“O que é que Eduardo tem a ver com isso...?”
O pescoço de Leonardo ficou rígido. Ele se virou lentamente, como se estivesse se movendo em câmera lenta.
E então viu aquele rosto sorridente, doce, sereno, encantador.
Mas agora, algo estava diferente.
Seis anos de lembranças comprimiram-se num segundo.
A imagem da jovem radiante à sua frente se sobrepôs à da garotinha tímida, de óculos grandes de armação preta, um pouco rechonchuda, sempre escondida atrás dos livros no colégio.
Era por isso...
Era por isso que ela parecia familiar.
— Le... Letícia... — Murmurou, com os olhos ainda presos nela, atônito.
Ela assentiu com a cabeça, o sorriso ficando ainda mais doce, ainda mais sincero.
E aquilo fez o coração de Leonardo dar um tranco seco no peito.
Ele só não cuspiu sangue na hora por puro autocontrole.
Essa noite, ele achava que tinha tido um pequeno revés na sua caçada.
Mas não.
Não foi um fracasso qualquer.
Foi um desastre de proporções épicas.
Foi o equivalente a um meteoro caindo bem no meio do meu palco, na hora do solo final.
Letícia.
A pequena Letícia.
A “Lelê”, como ele a chamava antigamente.
Aquela garotinha que ele sempre tratou como uma irmãzinha...
E ele...
Ele tinha tentado seduzir ela.
O peso moral o esmagava.
Sentia-se cravado numa cruz pública de vergonha.
Mas pior ainda, ele sabia que não viveria tempo suficiente pra morrer de culpa.
Porque, se o Eduardo descobrisse...
Se o Eduardo descobrisse que ele estava tentando dar em cima da irmãzinha dele...
Ele o mataria. Sem pestanejar.
— Lelê... — Leonardo tentou puxar conversa, visivelmente sem graça. O sorriso no rosto já tava mais torto que o da Mona Lisa. — Seis anos sem te ver... Você cresceu, viu? Virou uma mulher de verdade.
Letícia sorriu de leve e respondeu com educação:
— E você também, Leonardo... Ficou mais maduro. Mais charmoso ainda.
Leonardo soltou uma risada meio travada, meio engasgada.
Quem diria que ele realmente era o irmão, só que emocional, não de sangue.
Sempre teve resposta pra tudo, sempre soube como se portar com qualquer mulher...
Mas agora...
Engasgava-se nas próprias palavras.
Não saía nada. Nenhuma frase fazia sentido.
Vendo o climão crescer e crescer, Leonardo deu discretamente uma cotovelada em Emerson, um pedido de socorro mudo.
Emerson pegou na hora e entrou na conversa com um riso alto:
— Haha! Reencontro de velhos amigos, é isso! Vocês já se conheciam, então tá tudo certo!
Com a ajuda providencial, Leonardo conseguiu respirar.
Mas o coração ainda batia acelerado, e a culpa pesava como chumbo.
Conversaram mais um pouco, só pra manter as aparências.
E então, Leonardo resolveu bater em retirada.
— Bom, acho que vou indo nessa...
— Ué, mas tá cedo ainda! Nem nove e meia! — Disse Emerson. — Poxa, a gente se reencontrou hoje, vamo botar o papo em dia!
Leonardo forçou um sorriso e respondeu:
— Me faz uma visita lá no meu escritório de advocacia. A porta tá sempre aberta. O que precisar, a gente resolve. — E piscou, como quem tenta recuperar a velha marra. — Sou especialista em casos de divórcio~
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle
Desbloqueia por favor!!!!!...
Desbloqueia!!!!...
Desbloqueia!!!...
Desbloqueia!...
Desbloqueia!!!!...
O que está acontecendo???? Está parado faz muito tempo!!!! Desbloqueia!!!...
Desbloqueia!!! Já está no capítulo 740 há muito tempo...
Desbloqueia!!!!...
Desbloqueia!!!!...
Desbloqueia quero pagar pra ler!!!!!...