— Juliana, olha só pra você, faz tão pouco tempo que não vem aqui e já ficou mais magra de novo!
O tom de Sabrina era cheio de preocupação.
— Esse rosto pálido, menina, tem que se cuidar e se alimentar melhor, senão sua saúde vai acabar ficando ruim!
Juliana pegou os talheres, com um sorriso no rosto e a voz suave:
— Madrinha, realmente tenho estado muito ocupada ultimamente.
— Fique tranquila, prometo que vou voltar pra casa com mais frequência pra ficar com a senhora.
— Está combinado! — decretou Sabrina. — Dessa vez, vai ficar mais dias aqui em casa, sem desculpas.
Juliana assentiu:
— Está bem.
Hélder Campos, usando luvas descartáveis, descascava camarões com toda calma.
Distribuiu cuidadosamente os camarões descascados nos pratos das duas filhas.
No prato de Juliana, cinco camarões, nem mais nem menos.
No de Clarinda, quatro.
Clarinda imediatamente arregalou os olhos e reclamou, indignada:
— Ei! Velho! Está sendo injusto!
— Por que ela ganhou cinco e eu só quatro? Sou adotada, é?
Hélder levantou os olhos para ela:
— Se for capaz, pula de série também.
O assunto de pular série sempre ficava atravessado em Hélder. Juliana era o orgulho dele!
— Se você conseguir pular de série, todos os camarões da casa vão ser seus, eu garanto!
Juliana não conteve o riso.
O clima estava leve quando, de repente, Hélder olhou para Juliana.
— Juliana, você e aquele rapaz da família Guimarães... — ele fez uma pausa, o tom sério — realmente não tem mais jeito?
Antes que terminasse, Clarinda explodiu:
— Velho! O que está querendo dizer?!
— Quer empurrar a Juliana pro abismo? Aquele Nereu é um traste! Já está morando com a Vitória! Que nojo!
Juliana pousou os talheres, com expressão tranquila:
— O acordo de divórcio já foi assinado, só falta ir ao Cartório pra oficializar.
— Mas ele continua enrolando.
Hélder encarou-a, o olhar profundo:
— E... está sofrendo com isso?
— Pai! O senhor é mesmo meu pai de verdade! Me entende como ninguém!
Batendo no peito com convicção, prometeu:
— Pode deixar! Assim como o senhor faz, eu também faço!
Virou-se para Sabrina:
— Mãe, faz assim: divide as fotos em duas pilhas e numera.
— Os números ímpares pra Juliana, os pares pra mim!
— Vamos marcar um encontro por semana, prometo cumprir a meta e deixar vocês dois satisfeitos!
Hélder e Sabrina se entreolharam, com expressões cheias de interrogação.
Que tipo de filhas eles criaram?
......
Do outro lado, Nereu voltou à mansão com o humor sombrio e viu Vitória de avental.
Ela trazia um prato de comida, sorriu para ele, com ar de esposa dedicada.
Nereu parou, surpreso, pois o sorriso que ele via era, na verdade, o de Juliana, doce e radiante.
— Irmão Nereu, chegou, vai lavar as mãos que a comida está pronta!
Ela colocou o prato na mesa e, em seguida, se aproximou, enlaçando delicadamente o braço dele.

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