Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 671

— Sr. Gabriel, o senhor ainda é tão jovem. Por que se deixou adoecer desse jeito? — Disse o médico com voz calma, porém firme. — O álcool só serve para entorpecer a mente, e apenas por um instante. Não resolve nada, ao contrário, só traz mais danos ao corpo. O senhor ainda tem grandes responsabilidades inacabadas. Se o coração estiver pesado, pode me contar. Eu ficarei ao seu lado para ajudá-lo a aliviar essa angústia.

Gabriel ouviu em silêncio, o rosto impassível.

Ninguém podia ajudá-lo a resolver seus problemas. Naquele momento, nem mesmo o dinheiro lhe servia para alguma coisa.

Sua fortuna não era suficiente para enfrentar a família Cardoso, muito menos para comprar o amor de Beatriz.

Naquela manhã, não fora à empresa. Ficara apenas sentado na cama do hospital, olhando para o nada.

O mordomo o observava, notando o quanto havia perdido o brilho de outrora. Já não restava nele o vigor nem a altivez de antes. No coração do velho criado, o pesar era inevitável.

Do outro lado, Sr. Henrique recebeu o relatório: Gabriel permanecia quieto, não fazia escândalo, mal dizia uma palavra, como se tivesse perdido a alma.

Ele apertou os lábios em silêncio por um instante antes de responder:

— Deixe-o. Ele já é adulto, precisa encarar a realidade. É preciso que sofra derrotas para aprender o próprio peso e medida.

Se, por causa de um revés desses, resolvesse buscar a morte, atirando-se de um prédio, então não mereceria ser meu neto. Muito menos teria condições de liderar a família Pereira.

Depois de encerrar a ligação, voltou a tratar de negócios com os executivos da companhia. Referiam-se ao projeto de Renato na Cidade A. A família Pereira se dispusera a ajudar ativamente, reduzindo inclusive sua margem de lucro na parceria.

Renato, ao receber a notícia, ficou grato, mas não se aproveitou do Grupo Pereira. Afinal, os recursos e contatos que o grupo possuía em território nacional economizavam inúmeros processos e burocracias. E tempo, todos sabiam, era dinheiro.

O projeto avançou diretamente, sem passar pelas mãos de Gabriel. Ele só ficou sabendo perto do meio-dia, quando Rafael chegou trazendo-lhe um terno e transmitiu a informação.

Ao observar a expressão do Sr. Gabriel, Rafael não conseguiu decifrá-la. O homem não reagiu, não disse uma palavra sequer.

Ele suspeitava que Sr. Gabriel e Sr. Renato não se davam bem. Mas, diante da vontade de Sr. Henrique, Gabriel só podia engolir o orgulho e aceitar.

Gabriel foi trabalhar, mas só dentro do carro abriu a boca para dizer uma única frase:

Beatriz a observou, surpresa com o gesto e com a expressão serena da visitante.

— Boa tarde, Srta. Beatriz. Meu nome é Karine, sou secretária do Sr. Renato. — Disse a mulher, inclinando-se ligeiramente. — Quanto aos danos que a Srta. Vitória lhe causou no passado, venho pedir desculpas em nome dele. Além disso, vim especialmente para oferecer uma compensação. O Sr. Renato já deixou claro: as condições ficam a seu critério, nós atenderemos ao que for solicitado.

Ao lado da cama, Letícia assistia à cena com olhos arregalados, surpresa com a postura daquela mulher de óculos.

Sabia que Renato estava disposto a reparar os erros de Vitória diante de Beatriz. Mas o tom da secretária...

Era algo que a deixava realmente impressionada.

Dava para sentir a sinceridade. Não parecia uma tentativa de se livrar da situação apenas com dinheiro.

— Foi seu chefe que a orientou a mostrar tamanha cordialidade? — Perguntou Letícia sem rodeios.

“Ou isso é simplesmente profissionalismo?”