vez que seus olhos pousavam naquele papel, sentia a mesma dualidade: o peso de uma escolha e, ao mesmo tempo, a leveza de uma chance. Durante dias havia evitado dar uma resposta definitiva, mas agora a hesitação já não fazia sentido.

Rafael chegou cedo, como sempre, trazendo dois cafés embrulhados em copos de papel. Não precisaram de muitas palavras; ele sabia que aquela manhã seria diferente. Enquanto caminhavam até a estação, a cidade ainda adormecida parecia não se importar com a pressa deles. As ruas estavam silenciosas, apenas o som de alguns galos distantes e o barulho ritmado dos passos. Isadora carregava consigo apenas uma pequena mala, mas dentro dela estava a ideia de um novo começo.

A viagem até o sítio foi mais tranquila do que da primeira vez. O trem corria pelos trilhos com a cadência de um coração que finalmente encontra compasso. Isadora se manteve em silêncio, olhando pela janela, observando o campo que se abria diante dela como se fosse um espelho de possibilidades. Rafael não a interrompeu, apenas deixou a mão repousar sobre a dela, oferecendo presença mais do que palavras.

Quando chegaram à porteira azul, o caseiro já os esperava. Sorriu ao ver a mala, como se entendesse sem explicações. Abriu a passagem e os conduziu até a varanda. O cachorro veio correndo, abanando o rabo com a alegria simples de quem reconhece pertencimento. Isadora sentiu o cheiro da terra molhada pela chuva da madrugada, o frescor das folhas ainda pingando orvalho, e foi tomada por uma paz que não sentia há anos.

Entraram na casa. A poeira tinha sido varrida, as janelas estavam abertas, o ar circulava livremente. Não havia luxo, mas havia verdade. O piso rangia sob os pés, a colcha de retalhos ainda cobria a cama, e a cozinha guardava um silêncio de espera. O caseiro entregou-lhe um molho de chaves, o olhar respeitoso de quem passava adiante não apenas uma casa, mas um legado.