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Elas Não Merecem Suas Lágrimas romance Capítulo 151

A luz era suave, e os pratos ainda exalavam vapor.

— Seu braço ainda não sarou — a voz de Nereu soou cansada —, deixe que a empregada faça isso.

Ele não estava de bom humor.

Vitória se aproximou em poucos passos, ficando na ponta dos pés; seu corpo delicado quase se pendurou nele, e sua voz era doce e suave.

— Não é a mesma coisa, fui eu mesma que preparei para você.

Ela se aninhou em seu abraço, como uma gata manhosa.

— Irmão Nereu, prove um pouco, vai.

Nereu foi puxado por ela até a mesa de jantar, sentou-se e pegou os talheres, provando uma garfada da comida.

O sabor, de fato, era bom.

Sem muita expressão, ele assentiu com a cabeça.

— Está gostoso.

Vitória deu a volta, abraçando seu braço com força e encostando o rosto de leve em seu ombro; seu hálito quente roçou o pescoço dele.

— Irmão Nereu, se você gostar, posso cozinhar para você todos os dias.

A voz dela era cheia de expectativa.

— Que tal... nos casarmos?

A mão de Nereu, que segurava o talher, ficou suspensa no ar.

Ficou em silêncio por alguns segundos, então colocou os talheres na mesa, devagar.

— Tenho assuntos na empresa para resolver, vou cuidar disso agora.

Levantou-se e seguiu direto para o escritório.

No escritório, as luzes permaneciam apagadas; apenas o fraco luar entrava pela janela.

Nereu afundou-se na poltrona de couro espaçosa e fechou os olhos.

Em sua mente, a cena de Juliana segurando sua camisa, suplicando para que ele não fosse embora, se repetia.

Aqueles olhos, sempre límpidos e obstinados, estavam cheios de súplica humilde.

Lembrava-se de que, naquele momento, sentira pena dela.

Se ele não a tivesse decepcionado de novo, como ela teria se tornado tão fria com ele agora?

Imagens incontroláveis passaram por sua mente.

Na chácara, ela caindo desajeitada no banheiro, com os olhos vermelhos.

No haras, quando ela caiu do cavalo assustada, e ele a socorreu, ambos caindo juntos na água gelada do rio, ela tremendo e gritando por socorro em seus braços.

E ainda, ela comendo churrasco e olhando orgulhosa para Teresa dançando a dança do fogo...

Ela era como uma semente que, sem perceber, já havia criado raízes em seu coração.

Mas por que ele a afastava, vez após vez, sem se permitir ficar ao lado dela?

Nereu franziu a testa, sentindo o peito apertado.

......

— Atrevido! Vai se atrever a atravessar meu caminho?!

Hélder, confuso, abraçou o travesseiro e saiu correndo, ainda meio sonolento.

……

Na calada da noite.

A porta do quarto de Nereu foi aberta suavemente, apenas uma fresta.

Vitória, usando uma camisola sensual e de tecido mínimo, entrou descalça, sem fazer barulho.

Aproximou-se da cama, levantou um canto do lençol e deitou-se ao lado de Nereu.

Então, estendeu o braço e abraçou-o delicadamente por trás, sentindo o calor do corpo dele.

No instante em que ela o tocou, Nereu acordou.

Seu corpo ficou tenso de imediato, os olhos se abriram atentos, totalmente despertos.

A voz de Vitória soou junto às costas dele, com um leve tremor e um tom de queixa:

— Irmão Nereu, estou com medo de dormir sozinha...

A voz era macia, propositadamente trêmula.

"Cliq."

O abajur foi aceso, a luz forte dissipou instantaneamente a escuridão.

Nereu sentou-se de súbito, afastou o lençol e levantou-se da cama com movimentos decididos.

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