Em seu lugar romance Capítulo 34

Seis horas da manhã, me levanto. Said dorme de barriga para cima, tranquilamente. Me troco rápido no banheiro, escovo os cabelos e faço um rabo de cavalo.

Saio do quarto sem fazer barulho e me dirijo à cozinha. Sinto o cheiro de café fresquinho.

Allah! Estou louca por uma xícara.

Zafira está sentada à mesa com uma xícara nas mãos. Eu me sento perto dela.

— E Said?

— Está correndo tudo bem. Amanhã ou depois, ele já estará andando pela casa. Hoje a mãe dele virá aqui.

Zafira dá um gole grande no café.

—Allah! Quer deixar Said nervoso é quando ela vem e se mete na vida dele.

— Ela se mete como?

— Tudo tem que ser do jeito dela. Ela implica com a decoração da casa, implica com a vestimentas dos empregados, se mete na vida dele. Quando Said morava com ela, brigavam muito.

—É, então Said não exagerou quando disse dela.

Salma entrou na cozinha, Zafira deu a notícia:

— A mãe de Said virá aqui.

Ela fez muxoxo.

— Allah! Espero que não implique com a minha comida.

Rimos.

Pego uma xícara e me sirvo de café e acrescento leite. Depois pego uma esfirra aberta de queijo e a consumo com goles grandes de café.

Quando finalizo minha refeição, pego uma bandeja e arrumo com suco de laranja, duas esfirras, uma de carne e outra de queijo, café e leite e caminho até o quarto de Said.

Ele não está na cama, deveria estar no banheiro. Escuto a descarga e ouço o chuveiro.

Allah!

— Said? Você não deveria estar tomando banho sozinho. Você está bem? Posso chamar Muhafa?

Ele abre um pouco a porta do banheiro só mostrando o rosto. Seus cabelos estão molhados, espetados. Ele abre um lindo sorriso. Meu coração dá um salto no peito. Sinto-me quente por dentro.

Ele saiu do chuveiro e veio com os pés molhados até a porta?

—Said, você está abusando. E se levar um tombo?

— Eu estou bem. — Ele coloca o pé para fora e me mostra o chinelo. —Para de ser mandona. Eu acordei bem. Tomarei café na sala de jantar.

Eu dou um suspiro.

—Que bom! Mas não abusa!

—Pode deixar.

Saio do quarto de Said levando a bandeja, caminhando com cuidado pelos corredores, arrumo tudo na mesa de jantar.

Logo ouço vozes na casa. Com certeza a mãe de Said.

Sabe uma pessoa deslocada? Essa sou eu!

Resolvo me refugiar na cozinha. Passo pela sala, mas antes disso avisto uma senhora alta com um véu preto escondendo os cabelos. Embora esteja calor, ela se veste inteirinha de preto.

Essa segue às tradições ao pé da letra.

Allah! Não me admiro em nada que ela seja realmente uma mulher implicante. Para se vestir desse jeito, com certeza cresceu sob rígidos costumes.

Ela fixa o olhar em mim.

—Ei você! Nunca te vi nessa casa.

Eu paro e caminho até ela.

— Sou enfermeira de Said.

— Allah! Said insiste em contratar pessoas que não seguem nossos costumes. Tudo errado nessa casa! Você também não usa véu e cuida de um homem!

As palavras dela saem ácidas. Meu coração se agita de nervoso no peito. Said surge na sala e eu agradeço a Allah por isso.

Ele está lindo! Com uma calça jeans e camiseta branca, chinelos nos pés e carregando uma meia e um tênis na mão. Os cabelos negros molhados devidamente penteados.

Perfumado.

Seu olhar se intercala em nós duas.

—Bom dia, mamãe.

Ela caminha até ele e o beija.

— Bom dia meu filho. Sente-se que eu coloco as meias e o tênis para você.

Ele não diz nada e sorrindo intercala seu olhar para mim e para ela.

—Já vi que conheceu Maysa.

—Já. — Ela diz com desagrado.

