Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 672

A secretária a fitou, um pouco confusa.

— Perdão. Não entendi bem o que a senhorita quis dizer?

Letícia respondeu com clareza e firmeza.

— Imaginei que ele mandaria você trazer uma mala de dinheiro para jogar na frente da minha amiga, exigindo que ela reconhecesse o próprio lugar. Algo como: que não ousasse enfrentar Vitória de novo.

Ao ouvir aquilo, a secretária ficou visivelmente desconfortável, quase suando frio. Apressou-se em explicar.

— Não, de forma alguma. A senhorita está equivocada quanto ao nosso Sr. Renato. Ele deseja, sim, compensar a Srta. Beatriz. Mas não com imposição, tampouco como advertência. Srta. Beatriz, por favor, acredite em mim. Tudo o que digo aqui representa exatamente a vontade dele.

Ela voltou-se novamente para a jovem deitada no leito. Esforçou-se para mostrar sinceridade no olhar, como se implorasse para não ser vista como uma vilã.

Beatriz sustentou-lhe os olhos por alguns segundos. Depois falou com calma.

— Por favor, sente-se, Srta. Karine.

A secretária puxou uma cadeira para si e abriu a pasta que trazia. Dentro havia um documento preliminar, detalhando os danos e a indenização correspondente a cada caso.

— Gostaria que a senhorita analisasse. Aqui está o valor básico da compensação. Se notar alguma omissão, por favor, acrescente. — Disse, oferecendo o papel.

Letícia pegou o documento primeiro e passou uma cópia para Beatriz.

Havia pequenos itens, como “interferência em casamento”, “provocações maliciosas” e “ameaças pessoais”. E também os mais graves: “sequestro”, “intoxicação por gás” e outros que envolviam risco físico direto.

Letícia examinava com atenção, detendo-se nos valores. Em pensamento, resmungou.

“Até que Renato tem um pouco de consciência... Os valores começam em duzentos mil. Até mesmo os danos morais foram incluídos. Somando tudo, beira quase dez milhões.”

— Além disso. — Acrescentou a secretária. — O Sr. Renato deixou claro, quaisquer outras condições podem ser solicitadas. Não estão previstas no documento, mas ele cumprirá.

Beatriz ouviu em silêncio, os lábios comprimidos levemente.

No escritório, Renato ouviu a questão. Sua primeira reação foi achar desnecessária. Afinal, a ex-esposa de Gabriel era a vítima. Por que Beatriz acreditava que ele continuaria a proteger Vitória, permitindo novos ataques?

Mesmo assim, respondeu com voz grave e firme.

— Não. Eu levarei Vitória para fora do país. O que aconteceu antes não se repetirá.

No quarto de hospital, a voz profunda do homem soou pelo viva-voz. Apesar de desprovida de emoção, havia nela uma estranha força que inspirava confiança.

Ele não apenas afirmava que aquilo não voltaria a ocorrer, como prometia levar Vitória para o exterior. Isso significava que ela estaria a salvo, sem precisar temer represálias da família Cardoso.

— Entendi. — Murmurou Beatriz, frágil, quase sem forças.

Do outro lado da linha, Renato escutou aquela voz débil, marcada pela exaustão. Após um instante de silêncio, perguntou.

— Há mais alguma coisa que deseja acrescentar? Alguma dúvida, ou outro tipo de compensação?