Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 31

[Caso contrário, as pessoas vão achar que meu assistente não tem o mínimo de profissionalismo.]

Rafael soltou um risinho.

“Hehehe... Essa desculpa aí só deixou mais na cara, hein? Tentou esconder e acabou se entregando.”

Mas, como um bom funcionário com carteira assinada, ele só ousava resmungar por dentro, responder, jamais.

O carro seguia em velocidade constante. Beatriz olhava pela janela, distraída com a paisagem, sem a menor vontade de perguntar como Gabriel sabia o horário da sua alta, muito menos por que ele tinha ido buscá-la.

Afinal, a razão era sempre a mesma: calar a boca dela. Evitar que dissesse algo inconveniente na frente do Sr. Henrique. Ou talvez... Fosse só um resto de consciência. No fim das contas, tinha sido ele quem a derrubou e causou a fratura.

No banco de trás, Gabriel também mantinha o silêncio. O olhar fixo na parte de trás da cabeça dela, depois descendo até o pé.

As bolhas haviam sumido, restando só marcas vermelhas bem suaves. Ela já andava com leveza, e a pele do rosto tinha um tom saudável, sinal de que a circulação estava boa.

Pelo visto, aquelas refeições nutritivas não foram à toa.

Com esse pensamento, ele deixou escapar um leve sorriso. Brigados na aparência, sim, mas no fundo ela aceitava tudo que ele mandava, o celular, a comida...

Mesmo assim, nem um “obrigada” ela tinha dito. O sorriso sumiu, e a irritação voltou a tomar conta.

Mas, no fim, ele sabia que a culpa pelo acidente era, em parte, dele. Então resolveu deixar para lá.

Quando o carro chegou ao condomínio, Beatriz achou que Gabriel apenas a deixaria na entrada e seguiria o dia. Afinal, era um dia útil. Mas, para sua surpresa, ele desceu com a bolsa dela na mão e abriu a porta do carro.

— Eu posso subir sozinha. — Disse Beatriz, com frieza.

Gabriel não respondeu na hora. Só quando passou o cartão e abriu o portão, olhou por cima do ombro com uma expressão um tanto desconfortável:

— Não pense que eu quis te acompanhar, tá? Só não quero escutar meu avô reclamando depois.

Beatriz o acompanhou em silêncio, sem reagir. Nem notou a expressão incomum no rosto dele.

Claro que ela sabia que Gabriel não era o tipo que fazia algo por gentileza. E também não era ingênua a ponto de se iludir.

Rafael, assistindo à cena, fez uma careta difícil de descrever. Por dentro, comentou com sarcasmo:

"Tsc... Quem vê até pensa que ela é a dona da casa. Que cara de pau..."

Beatriz, no entanto, não se sentou. Seguiu direto para o quarto. Ao ver a porta entreaberta, parou por um instante.

Quando empurrou e olhou pra dentro, ficou paralisada. A disposição do ambiente havia mudado completamente, móveis, objetos, decoração. Nada mais estava no lugar. Aquele quarto... Já não era mais seu.

— Ai, o Gabi não te contou? — Vitória se aproximou com o copo d’água, falando como se fosse a coisa mais natural do mundo. — Me mudei temporariamente para cá, e como eu trouxe muita coisa, acabei ficando no seu quarto. Você não se importa, né?

Beatriz cerrou os punhos com força e se virou, lançando um olhar cortante para Gabriel.

— Seu quarto é maior. Deixa para Vi. Você pode dormir no menorzinho. — Disse ele, como se fosse a decisão mais lógica do mundo.

— É só um quarto, precisa fazer essa cara toda? Quando a Vi for embora, você volta para cá, ué. — Completou ele, já impaciente.