O médico assentiu discretamente com a cabeça. Sabia que aquele estado mental de Gabriel era temporário. Os medicamentos neurológicos ainda não haviam sido completamente metabolizados.
— E o seu ânimo? Está com sono? — Perguntou, observando-o com atenção.
Gabriel balançou a cabeça.
— Não. Não tô com sono.
O médico sorriu, leve.
— Ótimo. Então vamos conversar um pouco. Só um bate-papo, como dois amigos. Nada formal, fique tranquilo.
Ao ouvir isso, Gabriel imediatamente entendeu de onde vinha aquela sensação estranha que sentia desde o início.
“Claro.
Aquele cara não era um médico comum.
Era um maldito psicólogo.”
Fazia sentido ele ter chegado perguntando tanta coisa daquele jeito.
Na hora, seu rosto fechou completamente. Frio, direto, disse:
— Vai embora. Não quero conversar com você.
O psicólogo notou a mudança brusca no tom. O paciente que até agora parecia calmo de repente havia endurecido o semblante. Ainda assim, tentou manter a cordialidade.
— Eu não vim pra inva...
— Eu disse pra ir embora! — Gritou Gabriel, com a voz rouca, apagando-se no fim da frase por pura falta de fôlego.
O psicólogo entendeu.
Já sabia, por relatos da família, que ele rejeitava qualquer tipo de tratamento psicológico.
E agora, com essa reação explosiva, ficava evidente: Gabriel já havia sacado quem ele era.
Forçar a barra só pioraria.
Com o paciente em estado de recusa e emocionalmente instável, insistir só geraria efeito contrário.
Levantou-se com calma.
— Tudo bem. Descanse por hoje. Amanhã tal...
— Cai fora! TODOS! Fora daqui!!! — Berrou Gabriel, os olhos inflamados de raiva, as veias do pescoço saltando.
Ele já tinha sido educado antes. Se o sujeito ainda queria insistir, agora aguentasse.
— Eu não tô doente, porra nenhuma! Não preciso de médico nenhum! Saiam todos do meu quarto! — Gritou, encarando o psicólogo e os seguranças, deixando claro que o recado era geral.
Que levassem o aviso ao avô também.
Ele nunca teve intenção de se matar.
Com que direito vinham enfiar um psicólogo ali?!
Ele estava bem.
A mente dele estava perfeita!
O médico, ao ver a reação tão agressiva de Gabriel diante da ideia de uma simples conversa, percebeu que a situação era muito mais grave do que imaginava.
E aquele olhar sombrio, afiado, carregado de hostilidade...
Chegou a intimidá-lo. Deu dois passos para trás, instintivamente.
Aquilo não era apenas resistência a tratamento.
Virou o rosto para o lado, sem dizer nada, recusando-se a encará-lo.
O Sr. Henrique entrou com passos lentos, mas firmes, o olhar pousado no neto, que ainda fervia de raiva como uma criança teimosa.
Depois, olhou para o psicólogo, que permanecia parado, constrangido.
Fez um sinal breve com a mão.
O mordomo entendeu na hora e acompanhou o profissional para fora.
Assim que ficaram a sós, o semblante de Sr. Henrique ficou ainda mais severo.
Sério como ferro, ameaçador como um general diante de um soldado rebelde.
— Se tem coragem, repete o que você acabou de dizer. — Disparou ele, com a voz baixa, firme e dura.
Gabriel permaneceu em silêncio.
— Tá se achando muito forte, né, Gabriel? Por que eu fui te salvar, então? Devia ter deixado você se contorcendo até parar de respirar! — Vociferou o velho, perdendo a paciência.
Gabriel não respondeu.
Permaneceu na mesma posição, o rosto virado para o lado, imóvel, em completo silêncio.
Foi então que o mordomo retornou, após acompanhar o médico até a saída.
Trouxe uma cadeira e colocou ao lado da cama para que o Sr. Henrique se sentasse.
Os dois, avô e neto, permaneciam em um duelo mudo de vontades. Nenhum dos dois disposto a ceder.
O mordomo, tentando apaziguar, falou com cuidado:
— Sr. Gabriel... o Sr. Henrique só está preocupado com o senhor. Tudo isso é porque ele quer ver você bem, recuperado o quanto antes.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle
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O que está acontecendo???? Está parado faz muito tempo!!!! Desbloqueia!!!...
Desbloqueia!!! Já está no capítulo 740 há muito tempo...
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