O telefone de Helena tocava sem parar desde o episódio na empresa. Primeiramente ignorou, depois desligou o aparelho. Mas, no início da noite, enquanto organizava alguns documentos, uma batida seca na porta de seu apartamento ecoou forte.
Ela sabia exatamente quem era.
Ao abrir, encontrou Carlos Ferraz — seu pai —, com o rosto fechado, maxilar travado e olhos faiscando de ódio. Ao lado dele, estava Clara, sua madrasta, com uma expressão forçada de piedade.
— Precisamos conversar. — Carlos entrou sem ser convidado, como sempre fez a vida inteira, como se tudo fosse propriedade dele.
— Fique à vontade. Afinal, invadir meu espaço sempre foi o que vocês sabem fazer de melhor. — rebateu Helena, cruzando os braços.
Carlos girou nos calcanhares, apontando o dedo no rosto dela.
— Que tipo de escândalo foi aquele que você fez na empresa, Helena?! Que vergonha! Você humilhou sua irmã na frente de todo mundo, foi desrespeitosa, grosseira! Isso não se faz! — Sua voz saiu ríspida, autoritária, como se ele ainda tivesse qualquer poder sobre ela.
Clara tentou intervir, numa voz fingidamente doce:
— Filha, sua irmã estava apenas tentando resolver as coisas. Você a expôs, fez ela passar uma vergonha tremenda... As pessoas estão comentando em toda a cidade! Isso é péssimo pra nossa família.
Helena respirou fundo, segurando o riso irônico que ameaçava escapar.
— Família? Que família, Clara? Aquela que me humilhou, que me fez de empregada dentro da própria casa? Ou você fala da família que me viu ser traída pelo noivo com a própria irmã e ainda achou que eu é quem deveria entender e perdoar?
Carlos explodiu:
— Chega, Helena! Você vai, sim, no jantar de noivado de Isadora e Gabriel! Vai estar lá, de cabeça erguida, vai sorrir, posar pras fotos, se comportar como uma dama! E mais... você vai dizer a todos que a culpa de tudo foi sua! Que você não soube segurar seu relacionamento, que você falhou como mulher e irmã!
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Helena piscou, sem acreditar no que estava ouvindo. Por alguns segundos, pensou que tinha escutado errado. Mas não... Carlos estava realmente ordenando que ela assumisse a culpa pela própria humilhação.
— Você só pode estar brincando. — Sua voz saiu baixa, perigosa.



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