Depois que expulsaram todos do quarto, o médico finalmente chegou. Beatriz mordeu os lábios com força, tentando conter a dor, mas era impossível… As lágrimas simplesmente transbordaram, silenciosas e incontroláveis.
O quarto voltou a ficar em silêncio, interrompido apenas pelos soluços abafados dela. As outras pacientes olhavam-na com compaixão nos olhos; todas sabiam exatamente o que tinham acabado de presenciar.
— Violência doméstica é crime. Eu vou chamar a polícia agora. — A enfermeira declarou, indignada, pegando o celular.
Gabriel, como se despertasse de um transe, arrancou o telefone das mãos dela com brutalidade.
— Não foi por minha causa! Que violência doméstica, o quê! Falar besteira assim… Posso acabar com o seu emprego! — Rosnou, cruel.
— E essa fratura no cóccix dela? Não foi você que causou? — A enfermeira rebateu, encarando-o com desprezo.
Cóccix...
Gabriel ficou paralisado. Seus olhos caíram lentamente sobre a região machucada de Beatriz.
Primeira vez… Ele a jogou no chão.
Segunda vez… A empurrou com força.
“Será que… Fui eu?”
A enfermeira viu o silêncio dele e não perdoou:
— Bonitão, não é? Por fora parece um príncipe… Por dentro, não passa de um covarde agressor.
Ela tentou discar o número da polícia novamente, mas Rafael chegou correndo, segurou o braço dela e, quase implorando, pediu desculpas, levando-a para um canto e tentando conter o estrago.
Gabriel permaneceu ali, imóvel. O som dos soluços abafados de Beatriz parecia martelar em sua cabeça, ecoando sem parar.
Ele não saiu do lugar durante todo o tempo em que o médico examinava e tratava Beatriz. Só depois que o médico saiu, Gabriel finalmente se mexeu. Agarrou o braço do profissional e perguntou, a voz rouca e amarga:
— Doutor…
— A paciente vai ficar bem. — O médico respondeu seco, sem o menor traço de simpatia.
— Vai precisar de cirurgia? — Gabriel perguntou, hesitante, quase temendo a resposta.
— Fratura no cóccix não é caso cirúrgico. Ela precisa de repouso e internação. — Explicou o médico.
Gabriel soltou o ar, como se estivesse tirando um peso do peito.
— Pessoas não autorizadas devem permanecer longe do quarto. Na próxima vez, chamo a polícia sem hesitar. — O médico advertiu, firme, antes de sair.
As palavras que Gabriel queria dizer morreram na garganta. Ele apertou os punhos com força, baixou o olhar... E ficou em silêncio.
Depois de alguns segundos, respirou fundo e entrou novamente no quarto.
— E eu não estou falando numa boa? — Beatriz soltou uma risada fria. — Qual parte minha não é verdade?
— Você… — Gabriel tentou argumentar, mas ela não deixou.
— Vai me contradizer? Porque, se for, significa que você se importa comigo. Significa que me procurou não por conveniência, mas porque realmente se preocupa. E a gente sabe que não é o caso, né?
O rosto dele travou. A primeira parte do que ela disse o irritava profundamente… Mas a segunda… Ele não podia rebater.
— Em que momento eu disse que você tinha que me servir? Tá delirando. — Tentou se defender, a irritação crescendo.
— Ah, não? — Beatriz sorriu, o olhar frio como gelo. — Então quem foi que, anteontem, me obrigou a cozinhar para você e para sua ex-namorada? E quem foi que me empurrou, me jogando no chão, a ponto de fraturar minha coluna?
Ela respirou fundo, e continuou, cada palavra como uma bofetada:
— Foi a Vitória quem jogou a travessa no chão de propósito. O vapor quente queimou meu pé. As bolhas estouraram todas. E você? Em vez de se preocupar, me acusou de tentar matá-la.
O resumo frio, direto, ecoou pelo quarto.
As outras pacientes, que até então apenas ouviam em silêncio, puxaram o ar num suspiro coletivo de indignação.
Que tipo de homem fazia isso?
Humilhar a própria esposa junto com a ex-namorada? Se não fosse por viverem em um país civilizado, alguém já teria partido pra cima dele ali mesmo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle
Desbloqueia quero pagar pra ler!!!!!...
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Eu estou pagando para ler os capítulos e vcs não desbloqueiam para que eu possa ler. O que acontece????...
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