Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 471

— Então, das suas lembranças mais antigas... O que você ainda recorda com clareza? —Perguntou ele.

— Na verdade, quase nada. —Respondeu Vitória com naturalidade. — Afinal, a maioria das pessoas esquece tudo antes dos quatro anos... E, depois disso, ainda tive uma febre forte, que apagou o pouco que restava.

Ao ouvir isso, Renato sentiu o coração afundar. Um desânimo silencioso o envolveu.

No instante seguinte, porém, ergueu a cabeça, como se uma ideia tivesse acendido uma nova esperança.

Porque, no fim das contas, mais confiável que qualquer memória... Era uma prova de DNA.

Bastava conseguir um fio de cabelo dela (só isso), e ele poderia confirmar a ligação de sangue entre os dois.

Já decidido, Renato se preparava para sugerir um encontro quando, de repente, recebeu mais uma mensagem dela:

— Ah! Espere, acho que lembrei de uma coisinha... Naquela época, eu usava uma roupa muito linda: um vestido rosa de princesa, com rendas pretas e sapatinhos de couro combinando. No cabelo, tinha uma presilha de laço rosa. E o colar… esse colar estava no meu pescoço naquele dia. Por isso eu tenho certeza absoluta de que é meu.

Renato congelou.

“Aquela roupa...”

Num impulso, ele abriu correndo a galeria de fotos do celular. De tão ansioso, acabou errando várias vezes antes de clicar certo.

Por fim, a velha foto amarelada apareceu ampliada na tela.

Ele olhou para a imagem da última vez que viu a irmã com aquele vestido.

E então, as lágrimas vieram sem aviso, embaçando seus olhos.

Cada detalhe batia perfeitamente.

O colar.

A idade.

A roupa.

Era ela. A própria. Sua irmã.

— Eu acho que preciso de um tempo... Pra assimilar tudo isso. Eu sempre soube que fui encontrada, que fui uma criança perdida… Mas os meus pais, minha família... Nunca vieram me procurar. Então...

— Não é verdade. —Interrompeu Renato, quase sem pensar, aflito. — Nós te procuramos o tempo todo! Naquela época, a tecnologia ainda era bem limitada. Não existia rastreamento como hoje, os sinais eram ruins, as pessoas se moviam com facilidade de uma cidade pra outra... Mas acredite em mim: até hoje, a delegacia ainda tem o boletim de ocorrência do nosso desaparecimento.

Houve um silêncio do outro lado, mas dava pra ouvir a respiração dela, entrecortada. Quando falou novamente, sua voz vinha embargada, como se estivesse segurando o choro:

— É mesmo...? Vocês... Procuraram por mim esse tempo todo...?

— Sim. —Renato passou a mão pelas lágrimas que insistiam em cair. — Nestes vinte anos, eu nunca desisti.

No quarto do hotel, o ar parecia mais denso.

As palavras estavam ditas. A emoção, à flor da pele.

Vitória respirou fundo. Ouviu-se o som de alguém fungando do outro lado, tentando recuperar o controle. Por fim, ela murmurou, com uma firmeza suave:

— Por favor... Me dê um tempo. Mas prometo… Não vai demorar. Eu... Vou te encontrar.

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