Andamos em uma parte que eu não conhecia na casa. Um corredor amplo em forma de arco muito bem iluminado pelos jardins de inverno que ficam dos dois lados dele. Lindo! Alcançamos então o lado de fora da casa.
Nossa! Penso quando me deparo com o jardim magnífico mesmo numa região tão desértica. Há vários tipos de árvores, arbustos e flores. Um carro preto com um motorista uniformizado nos espera em frente à entrada.
Said abre a porta para que eu entre. Ele se senta ao meu lado. Ele está tão perto que eu posso sentir o calor do corpo dele. Isso me perturba, então deslizo minha bunda para perto da janela, o mais distante possível dele.
O veículo cheira seu perfume almiscarado. O ar condicionado está ligado a todo vapor.
— Ela está no Al-Osrah?
Eu o encaro séria.
—Sim.
Said dá as instruções para o motorista e depois se endireita no banco, pensativo.
Vejo vilarejos, casas e estabelecimentos surgirem conforme o carro corre pela estrada. Said está quieto, pensativo. Aproveito para passar meus olhos nele. Nas linhas marcadas de seu rosto extremamente masculino e valorizadas pelo tom moreno da pele bronzeada. Espessas pestanas negras, longas velavam os penetrantes olhos negros e que dá uma certa dureza no seu olhar. Os lábios têm uma linha quase cruel, um tanto cínica e um tanto rude. Eu lembro-me bem da prepotência deles, quando se apoderam dos meus lábios. A lembrança provoca-me arrepios pelo corpo todo. Meu coração se agita.
Ele me flagra olhando para ele, vermelha, desvio meus olhos para a janela.
O trajeto levou vinte minutos até o motorista parar no estacionamento do hospital. Said desce primeiro e espera eu sair. Com o coração batendo no ouvido eu desço do carro.
Em pé na calçada, digo o encarando séria:
— Você pode me aguardar no carro.
—Não, entrarei com você. —Ele diz rudemente.
As palavras dele me deixam gelada.
Bem... penso. Minha irmã está na UTI, só pode entrar uma pessoa, e qualquer coisa, ela é Maysa.
—Está certo.
Caminhamos lado a lado até a entrada. Said nessa hora é bloqueado por uma cadeira de rodas, eu aproveito para falar o nome de minha irmã.
Às vezes anteriores, quem me levou até ela foi Nadir. Ela fez isso, para não chamar atenção que eu conhecia, pois Adara se passava por desmemoriada. Said se coloca ao meu lado.
—Aguarde um momento para a liberação. —O atendente me fala.
Eu encaro Said. Ele me leva até um banco. Sentamos.
Respiro fundo, tentando controlar meu nervosismo.
Pouco tempo depois uma mãe entra com uma criança. Ela grita com ela entre os braços. A menininha que parece ter três anos está azulada. Eu conheço bem os sintomas, ela está asfixiada.
Os enfermeiros demoram a aparecer. Eu me desespero e não penso em mais nada e me levanto. Corro até a criança e a tirando dos braços da mãe, aplico a chamada "manobra de Heimlich". A mão fechada 4 pancadas fortes no meio das costas, a outra mão a seguro pelo peito. Mas, não adianta, ela continuava asfixiada. Então coloco um dos meus braços ao redor da cintura e a minha mão fechada com o polegar para dentro, contra o abdômen dela, ligeiramente acima do umbigo e abaixo do limite das costelas. Agarro firmemente o pulso com a outra mão e exerço um rápido puxão para cima. Repito 4 vezes numa sequência rápida. O objeto saí. Aliviada vejo a criança tossir e começar a respirar normalmente. Ela chora e seus olhos abrem.
Eu devolvo a criança para os braços da mãe que emocionada só me agradece. Dou um sorriso para ela e limpando o suor do meu rosto, me viro para me sentar no banco que eu ocupava.
Said não está mais lá, eu o procuro com os olhos e quase dou um pulo quando ouço a voz dele nas minhas costas.
—Você é uma caixinha de surpresas. Onde aprendeu tudo isso?
Eu o encaro séria, com o coração na boca. Os olhos escuros, sempre alertas, percebem com certeza meu nervosismo com a pergunta. O olhar dele se movimenta insolentemente pelo meu rosto em busca da verdade. Eu fico sem ação por um momento, Allah! Preciso dar alguma resposta.
