A viagem foi mais longa do que eu imaginava. Não aguentava mais ficar sentada e minha mãe já me ligou pedindo pra voltar. Mas, aqui estou eu! Em um quarto bem maior do que eu tinha, com vários ursos de pelúcia, que particularmente eu amo, um banheiro enorme com uma banheira que, facilmente, poderia ser usada como piscina. Sol amaria tudo isso.
Pensar nela me faz ficar triste. Somos amigas há tanto tempo e não nos despedimos direito... Quem sabe um dia voltemos a nos falar.
Assim que chegamos, meu pai tinha algumas coisas para fazer e saiu junto com Gastón. Então, aproveito para conhecer a casa.
A cozinha é enorme, para falar a verdade a casa em si é um luxo. Os quartos são todos trancados, como se tivesse alguma coisa de valor guardada dentro deles. Depois de mexer em tudo, subo para meu quarto e fico a olhar para minha nova cidade: Bonanza.
Eu nunca imaginaria que existiam lugares assim. Essa cidade é, basicamente, no meio de uma floresta enorme. Quando chegamos, vi várias crianças brincando na rua enquanto suas mães conversavam e vovozinhas tricotando enquanto o sol se escondia atrás das árvores altas que até pareciam tocar o céu.
Por ser rodeada de árvores, a cidade tem um clima frio. Logo que cheguei aqui percebi que a diferença entre o inverno de Torstal e Bonanza é enorme.
Arrumo minhas roupas no armário e escuto o barulho do carro entrando na garagem. Rapidamente termino de arrumar tudo e desço. Encontro papai na cozinha.
— Chegou ... – digo assim que entro na cozinha.
— Sim. Eu fui na escola e fiz sua matrícula... Você começa amanhã.
— Mas já? Pensei que ficaria alguns dias de folga... – que pena, tinha até esquecido essa parte.
— Nada disso garota! Você deve ir à escola sim, é seu penúltimo ano. Você precisa se esforçar ou terá que voltar para sua mãe...
— Ok ... eu vou. – não quero voltar. Quem sabe um dia, mas agora não. – Cadê o Gastón?
— Deve estar chegando já. Ele tinha que resolver alguns assuntos pessoais.
— Humm... – me sento na mesa e fico observando meu pai cozinhar. – O que está fazendo pra gente jantar?
— Macarronada.
— Amo! – digo sorrindo.
As horas passaram e não vi o Gastón chegar. Talvez ele vá passar a noite fora, ou sei lá. Não entendo porque estou pensando sobre isso. Olho pela janela do meu quarto e vejo a enorme floresta que começa no fundo da casa. Amanhã quando eu chegar da escola vou dar uma olhada nela. Eu amo ler no meio do silêncio.
Ouço meu celular tocar na minha cama.
— Alô? Mamãe?! – digo me deitando na cama.
— Filha, minha querida filha... Já quer vir embora, não é? – ela deve estar bêbada – Eu te falei pra não ir.
— Mamãe, eu só estou aqui há um dia! E eu gostei daqui, não sei o que você tem contra essa cidade maravilhosa.
— Se eu fosse você, viria embora. Filha, se você ficar mais de dois dias aí, não poderá partir! Me escute… depois não adiantará me ligar chorando.
— Ok mamãe. Sei que você deve estar triste por eu ter te deixado, mas eu não vou voltar.
— Você é quem sa...
— Mamãe?
- ... ...
A linha estava muda. Deve ter dormido no celular. Amanhã eu ligo para saber como ela está.
Desligo meu celular, tenho que dormir. Amanhã, infelizmente, já tenho que ir à escola. Eu pensava que esse processo de matrícula demorava um pouco mais, mas pelo que pude ver, é mais rápido do que esperava. Sinto meus olhos pesarem e me vejo caindo na escuridão dos meus sonhos.
De repente, estou no meio de uma floresta rodeada por uma escuridão que me dá medo. Ando sem saber qual direção tomar, escuto passos, mas não sei dizer de qual direção vem o som.
— Estela… – essa voz... Eu conheço! Já sonhei com ela – Olá, Estela! Obrigado por antecipar meus planos ...
