Dia seguinte, oito horas da manhã, casa de Helena...
Khadija
Eu envolvo a xícara de porcelana com os dedos para sentir seu calor. Helena e eu estamos na cozinha tomando chocolate quente.
—Essa casa agora tem perfume de rosas.
Eu fungo.
—Ele está tentando amolecer meu coração.
Os cartões agora estão cheios de declarações de carinho e amor. “Rosas para uma mulher especial, com amor Rashid”. “Te amo, Rashid” E não com alguma palavra que me agradasse e depois as falas: “preciso de seu serviço, esteja pronta essa noite. ”
—E tem conseguido?
—Não sei. Ele ainda me assusta, e muito. Tenho medo de me machucar. Desculpe-me por ontem. As flores tumultuaram as coisas para você.
—Imagina, deu tudo certo. Ele de certa forma entendeu. —Ela riu. —Roger precisa confiar em mim. Mas sabe que gostei do ciúme dele? Isso prova que ele me ama. Ele só não gostou de saber que Rashid te descobriu.
—Homem conhece outro homem. Sabe que tenho medo que ele esteja certo?
—Nada disso! Não pensa assim. Dê uma chance para vocês dois.
—Vamos ver...
Ela funga e depois faz que entende acenando um sim com a cabeça e olha o relógio.
—Estou atrasada. —Ela diz colocando sua xícara no balcão da cozinha.
—Bom trabalho!
Ele me olha séria:
—Khadija. Por favor, descanse. A casa está limpa. Não quero você se esforçando.
—Gravidez não é doença.
—Eu sei, mas você está muito barriguda. Sei que a barriga nessa fase começa a pesar.
Eu assinto para ela.
—Sim, senhorita. —Digo num tom de brincadeira.
A campainha toca. Meu coração dá um pulo no peito. Desde que Rashid me encontrou, estou uma pilha de nervos.
—Fique aqui, eu verei quem é.
Eu assinto e coloco a xícara com o chocolate pela metade no balcão. Meu estômago está embrulhado e minhas mãos tremem muito. Meu coração, então, quase está saindo da garganta.
Ouço vozes na sala, então Helena entra na cozinha, e para meu desconforto, logo em seguida entra Rashid. Eu saio do banquinho que estou sentada e o encaro. As coisas andam um tanto estranhas entre nós agora. Eu sentia minha mente girar com todas as possibilidades. Um misto de sentimentos apertou meu coração. O medo de me machucar novamente e ao mesmo tempo o fascínio que sinto por ele. Fico paralisada, sinto arrepios pelo corpo em vê-lo. Queria permanecer dura e não ser afetada por ele, mas não consigo. Meu coração acelera muito mais, sinto nosso filho se mexer, isso me transtorna.
Não éramos mais duas pessoas transando sem compromisso. Teríamos que encarar nosso futuro de frente. A minha gravidez já é grande peso por si só.
—Bem, eu já estava de saída. —Helena diz e sai imediatamente.
Mas eu nem olhei para ela, meus olhos estão presos no de Rashid. Ele como sempre está lindo. E por incrível que pareça, hoje ele não está usando roupas sociais. Está usando uma calça de lã preta, camisa branca e uma jaqueta de couro. Ele não está abatido. Está mais másculo e viril, os olhos brilhantes, a barba escura aparada. Isso me dá mais raiva.
Parece que ele quer provar sua mudança a partir de suas roupas. A questão é: Eu devo acreditar nisso?
—Khadija. Quero que venha comigo. Precisamos conversar, mas não aqui. Quero te mostrar uma coisa.
Allah! Ele mal entrou, já fala comigo mandão. Uma onda de raiva me domina.
—Vamos até a sala e conversamos lá. —Digo, seca.
Rashid não se move do lugar, parece frustrado com minhas palavras.
—Por favor. Khadija. Preciso que venha comigo.
Ignoro a mão estendida e opto por um olhar duro, coeficiente dez.
—Rashid, mesmo grávida de um filho seu, eu não me sinto mais em suas mãos. Você não pode chegar aqui querendo sempre decidir minha vida.
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