— Eu tive aulas de primeiros socorros.
Ele ainda me olha intrigado.
“Quarto seis da UTI liberado”. Ouço para a minha sorte. Desvio meus olhos dos dele e encaro o atendente e o procuro seu rosto dizendo:
—Preciso ir.
Said não me segura e, aliviada, firmo meus passos em direção aos corredores internos do hospital. Eu já conheço o caminho. Depois de colocar roupas especiais por cima da minha roupa e cobrir meus sapatos, entro no quarto.
Minha irmã logo que me vê, sorri para mim.
Allah! Clamei em pensamento em ver o estado dela.
Minha irmã está bem mais magra, abatida. Eu dou um sorriso confiante para ela e me posiciono ao lado de sua cama. Não posso tocá-la, muito menos dar um beijo nela.
—Ela se tornou uma grande amiga. Toda hora que ela pode, entra aqui na UTI, fala até de cuidar de mim quando eu for para a casa.
— Que bom Adara, pois eu não sei se poderei. Said me deu folga hoje, mas eu preciso trabalhar.
— Logo você! Com um diploma, se sujeitar a ser serviçal.
— É um emprego digno como qualquer outro e é por pouco tempo. — Allah! Eu espero! Penso.
Eu continuo:
— Quero que me prometa: nunca mais se envolver com Nurab de novo. Você me deve isso.
— Não quero nem ver aquele traste!
Contei para ela tudo o que aconteceu.
—Ele então é rico?! Miserável!
—Ele é um covarde isso sim! Agora descansa. Pena que não posso te dar um abraço.
—Só de ter vindo me visitar, já estou feliz. E tudo que está fazendo por mim. Estou em débito com você.
—Não se preocupe com isso. Eu não sei quando vou poder te visitar novamente. Se eu demorar, é que estou trabalhando.
Ela me observa.
—Você nem parece mais minha irmã chique, europeia.
Eu dou um sorriso.
— Pelo menos não estou usando aquela burca horrorosa!
Rimos juntas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
🖊️ AVALIAÇÃO FINAL: Texto com vários erros e trama muito superficial, pueril e inverossímil, voltada essencialmente para a atração física e a tensão sexual, confundindo o tempo todo paixão com amor e não convencendo minimamente o leitor quanto à seriedade dos acontecimentos, visto que são dois adultos que mal se conhecem se comportando como adolescentes inexperientes, dominados pelos hormônios enquanto tentam entender o que sentem (confundindo imaturamente amor com paixão) e desenvolver não um relacionamento profundo, maduro, duradouro e com propósito, mas uma espécie de cabo de guerra emotivo-sexual, onde o foco está em quem vai conseguir satisfazer melhor seus próprios desejos físicos e anseios emocionais ou em quem terá que ceder mais às exigências culturais do outro... Eu vivi uma paixão forte antes de conhecer meu esposo e sei que não é fácil abrir mão de um relacionamento entre desiguais quando estamos muito apaixonados, mas também sei que é possível e agradeço a Deus por ter acontecido o término, pois só assim pude conhecer meu esposo, com quem sou feliz há 20 anos sem nunca ter precisado fingir ser quem não sou nem viver essa montanha-russa emocional 🎢, pois as renúncias que ambos precisamos fazer desde que nos conhecemos nunca foram relacionadas à nossa essência. Além disso, não foi em 1 mês que me apaixonei tão fortemente pelo meu ex, foi num relacionamento de quase 2 anos, com muito menos diferenças a considerar e muito mais profundidade de sentimentos - perto do qual essa situação do texto é simplesmente SURREAL (foi por muito pouco que não desisti de ler antes de chegar ao desfecho)... 👀 EM SUMA: estorinha adolescente e supercial que não convence minimamente, voltada essencialmente para situações rasas e tensão sexual. No final tenta passar algo um pouco mais aprofundado, mas já está contaminado pela superficialidade e falta de maturidade dos personagens, não dá mais pra levar a sério (a mudança abrupta torna tudo ainda menos verossímil). Muita decepção depois de ter lido "O Egípcio", da mesma autora... 💔...
