Em seu lugar romance Capítulo 35

Samira segue com o andar altivo para fora da sala de jantar. Eu solto o ar dos pulmões em alívio. E volto minha atenção para Said. Ele parece furioso, seus olhos fulminam as costas de Samira. Eu me levanto. Ele volta sua atenção para mim.

—Vamos para o quarto. Você precisa descansar. —Digo, segurando seu braço.

Ele não diz nada. Eu o enlaço pela cintura e caminhamos juntos, abraçados. Quando ele se senta na cama, eu tiro seu tênis e ajeito os travesseiros para ele se apoiar neles. Ele se deita. Quando me afasto, ele segura meu pulso com força.

—Diga que minha mãe não está certa. Que você se moldará aos nossos costumes. Se adaptará.

Eu baixo minha cabeça, fugindo dos olhos negros dele. Eu ainda não tenho uma resposta. O encaro e digo com sinceridade:

—É cedo para conversarmos sobre esse assunto. Vamos dar tempo ao tempo. O namoro existe para isso. Estamos nos conhecendo ainda. Até pouco tempo, eu me passava por outra pessoa. E você precisa descansar.

Said me solta e passa a mão nos cabelos, num gesto nervoso.

— Esse é meu medo. Eu conheço demais você. Tenho medo desse seu lado independente.

— Said, descansa. Não vamos falar disso agora.

Seus olhos procuram os meus.

— Você me ama?

Eu lhe dou um sorriso.

—Sim, eu te amo.

Eu me ajoelho na cama.

Há tanto prazer no simples fato de tocá-lo.

Deslizo os dedos pelo rosto pelo seu peito bronzeado e distribuo beijos suaves e delicados pelo pescoço e pelo peito dele, obrigando-o a suspirar.

— Maysa... — Ele murmurou, entre surpreso e satisfeito.

Tudo que passou derrete em meio a uma neblina de desejo e nossas bocas unidas em um beijo profundo. Ele corresponde e eu sou fisicamente incapaz de não geme por isso. Sugo os lábios de Said que geme em resposta e me puxa contra o seu corpo tonificado e forte. Nossas línguas dançam uma sobre a outra.

— É.... — Murmura ele antes de me beijar com mais intensidade ainda. Quando ele me afasta ele diz. —Mulheres virtuosas não beijam assim.

Eu o encaro séria.

—É por isso que me ama. Pense nisso!

Posso sentir sua confusão quando me afasto dele sem quebrar o contato visual. Então me viro e vou em direção à porta. Antes de sair eu me viro para ele e mando-lhe um beijo, tocando meus dedos com os lábios e saio.

Sigo até a sala me sentindo inquieta. Vou até a janela e olho para fora. Adoro a chuva. Aqui em Riad a única tempestade que vemos é de areia. O tempo é sempre o mesmo, as plantas sobrevivem com a geada e o sereno da noite. Na primavera as chuvas são rápidas, mal começam, terminam.

Imaginei-me ao lado de Said nessa casa, vestida com roupas impostas. Não poderei seguir com minha profissão, não poderia dirigir um carro. Viverei para meu marido.

Sim, para ele será confortável, pois quem abrirá mão de tudo, sou eu. Por outro lado, penso na minha vida na Inglaterra sem Said. A verdade é que eu não me sinto eu mesma. Mesmo com tantos pormenores, a vida perde o sentindo quando me imagino sem ele.

Eu tenho dito para ele pensar, mas pensando bem agora, quem deve pensar em tudo isso, sou eu.

Até que ponto o amor que eu sinto por ele, me fará abrir mão de toda a minha vida? Meu coração diz que valerá a pena, mas a minha razão teme.

À tarde tomo um banho e coloco novamente a minhas roupas de trabalho. Por falta de opção mesmo.

Resolvo ligar para o hospital e falar com minha irmã.

—Adara?

—Maysa! Que bom que ligou! Amanhã terei alta. Acabaram de me dar.

Eu dou um suspiro, me sentindo muito feliz.

—Que bom! Falei com Said, e pedi para você se recuperar aqui. Ele aceitou.

Adara se anima do outro lado.

—Allah! Verdade?

—Sim. Até você se recuperar e tocar sua vida novamente.

Ouço ela chorar do outro lado.

—Mas quem dará trabalho a uma ladra?

Eu respiro fundo novamente.

—Eu vou pedir para Said dar um jeito nisso. Quem sabe ele arrume algo para você.

Ela chora.

—Maysa, nem sei como agradecer. Se não fosse por você, creio que já teria cortado os pulsos.

—Allah! Não! Que coisa horrível de se dizer. —Eu solto o ar com angústia, mas digo animada: — Amanhã cedo irei até o hospital.

—Está certo. Te espero.

—A paz!

—A paz!

Desligo o telefone e vou até o quarto de Said. Ele está com os olhos fechados. Quando entro no quarto, ele me procura com os olhos, eu dou um sorriso e digo animada:

—Adara, terá alta amanhã. Eu gostaria de pegá-la.

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