De repente, Gabriel puxou Beatriz com força, fazendo seu corpo girar bruscamente.
Ela perdeu o equilíbrio. Os saltos vacilaram no chão e, na tentativa de não cair, sua outra mão se apoiou no peito do terno dele.
— Quem é ele?! — Rosnou Gabriel, os olhos escuros fixos nos dela, a raiva contida vibrando em sua voz.
Beatriz levantou o olhar e se deparou com aquele par de olhos ferozes, intensos, tomados por uma obsessiva e doentia possessividade. As olheiras fundas deixavam seu semblante ainda mais cruel.
— E o que te importa? — Rebateu Beatriz, com frieza. — Que diferença faz pra você?
As palavras saíram afiadas, firmes, sem o menor traço de medo.
Nesse momento, Rafael finalmente conseguiu alcançar os dois. Chegou ofegante e, vendo a tensão, tentou intervir. Com muito cuidado, tocou o braço do chefe e disse, constrangido:
— Sr. Gabriel… Aqui é um espaço público. Vamos manter a compostura.
Mas Gabriel não quis saber.
Empurrou Rafael com força com a outra mão, sem sequer desviar os olhos de Beatriz. E então, num gesto agressivo, seu corpo se inclinou ainda mais sobre ela, numa postura claramente intimidadora.
A cabeça tombou levemente para o lado, o movimento claro de quem estava prestes a...
Beijá-la.
Beatriz, tomada por puro nojo e revolta, reagiu por impulso.
O tapa ressoou alto e claro no meio do restaurante.
Foi seco, violento, e doeu na palma da mão dela.
Gabriel virou o rosto com o impacto, a bochecha ardendo. Já havia perdido a conta de quantas vezes Beatriz o esbofeteara.
Mas, desta vez, ele não sentiu raiva.
Sentiu vergonha. Sentiu mágoa.
— Por que ele pode flertar com você e eu não?! — Questionou, com a voz embargada, os dentes cerrados de pura frustração.
Beatriz quase riu. De tão revoltada.
Flertar? FLERTAR?!
Gabriel era completamente insano. Digno de internação. Vivia num mundo de fantasias criado por ele mesmo.
Ela não havia flertado com ninguém. Com que olhos ele viu isso?
Mas engoliu todas essas palavras.
Não cairia na armadilha de justificar-se. Quem se justifica, se acusa.
E mesmo que tivesse flertado e daí?
Gabriel, por acaso, se esqueceu?
Eles haviam assinado o divórcio ontem. Ontem.
Beatriz se recusava a continuar discutindo com um louco. Com mãos trêmulas, desbloqueou o celular. Iria chamar a polícia.
Mas mal terminou de digitar e o telefone foi arrancado bruscamente de sua mão.
Gabriel o tomou com um gesto grosseiro, os olhos baixos percorrendo a tela que ainda mostrava a conversa aberta.
Não havia nome salvo.
Mas o avatar...
Ah, aquele avatar ele conhecia bem.
Os olhos de Gabriel se arregalaram. As pupilas dilataram como as de uma fera diante de um inimigo mortal.
O ódio e a fúria subiram como lava.
Era Eduardo.
Aquele desgraçado era o outro.
O mesmo que o havia traído, que o provocava com aquele ar debochado, que pisava em seus limites como se dançasse sobre seus nervos.
Era ele. Eduardo.
A tela ficou preta.
Apagada.
Rafael olhou para a carcaça do aparelho no chão com uma expressão de puro desconforto. Era óbvio que não tinha sido por querer. Mas, na disputa de força entre os dois, não teve como evitar.
Virou-se para Beatriz, sem jeito, e começou:
— Eu… Eu juro que tentei segurar...
Mas foi interrompido pelo olhar furioso de Beatriz.
Ela se virou bruscamente para Gabriel, os olhos faiscando, o rosto vermelho de raiva.
— Agora tá satisfeito?! Já surtou o suficiente?! — Esbravejou, a voz firme, cortante.
Dessa vez, ela não se conteve.
A raiva falou mais alto que a razão. Nem tentou esconder o tom. Nem se importou com o volume.
Afinal, todo o restaurante já estava de olho neles.
Funcionários sentados às mesas ou esperando a fila de bandejas agora só tinham olhos para aquela cena. Era como assistir a um drama ao vivo.
E todos ali conheciam Beatriz.
A queridinha da Aurora, protegida do Sr. Daniel, respeitada por todos. E mais que isso: a esposa do Sr. Gabriel, pelo menos até ontem.
E agora... Um homem alto, bonito, com feições fortes e terno alinhado, estava ali, no meio do restaurante da empresa, a confrontando como se fosse cena de novela.
Dias atrás, já se comentava que até o presidente do Grupo Martins tinha interesse nela.
De fazer qualquer homem suspirar e qualquer mulher morrer de inveja.
Alguém, no canto, sussurrou:
— É o Sr. Gabriel, não é?
— É ele sim. Acabei de buscar no Google. Tá igualzinho o da Wikipédia. — Respondeu outra pessoa, animada com o caos.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle
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Eu não entendo: se eu quero pagar pra ler porque os capítulos tem que estar bloqueados???? Isso desestimula a leitura!!!! Desbloqueia por favor!!!!...
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Eu não entendo. Quero pagar pra ler e vcs não desbloqueiam!!!!...
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