* Além de tudo é hipócrita. O discurso de tradicionalista só vai até onde lhe convém, onde não convém que se lasque... Não é convicção religiosa, é mero interesse... Mais uma característica revoltante desse mimadinho narcisista fantasiado de homem... 🤮...
⁉️ "Até que ponto ela lutaria por mim?"... "Não aceitarei pontos nem vírgulas entre nós" ... Ora... E você, cara pálida, até que ponto lutará e cederá por ela?... Esses "mocinhos" de romance hoje em dia não servem nem pra espantalho de horta... É a mulher que tem que conquistar os caras, nunca o contrário... 🙄 E essas protagonistas pamonhas me dão nos nervos, sem força de vontade e respeito próprio nenhum, só pensando com os hormônios... 😒...
😒 Oh, coitadinho... O abusador bárbaro com pose de juiz justiceiro está arrazado porque em poucos dias se apaixou pela ladra que ele desprezava e agora percebeu que ela é de outra cultura e o vê com maus olhos depois de ele ter agido como um troglodita... Ah, faça-me o favor!... Que coisa mais sem nexo. Até parece que um árabe tradicionalista iria perceber que era visto como um bárbaro selvagem, sendo que pra ele ser assim é que é o certo... E um cara desse nunca iria se interessar por uma mulher cujo comportamento ele despreza, muito menos em poucos dias... Ainda mais tendo visto a mulher desde o início como se fosse apenas um pedaço de carne, não uma pessoa... Essa conversa de "eu a amo" e "eu o amo" chega a ser risível... Quem ama alguém em poucos dias, só porque não consegue controlar os próprios hormônios e vê o outro como se estivesse no cio? Desde quando isso é amor?... 👀...
😵💫 Mas que negócio sem cabimento... O cara tem namorada/noiva e fica querendo agarrar e beijar a outra, enquanto tenta dar lição de moral... Num dia quer humilhar a mulher e no outro já está dizendo que não sabe como ficar longe dela, como se fosse bipolar... Parece redação de adolescente do ensino médio isso... 😒...
❗ Ah, vá catar coquinho na descida, amigo... Sério que você quer "preservá-la, torná-la uma pessoa melhor e fazê-la agir como uma dama"... olhando-a como se fosse um pedaço de carne, agarrando-a e beijando-a ao seu bel prazer? Que conversa pra boi dormir é essa? Só se for pra rir... Já não basta a tola agir como uma adolescente dominada pelos hormônios e sem juízo, com essa rebeldia infantil de querer se mostrar e se afirmar com essa maquiagem fora de hora e lugar, ainda vem o cara com esse discurso de político em véspera de eleição?... Tá cada vez pior essa estória... 🙄...
⁉️ Minha nossa, quanta superficialidade e futilidade... Comecei a ler essa estória depois de ler O EGÍPCIO, mas que decepção... Pelo visto será só mais do mesmo de apelação sexual e relacionamentos baseados no carnal, sem nada de realmente relevante ou mais profundo, com personagens que mais parecem ratos marsupiais australianos do que seres humanos... Se for isso mesmo, não vou até o final, não. Sinto muito. Quero literatura de verdade, não futilidade e pornografia disfarçada de romance... 🫤...
Aff... Por que essas protagonistas sempre tem que ficar se derretendo diante dos caras como adolescentes sem cérebro, dominadas pelos hormônios? Me dá até vergonha como mulher esse comportamento fraco e patético... Não podem ver um rosto bonito ou um corpo bem feito que já estão se derretendo, mesmo o cara sendo um néscio, um cafajeste, um animal violento, um qualquer que não vale nada... 🙄 Esse tal Said poderia ser lindo de morrer, mas com esse comportamento de besta quadrada, sem contar a arrogância e o abuso sexual, sequer seria visto como um homem por mim... E ainda fuma, pra piorar (cheira mal)... Que atitude deprimente a dessa Maysa... Se passar pela irmã tola e irresponsável para pagar por uma dívida que não é sua e ainda sentir atração pelo energúmeno que a trata como vadia... É uma vergonha pra mim como mulher... 😒...
Uma das melhores historias que ja li aqui no site,muito boa mesmo!...
Linda a história!!!!...