Faltam 30 dias para eu ir embora — Sr. Gabriel perdeu o controle romance Capítulo 76

Gabriel olhou fixamente para a porta, sem reação, como se tivesse levado um tapa invisível.

“Encarar o que sente?”

O que aquilo significava?

Desde quando ele não encarava seus sentimentos?

Arrependimento?

Do que ele se arrependeria, afinal?

Que piada.

Gabriel nunca se arrependeu de nada na vida.

Nada.

Pegou o documento que estava ao seu lado, mas, por mais que tentasse, não conseguia se concentrar. Acabou colocando o celular bem no centro da mesa, à sua frente, como se isso garantisse que não perderia nenhuma ligação.

Mas, durante as horas seguintes, todas as chamadas que recebeu eram de funcionários, nenhuma da pessoa que ele, de fato, esperava.

Do outro lado da cidade, em plena tarde.

Beatriz caminhava tranquilamente entre os balcões de maquiagem ao lado de Letícia. Compraram cosméticos, perfumes, depois bolsas e alguns acessórios. Encerraram o passeio com um bom churrasco.

O celular de Beatriz voltou a vibrar sobre a mesa. Ela lançou um olhar rápido para a tela e virou o aparelho com a tela para baixo.

— Não vai atender? Quem é? — Perguntou Letícia, do outro lado da mesa.

— Telemarketing. — Respondeu Beatriz, com um leve sorriso.

Na verdade, era o telefone fixo da família Pereira. Já haviam ligado às duas da tarde. Como o número dela era novo e quase ninguém sabia, ela já suspeitava de quem era e, por isso mesmo, decidiu não atender.

Para a família Pereira, descobrir seu novo número seria algo simples.

Como esperado, logo depois chegou uma mensagem, diziam que o Sr. Henrique queria conversar com ela.

Conversar sobre o quê? Os papéis originais do divórcio já deviam estar com ele. Sabia muito bem o que fazer.

O contrato de dois anos havia expirado. Ela não estava quebrando nenhum acordo.

Na família Pereira.

Gabriel olhou as horas. Seis em ponto.

Todos os documentos sobre a mesa já haviam sido analisados e resolvidos. Pegou o paletó e se levantou, pronto para sair.

Foi nesse momento que bateram à porta.

Rafael entrou, trazendo uma pilha de documentos, propostas de campanha e alguns contratos que precisavam ser analisados e assinados até o dia seguinte.

— Sr. Gabriel, aqui estão os planos de campanha e os contratos que precisam da sua assinatura ainda hoje...

Mas, ao ver Gabriel com o paletó no braço, preparado para ir embora, a frase morreu no meio.

— Deixe para amanhã. — Disse Gabriel simplesmente, saindo sem olhar para trás.

Rafael ficou parado, sem saber se reagia ou apenas aceitava o silêncio.

Gabriel desceu pelo elevador até a garagem, entrou no carro e saiu dirigindo. Sem pensar muito, pegou o caminho em direção ao hospital.

Durante o trajeto, sua mente vagava, dispersa. Pensava em mil coisas, ou talvez em nenhuma. Quando voltou a si, já estava parado em frente ao hospital onde Beatriz estivera internada.

O letreiro enorme com as palavras “Hospital Aliança” brilhava ao lado. Aquele lugar ficava a apenas 1,3 quilômetros de sua casa.

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