Melinda de Sá
Acordei no dia seguinte na cama do Diogo, estava entrelaçada em seu corpo. Olhei para os lados e tentei me afastar, levantei e procurei meus óculos, encontrei no criado mudo e coloquei. Vesti minhas roupas que estavam espalhadas pelo chão.
Não podia sair as escondidas, mas também não queria mais ficar ali, não sei, mas senti um vazio estranho no peito, algo que não sabia explicar muito bem. Cheguei ao lado dele e chacoalhei um pouco seu ombro.
- Diogo, tenho que ir embora.
Ele demorou para abrir os olhos e parecendo ainda estar dormindo assentiu voltando a dormir. Fui até a cozinha e deixei um bilhete, em um bloquinho que tinha na geladeira, dizendo que tinha ido embora.
Dei partida no meu golzinho em direção a minha casa que ficava um pouco distante dali. Aquela sensação de vazio parecia me atingir cada vez mais durante o caminho.
Parei em um cruzamento e peguei meu celular, tinha muitas mensagens no grupo da minha família marcando um almoço para comemorar o dia das mães no dia seguinte.
Tinha uma mensagem da Maria me perguntando também o porquê de Vincenzo estar triste. Suspirei e abri a conversa do Vincenzo, que tinha me mandando uma imagem antes de me ligar no dia anterior. Antes da imagem carregar o sinal abriu e os carros de trás começaram a buzinar, dei partida e chequei o celular para ver se já tinha carregado, e encontrei uma foto tirada no ano novo, meu coração saltou.
Meus braços estavam em volta do corpo do Vincenzo que envolvia minha cintura com seu braço, nós dois tínhamos um sorriso no rosto.
Ver essa foto fez minha cabeça revirar e algumas coisas novas surgiram.
Não sei se eram lembranças, ou minha imaginação, ou um reflexo, mas rapidamente meus olhos viram Vincenzo me colocando contra a porta e deslizando as mãos por todo o meu corpo enquanto me beijava. Minha cabeça rodou com um impacto, e a memória desapareceu dando lugar a confusão.
Meu celular caiu da minha mão, e meu corpo foi jogado contra o volante. Minha respiração começou a ficar entrecortada e quando o barulho passou e somente o silêncio dominou meus ouvidos, abri os olhos e vi meu carro na traseira de outro. Ai meu Deus, eu tinha causado um acidente.
Meus olhos se encheram de lágrimas, meus óculos tinham voado para o para-brisa e eu enxergava embaçado.
— Você está louca? Olha o que você fez com o meu carro — ouvi longe.
Olhei pela janela e um homem apontava para o carro preto a frente, levei a mão até minha cabeça e senti algo gosmento.
Meu estômago revirou, e meu desespero bateu, levei a mão até minha barriga com medo.
Abri a porta do carro e coloquei minha perna para fora, andar pelo menos eu parecia conseguir.
Cambaleei e apoiei a mão no meu carro.
Meu estômago deu sinal de vida novamente e eu me curei vomitando na avenida. O homem que antes gritava comigo me estendeu o braço que eu segurei nele.
- Você está bem, moça? - uma senhora parou ao meu lado se abaixando para me olhar.
— Sim, só estou um pouco tonta.
— Você bateu a cabeça?
— Acho que não.
Levei a mão até meu ventre, para quem sabe assim tentar saber do meu filho.
Mesmo com a vista embaçada olhei para o desastre que eu tinha causado, tinha acertado em cheio a traseira do da frente que consecutivamente acertou o da frente. Minha cabeça girou mais ainda ao ver aquilo, eu não acreditava que
tinha feito aquilo.
— Quero ver quem vai pagar pelo prejuízo!- o homem gritou no meu ouvido.
— Não está vendo que ela não está bem? Ela pode estar precisando de um médico. _ a senhora falou.
— Eu estou grávida. — falei com dificuldade procurando voltar ao banco do meu carro para sentar.
— Viu! Ao invés de se preocupar com seu carro, ligue para uma ambulância.
— Eu pago o prejuízo, não tem problemas, só me levem para um hospital, por favor. - pedi conseguindo sentar.
A senhora de cabelos brancos me ajudou a sentar no banco do meu carro, enquanto o homem irritado chamava uma ambulância. Mostrei meus documentos e ainda um pouco confusa dei meu número de celular para tratar do concerto do carro. Pelo visto só eu tinha saído danificada fisicamente daquele acidente.
Minhas costas doíam muito e minha cabeça latejava mais ainda, talvez pela preocupação que estava com o meu bebê.
Comecei a chorar percebendo a demora da ambulância que haviam chamado para mim, as pessoas podiam me achar ridícula, mas ninguém entendia a aflição de não saber como meu filho estava.
A ambulância chegou e a senhora recolheu minhas coisas entregando para o paramédico, pedi para que ele me levasse para o hospital que Rick trabalhava e assim fizeram. O homem que estava bravo comigo acabou ficando responsável em ligar para o seguro e tratar do concerto dos carros.
Quando cheguei ao hospital Rick estava esperando a ambulância, ele conversou com os paramédicos e então segurou minha mão.
— Vai ficar tudo bem.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Engravidei a minha melhor amiga
Cadê os próximos capítulos......
Um livro maravilhoso até agora, não vejo a hora de liberarem mais capítulos...