Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 540

Ao ouvirem o nome “Sr. Gabriel”, todos ao redor finalmente entenderam a situação.

Ah… Então era o marido que tinha vindo atrás dela na empresa!

Bom, nesse caso, não era o “quarto homem”, como alguns já estavam especulando. Continuava o mesmo enredo de sempre: três homens por uma mulher.

E que mulher.

O refeitório da Aurora, que costumava ser um espaço barulhento de conversas cotidianas e pratos batendo, agora estava em completo silêncio. Todos os olhos fixos naquele drama de alto escalão que se desenrolava bem na frente deles.

Ninguém mais pensava em comida.

Hoje o almoço era outro: um prato cheio de fofoca ao vivo, com tempero de drama da elite.

Afinal, quando é que funcionários comuns teriam a chance de assistir, de perto, um episódio completo de “Segredos da Alta Sociedade”? Era novela das oito, ali mesmo, com atores reais e lágrimas verdadeiras.

No centro da cena, Gabriel mantinha os olhos fixos nos de Beatriz, a voz firme e fria:

— Eu não estou louco. Eu sei muito bem o que estou dizendo, e o que estou fazendo. — Deu um passo à frente, encarando-a de forma intensa. — Você tá com o Eduardo, não é? Há quanto tempo estão juntos?

A pergunta veio carregada de ciúme, mágoa e desespero mal disfarçado.

Beatriz revirou os olhos.

Não conseguia nem começar a expressar o nível de absurdo daquela acusação. Era ridícula demais pra merecer resposta.

Virou o rosto para o lado, recusando-se a encarar Gabriel.

Ela com Eduardo? De onde esse louco tirou isso? Baseado em quê?

Gabriel dizia que não estava louco, mas aquilo ali… Parecia episódio final de surto. E dos mais graves.

Como ela não respondeu, nem mesmo olhou para ele, Gabriel tomou isso como confirmação silenciosa.

Seu ciúme explodiu por dentro. Estava sendo engolido por ondas e mais ondas de puro tormento emocional.

Respirou fundo. Tentou se controlar. Ele sabia que o erro original era dele.

Foi ele quem destruiu tudo.

Foi ele quem havia machucado Beatriz até o ponto de não retorno.

Foi por causa dele que ela o odiava tanto.

Mas, ainda assim… Não conseguia aceitar. Não conseguia suportar.

— O Eduardo não presta. — Murmurou com voz tensa e amarga. — Fica longe dele. Ele não tá com você porque gosta de verdade. Ele só quer se vingar de mim. Ele tá te usando, Beatriz! Eu sei que você me odeia. E com razão. Mas não cai nas palavras doces dele. Ele não é quem você pensa que é!

Era tudo mentira, um delírio completo.

E mesmo assim, Gabriel falava com uma convicção assustadora, como se estivesse revelando verdades ocultas de um plano maligno.

Beatriz sentia a paciência chegar ao fim.

Ele não só a expunha publicamente, como ainda criava fantasias doentias e colocava palavras em sua boca, tudo isso diante de colegas, subordinados e desconhecidos.

Sem dizer uma palavra, ela se virou para Rafael.

O olhar era claro: ligue para a polícia. Agora.

Mas foi apenas um lampejo, uma linha de pensamento que cruzou sua mente e sumiu logo em seguida.

Beatriz então respirou fundo. Seu rosto se fechou. Os olhos voltaram a focar, frios como gelo.

— E daí? — Disse, com voz firme, cortante. — O que tem isso a ver com você?

Frase curta. E devastadora.

Gabriel havia falado, se exposto, insistido, tentado alertá-la… Tudo em vão.

E tudo o que recebeu de volta foi aquilo: uma indiferença cruel, e a confirmação de que, mesmo que tivesse alguma ponta de dúvida, ela escolheria confiar em Eduardo, e não nele.

Naquele instante, Gabriel sentiu os dentes rangerem de tanta frustração.

Era como se sua alma tivesse sido esmigalhada. Seu rosto se contorceu em uma mistura de dor, raiva e desespero silencioso.

Como um cão ferido que sempre volta ao mesmo dono… Só pra ser chutado outra vez.

Ele estava furioso. Inconformado. Enlouquecido de ciúmes.

“Por quê?!

Por que ela confia tanto naquele desgraçado?

O que o Eduardo tem que eu não tenho?

Por que ele… E não eu?!”

A injustiça, aos olhos de Gabriel, era insuportável. Inadmissível.