Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 11

Ele bateu a porta com força, virou-se e foi direto para a cozinha. Olhou para as refeições que havia levado para casa e, de repente, tudo lhe pareceu ridículo. Uma raiva silenciosa tomou conta dele. Sem pensar duas vezes, jogou tudo no lixo.

Pegou o celular e discou o número dela. Chamou três vezes, mas ninguém atendeu. Prestes a explodir novamente, lembrou-se de que o celular da Beatriz estava quebrado.

Gabriel suspirou fundo, engoliu a irritação e decidiu não ligar de novo. Com o rosto fechado e o olhar frio, voltou para a suíte, tomou um banho e se preparou para dormir.

“Que vá para onde quiser. Se quiser morrer, que morra. Não é problema meu.”

Duas da manhã.

Na cama, Gabriel acordou com o estômago revirando, um desconforto crescente que o deixava cada vez mais irritado. Sem perceber, murmurou:

— Beatriz... A sopa pra ressaca...

Olhou para a porta do quarto, ainda entreaberta, do mesmo jeito que havia deixado horas antes. Cerrando os punhos, frustrado, levantou-se para procurar algum remédio para o estômago.

O churrasco do jantar tinha sido pesado demais. Mal havia comido, mas bebeu soju mesmo assim, e agora o corpo cobrava o preço.

Com o estômago vazio, foi até a geladeira. Lembrava bem que Beatriz tinha preparado alguns pratos para o jantar. Mas, ao abrir a porta, não havia nada ali.

Foi até a cozinha. As bancadas e armários, tudo limpo, vazio, como se nunca tivesse existido comida naquele lugar.

Naquele instante, despertou por completo, tomado por uma fúria silenciosa que fervia por dentro.

— Fez questão de ser radical, né? — Murmurou entre os dentes. — Quem te deu o direito de me desafiar? Se tem coragem, então não volte nunca mais!

Na manhã seguinte, no escritório.

O assistente Rafael percebeu logo, o Sr. Gabriel estava com uma aura sombria naquele dia. Parecia ameaçador. Para não correr riscos, manteve distância, chegando a dar três passos para trás enquanto entregava o relatório.

— Vá escolher um celular. — Pela manhã, Gabriel entregou uma pilha de documentos assinados e falou, seco.

— O senhor prefere alguma marca ou modelo específico? — Rafael perguntou, com extremo cuidado.

— Tanto faz. — Gabriel respondeu, visivelmente irritado.

— E quanto à cor, às funções... — Rafael tentou perguntar, mas foi cortado imediatamente:

— Não falei que tanto faz? Qualquer um que sirva para fazer ligação tá bom.

Rafael quase tremia. Pegou os papéis às pressas e saiu do escritório. Quando fechou a porta, soltou um longo suspiro, aliviado, como quem escapava de um campo minado.

— Isso tá estranho... — Murmurou para si mesmo. — O Sr. Gabriel manda comprar, mas diz que tanto faz... E se eu escolher errado? Como é que fica?

Balançou a cabeça, resignado. Trabalhar com ele era pior do que conviver com um tigre faminto.

Enquanto isso, no hospital...

Beatriz estava deitada de bruços na cama, o peso do corpo pressionando ainda mais as costas doloridas. A região lombar doía tanto que mal conseguia descansar. Tinha ido dormir cedo, mas acordava várias vezes durante a noite, vencida pela dor.

Pela manhã, olhou o celular, três chamadas não atendidas do Gabriel. Nem cogitou retornar. Só então se lembrou de que, na pressa de sair na noite anterior, havia esquecido o notebook. O jeito foi usar o celular com a tela quebrada, forçando a vista para assistir aos vídeos de estudo.

À tarde, saiu o resultado do raio-X: fratura no cóccix.

Beatriz olhou para a imagem com um olhar frio, distante.

“Uma vez me jogou no chão. Outra, me empurrou com força. E ontem ainda teve a audácia de me acusar de tentativa de homicídio… Quem, na verdade, tenta matar alguém é ele.”

— Se você estiver sofrendo violência doméstica, pode pedir assistência jurídica. — Comentou a enfermeira, enquanto aplicava uma compressa quente na área dolorida.

— Obrigada. Se eu precisar, farei isso, sim. — Beatriz respondeu calma, guardando o exame na pasta com cuidado.

Todas aquelas evidências seriam provas concretas. Se Gabriel não pedisse o divórcio, no final, seria ela quem colocaria um ponto final. Violência doméstica somada à traição… Provas sólidas e irrefutáveis.

Sem alternativa, Gabriel a carregou nos braços até o hotel, encontrou o número do quarto no cartão e subiu até o quinto andar.

Um bip suave, a porta se abriu. Ele a deitou na cama. Quando tentou se afastar, sentiu os braços dela apertando seu pescoço, puxando-o de volta.

— Vi…

Ele tentou protestar, mas acabou caindo sobre o colchão. O perfume doce e intenso dela o envolveu na mesma hora.

Vitória sussurrou, entre lágrimas abafadas:

— Gabi… Não vai embora… Você não ama a Bia… Eu te amo tanto… Eu te amo…

— Eu não gosto dela. — Gabriel respondeu rápido, tentando se afastar. Mas, antes que conseguisse, sentiu os lábios dela encontrarem os seus.

— Não… Você ama sim… Você se casou com ela… Você vai voltar para ficar com ela… — Vitória murmurava, como se aquilo a despedaçasse por dentro.

As palavras dela ecoaram na cabeça dele. Gabriel queria gritar:

“Eu não amo a Beatriz! Nem um pouco! Me casei com ela porque meu avô me obrigou! Eu nunca vou amar aquela mulher!”

Mas ações falam mais alto que palavras. Para provar, talvez mais a si mesmo do que à Vitória, que ele não voltaria para Beatriz, puxou o rosto dela e aprofundou o beijo.

O ar no quarto ficou pesado, quente, carregado de desejo.

Os braços delicados de Vitória o puxavam ainda mais para perto. Os beijos desceram do rosto para o pescoço, depois para a clavícula.

Mas, no fundo da mente de Gabriel… O rosto que surgia era o de Beatriz. A raiva, o desejo reprimido, a frustração… Tudo misturado, fazendo-o beijar com uma intensidade quase violenta, como se tentasse apagar aquela imagem à força.

De repente, sentiu a mão dela descendo suavemente, e o toque inesperado foi como um balde de água fria. Ele parou na hora.

Vitória abriu os olhos, confusa, a respiração ofegante. Gabriel apoiou-se nos cotovelos, encarando-a, o olhar perdido entre surpresa e desconcerto. No segundo seguinte, virou-se de lado, afastando-se, em silêncio.

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