O dia parecia correr normalmente na Torres Group, mas para Helena, nada mais era comum. Ela estava focada, determinada e, pela primeira vez em anos, sentia-se dona da própria vida. Enquanto revisava relatórios, seus olhos mantinham a firmeza de quem sabia que não podia mais se permitir fraquejar.
No entanto, o que ela não sabia é que, do lado de fora, o perigo rondava mais perto do que imaginava.
Isadora caminhava pelos corredores da empresa como se fosse dona do lugar, usando seu charme venenoso para se infiltrar. Tinha conseguido uma reunião — Deus sabe como — com o diretor financeiro, alegando estar interessada em investir na empresa. Uma desculpa esfarrapada, mas que servia ao seu propósito: estar perto de Helena... e de Leonardo.
— Bom dia, senhor Augusto. — Ela sorriu, apertando a mão do diretor, que parecia meio desconfiado, meio encantado.
— A senhorita... Cardoso, certo? — perguntou ele, folheando uns papéis.
— Exato. Vim conversar sobre possíveis parcerias e investimentos. — Seus olhos varreram a sala com desprezo, como quem já planejava cada passo.
Enquanto isso, no décimo andar, Helena revisava um contrato quando uma notificação surgiu em seu e-mail. Ao abrir, sua expressão imediatamente mudou.
"Assunto: Atenção – Solicitação de parceria da empresa Ferraz Holdings"
Seu corpo enrijeceu. A mão tremia levemente. Ela respirou fundo, tentando se acalmar.
— Não... Ela não seria tão baixa... — murmurou.
Mas seria, sim. E foi.
Minutos depois, o telefone da sala tocou.
— Dona Helena, a senhorita Isadora Cardoso está aqui. Está na sala do diretor financeiro e solicitou uma reunião com o senhor Leonardo também. — informou a secretária, desconfortável.
O sangue de Helena ferveu. Ela se levantou abruptamente, batendo as mãos na mesa.
— Ótimo... então que seja. — disse, com os olhos faiscando. — Eu mesma vou recepcioná-la.
Assim que Helena apareceu na porta da sala, Isadora sorriu, debochada, cruzando as pernas de forma elegante, mas provocativa.
— Ora, ora... se não é a queridinha da Torres Group. — Isadora fingiu surpresa. — Que coincidência, não?
— Coincidências não existem. — respondeu Helena, cruzando os braços. — Mas rastejantes... esses aparecem em qualquer lugar.
Isadora gargalhou, inclinando-se para frente.
— Não vim aqui discutir, irmãzinha. Estou apenas... expandindo meus negócios.
— Você não tem negócios, Isadora. Nunca teve. Vive às custas dos outros. — rebateu, ríspida. — Mas se acha que vai usar meu ambiente de trabalho para os seus joguinhos sujos, está muito enganada.
— Não. — Leonardo respondeu, ríspido. — Aqui não há espaço pra você. E se eu ver você rondando novamente os meus funcionários ou minha empresa sem autorização, Isadora, eu mesmo tomarei providências. — Seus olhos endureceram. — Está dispensada.
Helena manteve-se em silêncio, mas um pequeno sorriso de satisfação surgiu em seus lábios.
Isadora bufou, humilhada, pegou sua bolsa e saiu, batendo os saltos no chão como se quisesse quebrar cada peça de mármore da empresa.
Quando ela desapareceu pelo corredor, Leonardo se voltou para Helena, com aquele olhar sério, mas, de algum modo, protetor.
— Está tudo bem? — perguntou ele, mais suave agora.
Helena respirou fundo, ajeitou os cabelos, e respondeu, firme:
— Está. Eu só... — olhou nos olhos dele. — Eu prometo que não vou mais deixar ninguém me diminuir. Nunca mais.
Leonardo segurou o olhar dela por alguns segundos, depois assentiu.
— Bom... então volte pra sua sala. Ainda temos muito trabalho pela frente, senhora Martins.
E Helena voltou, com o peito acelerado. Sabia que aquela guerra estava só começando.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Ela Casou com o Chefe