Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 427

O médico assentiu discretamente com a cabeça. Sabia que aquele estado mental de Gabriel era temporário. Os medicamentos neurológicos ainda não haviam sido completamente metabolizados.

— E o seu ânimo? Está com sono? — Perguntou, observando-o com atenção.

Gabriel balançou a cabeça.

— Não. Não tô com sono.

O médico sorriu, leve.

— Ótimo. Então vamos conversar um pouco. Só um bate-papo, como dois amigos. Nada formal, fique tranquilo.

Ao ouvir isso, Gabriel imediatamente entendeu de onde vinha aquela sensação estranha que sentia desde o início.

“Claro.

Aquele cara não era um médico comum.

Era um maldito psicólogo.”

Fazia sentido ele ter chegado perguntando tanta coisa daquele jeito.

Na hora, seu rosto fechou completamente. Frio, direto, disse:

— Vai embora. Não quero conversar com você.

O psicólogo notou a mudança brusca no tom. O paciente que até agora parecia calmo de repente havia endurecido o semblante. Ainda assim, tentou manter a cordialidade.

— Eu não vim pra inva...

— Eu disse pra ir embora! — Gritou Gabriel, com a voz rouca, apagando-se no fim da frase por pura falta de fôlego.

O psicólogo entendeu.

Já sabia, por relatos da família, que ele rejeitava qualquer tipo de tratamento psicológico.

E agora, com essa reação explosiva, ficava evidente: Gabriel já havia sacado quem ele era.

Forçar a barra só pioraria.

Com o paciente em estado de recusa e emocionalmente instável, insistir só geraria efeito contrário.

Levantou-se com calma.

— Tudo bem. Descanse por hoje. Amanhã tal...

— Cai fora! TODOS! Fora daqui!!! — Berrou Gabriel, os olhos inflamados de raiva, as veias do pescoço saltando.

Ele já tinha sido educado antes. Se o sujeito ainda queria insistir, agora aguentasse.

— Eu não tô doente, porra nenhuma! Não preciso de médico nenhum! Saiam todos do meu quarto! — Gritou, encarando o psicólogo e os seguranças, deixando claro que o recado era geral.

Que levassem o aviso ao avô também.

Ele nunca teve intenção de se matar.

Com que direito vinham enfiar um psicólogo ali?!

Ele estava bem.

A mente dele estava perfeita!

O médico, ao ver a reação tão agressiva de Gabriel diante da ideia de uma simples conversa, percebeu que a situação era muito mais grave do que imaginava.

E aquele olhar sombrio, afiado, carregado de hostilidade...

Chegou a intimidá-lo. Deu dois passos para trás, instintivamente.

Aquilo não era apenas resistência a tratamento.

Virou o rosto para o lado, sem dizer nada, recusando-se a encará-lo.

O Sr. Henrique entrou com passos lentos, mas firmes, o olhar pousado no neto, que ainda fervia de raiva como uma criança teimosa.

Depois, olhou para o psicólogo, que permanecia parado, constrangido.

Fez um sinal breve com a mão.

O mordomo entendeu na hora e acompanhou o profissional para fora.

Assim que ficaram a sós, o semblante de Sr. Henrique ficou ainda mais severo.

Sério como ferro, ameaçador como um general diante de um soldado rebelde.

— Se tem coragem, repete o que você acabou de dizer. — Disparou ele, com a voz baixa, firme e dura.

Gabriel permaneceu em silêncio.

— Tá se achando muito forte, né, Gabriel? Por que eu fui te salvar, então? Devia ter deixado você se contorcendo até parar de respirar! — Vociferou o velho, perdendo a paciência.

Gabriel não respondeu.

Permaneceu na mesma posição, o rosto virado para o lado, imóvel, em completo silêncio.

Foi então que o mordomo retornou, após acompanhar o médico até a saída.

Trouxe uma cadeira e colocou ao lado da cama para que o Sr. Henrique se sentasse.

Os dois, avô e neto, permaneciam em um duelo mudo de vontades. Nenhum dos dois disposto a ceder.

O mordomo, tentando apaziguar, falou com cuidado:

— Sr. Gabriel... o Sr. Henrique só está preocupado com o senhor. Tudo isso é porque ele quer ver você bem, recuperado o quanto antes.

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