— Quem é você? – Pergunto enquanto tento enxergar alguma coisa nessa escuridão.
— Eu sou... O seu pior... Pesadelo... – Assim que ele termina a frase, ouço sua risada que me deixa mais nervosa ainda.
Sinto meu coração acelerar. Tento correr ou gritar, mas nada adianta. Não consigo me mover... O que tem de errado comigo? Estela, isso é apenas um pesadelo! Isso não é real! Não adianta. Não consigo me controlar.
— Dê lembranças ao seu pai. Em breve iremos nos reencontrar, como nos velhos tempos... – Ele diz e sinto que se foi. Não sei exatamente como, mas sei que ele já não está mais aqui.
Acordo assustada, suando frio. Um vento gelado entra pela janela, posso ver a lua que ilumina a madrugada. Me sento na cama e a voz daquele homem ainda soa na minha cabeça. Quem será que era? Não é a primeira vez que eu tenho esse pesadelo.
Olho no celular e são quatro da manhã, a casa está mergulhada no silêncio. Me aproximo da janela e vejo uma pequena luz que anda no meio da escuridão da floresta, subindo, como se fosse uma lanterna ou uma lamparina. A claridade da luz é meio amarelada.
Quem seria o louco de andar no meio de uma floresta, durante madrugada, se expondo a tantos perigos? Só pode ser louco mesmo. Volto para cama, daqui a pouco tenho que levantar mesmo, melhor eu dormir.
Dessa vez não tenho nenhum pesadelo ou algo do tipo.
Acordo com alguém batendo na porta.
— Quem é? – digo sem nem mesmo abrir meus olhos.
— Levanta, Estela. É hora de ir para a escola... – Abro meus olhos assustada e por um minuto fico tentando assimilar tudo o que vem acontecendo comigo e onde eu estou.
Olho para o quarto e lembro que agora tenho uma nova casa, nova escola e inclusive, hoje é meu primeiro dia.
— Mais cinco minutos... – Digo rolando na cama.
Olho pela janela e vejo o sol nascendo, vários passarinhos cantam com o novo dia que se inicia. Me levanto e vou direto para o banheiro, tomo um banho rápido e coloco uma calça jeans meio rasgada junto com uma camiseta, moletom vermelho, meus tênis e desço.
— Bom dia! – Digo entrando na cozinha.
— Você está atrasada. Não vai dar tempo de tomar café, vamos! – Diz meu pai saindo para a sala.
Sério? Ficar sem comer? Pego uma maçã na fruteira e o sigo até o carro.
— A escola é muito longe? – Pergunto assim que entro no carro.
— Não. Mas, como é o seu primeiro dia de aula, eu vou te levar.
— Hum. – Murmuro ligando meu celular.
O caminho, como meu pai disse, não é longo e vemos vários alunos caminhando para a escola. O uniforme das meninas consiste em camiseta polo branca, uma saia rodada bege e meia três quartos.
Meu pai para em frente a escola. E que escola! É enorme! Deixo minha boca aberta, sem querer.
Três prédios, um do lado do outro, e em cada, há um corredor com os nomes das salas de cada prédio. Eu já sei que o meu é o terceiro.Vários alunos correm para seus determinados prédios.
— Gostou? – pergunta meu pai me olhando.
— Amei! Espero gostar dos professores também. – Digo descendo e fechando a porta.
— Você vai gostar... Agora vá. – Assim que fala, ele se vai me deixando aqui fora encarando essa escola enorme.
— Vamos, força, Estela. Você consegue! – Estou nervosa, mas vai dar tudo certo.
Passo pela porta do prédio e vejo uma escada que dá acesso ao segundo andar. Aqui embaixo vejo várias salas de aula. Mas, e agora? Qual é a minha?
— Olá! – diz alguém atrás de mim.
Assim que viro, vejo uma garota loira, não muito alta, usando óculos e com uniforme da escola trazendo um sorriso no rosto.
— Oi... – digo meio nervosa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Filha da Lua
AMEI A HISTORIA...
AMEI A HISTORIA...
AMEI A HISTORIA...
Uma pena a história é linda,mas tem muito erro de português...