— Seu café já está na mesa. Vou ver se Salma precisa de ajuda. — Eu digo para Said, louca para entrar na cozinha.

Said alarga o sorriso.

—Maysa contou que estamos juntos? —Pergunta e volta seus olhos para Samira.

—Juntos? Juntos como?

Allah! Sério isso?

Eu fico sem ação. Então ele se levanta e se afasta de sua mãe e caminha em minha direção, me pega pela cintura. Samira me olha como se fosse me comer viva.

— Ela....me disse que é sua enfermeira.

Said me olha com olhos ardentes.

—Também. Ela é formada. Se formou na Inglaterra, trabalhou em um grande hospital em Londres. Por isso, pode ter certeza que estou em boas mãos.

Samira fica estática, seus olhos correm por mim e por Said. Eu me desvencilho de Said e digo:

— Bem, vou deixá-los à vontade.

Me afasto deles e vou em direção a cozinha. Ainda com as pernas bambas, abalada, sento-me na cadeira. Zafira entra e observa minha palidez.

—Está passando mal?

—Zafira, você tem um tempinho? Preciso te contar algumas coisas que você não sabe. Espero ter em você uma aliada.

Ela ergue as sobrancelhas.

—Isso não me surpreende. Acredito que realmente tenha muitas coisas para me contar. Muitas coisas não estão se encaixando nessa casa. Eu não entendo mais nada.

—Sente-se! —Aponto a cadeira a minha frente.

Ela se senta pronta a ouvir tudo que tenho a dizer. Conto então tudo. Desde o início. Finalizo contando que eu e Said estamos juntos.

— Said gostando de uma moça como você?

Eu me irrito com seu comentário.

— Por que não? O que tem de errado comigo?

—Tudo! Você é o oposto de tudo que Said admira. Esse seu jeito de pensar, andar, falar, caminhar, se portar. Allah!

Eu aperto os lábios contrariada.

— Não sei por quê? Naja, parecia não seguir rígidos costumes.

— Naja era um passatempo para Said. Eu sabia que ele não ia se firmar com ela. Cuidado, ele pode estar agindo da mesma forma com você também.

— Zafira, o que quer dizer com isso?

— Não se iluda com Said. Vai com calma. Eu o conheço desde a adolescência, e Said sempre admirou a mulher recatada, coberta...

Eu a corto:

—Uma pessoa mumificada!

Zafira me olha horrorizada.

— Está vendo! É isso que estou falando! Esse seu jeito!

— Ele me apresentou a sua mãe, como sua namorada. E o que você me diz disso?

—Nada demais. Ele nunca escondeu seus casos para Samira

Eu me levanto da mesa.

—Allah! Zafira! Não converso com você sobre esse assunto novamente. Você conseguiu me deixar down!

—Down?

Expliquei:

— Triste, para baixo. —E me levanto. —Vou para o meu quarto ouvi música.

—E Said?

—Said está bem, já está andando pela casa, se trocando sozinho. Bye.

Sigo até meu quarto, irritada. De tudo que contei, ela só fixou na mente que eu não sirvo para Said.

Quando entro no quarto me deito na cama pensativa.

Allah! Pensando bem, eu não posso culpá-la. Eu sou diferente mesmo. Cheguei vestida como uma odalisca, expondo meus pensamentos e dizendo tudo que eu pensava.

Contudo, nada me impedirá de acreditar que eu e Said podemos ter um futuro juntos, sim! Sempre ouvi dizer que os opostos se atraem, talvez até por eu sermos diferentes que estejamos atraídos um pelo outro.

É quase hora do almoço, e eu ainda estou sentada na minha cama, imersa em pensamentos. A porta então se abre e Said entra no meu quarto. Ele está com um pacote nas mãos.

Meu coração dá um salto no peito. Eu ainda não me acostumei com sua presença. Também, esse homem é lindo e meu desejo avassalador.

Eu me levanto da cama e olho o pacote e depois os olhos dele.

— O que é isso?

—Pedi para Muhafa comprar para você.

Eu lhe dou um sorriso. A curiosidade me toma. Ele o estende para mim.

—Abra.

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