Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 74

Khadija

Ele está parado na minha frente, alto, poderoso, mas vejo o outro lado também. Engulo em seco, nervosa. Apenas estamos nos fitando, mas a fome continua entre nós, vigorosa, intensa. Seus olhos ardem na minha direção.

Alto e moreno, com aqueles cabelos escuros, a barba aparada. Hoje ele está todo de preto, calça e camisa. Extremamente masculino. A dor familiar de desejá-lo agita-se e se intensifica. Mas o que atrai agora acima de tudo isso é algo que vejo de diferente nele, um quê de humildade em seus traços. Mas uma coisa não mudou, o seu olhar. Allah, extremamente sensual. Minhas mãos comicham para tocá-lo e meus lábios para tomar os dele. Isso me dá raiva. Tenho que estar com a cabeça no lugar. Tenho muito medo do que virá a seguir, mais de mim do que dele. Mas sei que preciso resolver as coisas com ele e por isso não estou colocando obstáculos para ouvi-lo. Contudo, não irei me entregar aos seus encantos. Preciso estar centrada naquilo que desejo. Eu o quero por completo. Chega de ter partes dele, quero seu coração. Estou cansada demais de seus jogos de sedução.

Ele está confuso? Ou realmente se deu conta que me ama?

—Oi. —Ele diz. —Vim para conversarmos, mas não gostaria de falar com você aqui? Precisamos de um lugar reservado, sem interrupções. Acho que te dei tempo suficiente para pensar.

Eu? Pensar?

—Esse tempo foi para mim, ou para você?

Ele me olha por um tempo, sem resposta.

—Khadija, eu tenho certeza que te amo. Não preciso de tempo para entender isso. Eu já tive cinco longos meses para me dar conta disso. Vamos?

Fico paralisada por causa do medo que vem incontrolável, avisando-me do perigo. Me sinto corajosa quando digo:

—Vou pegar um casaco.

Eu passo pela sala e ignoro o olhar de reprovação de Roger. Pego um casaco preto no guarda-roupa e me dirijo para a sala novamente.

Helena sorri para mim. Roger está lá, o olhar vazio voltado para um lado da casa.

Eu dou um leve sorriso para Helena e vou até o hall. Rashid está lá. O rosto sombrio.

Rashid sente a minha presença e volta o rosto para mim. Seu olhar é vulnerável. Eu troco de pé e mexo nos botões do meu casaco, prefiro vê-lo como o cara malvado. Assim é mais fácil ignorar o quanto eu o desejo.

—Vamos? —Ele sorri de leve.

Eu assinto séria. Saímos da casa em direção a calçada. Procuro com os olhos sua comitiva. Há, apenas, um único carro estacionado, uma Mercedes preta, sem motorista.

Rashid está dirigindo hoje?

Eu não digo nada. Ele abre a porta da frente eu entrar. Eu entro. O carro cheira ele. Isso é o suficiente para eu me sentir atordoada. Rashid dá a volta e ocupa o assento do motorista. Então olha para mim.

—Coloque o cinto. —Ele diz colocando o seu cinto.

Eu obedeço. Nunca o vi dirigir, é a primeira vez.

—Vou ligar o ar condicionado. Está muito frio.

Eu concordo com a cabeça. Ele liga e logo coloca o carro em movimento. Estremeço. Resisto ao impulso de observá-lo dirigindo. Rashid dirige com cuidado, tão lento que dá nos nervos.

—Para onde vamos?

Ele relanceia o olhar para mim e volta para o trânsito.

—Em um lugar tranquilo para conversar.

Levamos quinze minutos para chegar até um bairro residencial com casas de médio padrão e que ficam de frente para o mar. Eu não entendo nada. E olho para ele.

—Por que entramos nesse bairro?

Rashid estaciona em frente uma casa. Eu a olho de dentro do carro. Branca com caramanchões de primavera vermelha preso as suas duas colunas e que se unem acima, fazendo um arco de vermelho vivo na entrada. A casa é térrea, avarandada. Há duas redes balançando pelo vento na varanda lateral dela. Plantas espalhadas. Ela tem um paisagismo perfeito, com uma enorme árvore no gramado cercado por lindas flores e arbustos.

—Vem, vamos descer.

Ele desce primeiro e abre a porta para mim.

—Rashid, o que significa tudo isso?

Seu olhar quente e cheio de amor me paralisa. Perco o ar e a fala.

—Lá dentro conversamos.

Ele estende sua mão para mim, ofegante e confusa pego a mão dele. Rashid está tão estranho, tudo é muito estranho e eu estou com medo do que vem a seguir.

Seguimos um caminho de pedra delineado com flores e azaleias coloridas, levando a casa. Ele relanceia o olhar para mim, apertando minha mão carinhosamente enquanto o acompanho insegura. Sei que chegamos ao ponto crucial de nossa relação, onde se definirá tudo.

Subimos alguns degraus até a linda varanda o chão composto com madeira nobre.

Rashid abre a grande porta com chave e faz um gesto para eu entrar. Entramos num hall espaçoso com chão de cerâmica. Há nele um lindo aparador cor de ouro envelhecido onde Rashid colocou as chaves.

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