Hook tomou um longo banho e se deitou ao lado de Abbie, estava com fome mas novamente não tinha vontade de comer. Sua mente também estava uma bagunça e precisava descansar, passou a noite no sofá do hospital e não foi muito confortável.
Olhou para a fêmea ao seu lado e resistiu ao impulso de abraçá-la em seu sono, ela estava brava com ele e não queria que ele a tocasse. Ele sempre soube que seria um péssimo companheiro e um péssimo pai se algum dia isso lhe acontecesse, por isso evitava fêmeas e uma humana então estava totalmente fora de cogitação.
No entanto lá estava ele, com uma humana grávida de seu filho. Ainda odiava os seres humanos mas não conseguia odiar Abbie, ela o fez ter sentimentos e ele até tentou fingir que não sentia, mas bastou ele pensar que fosse perdê-la para sempre que um pouco de sua barreira caiu.
Abbie o mudou, mudou algo nele.
Seu coração acelerou dolorosamente e por fim sua ficha caiu. Teria um filho. Nunca considerou ter uma família mas teria agora. Emoções desconhecidas o invadiu.
Ainda havia muitos muros a serem derrubados, não conseguia confiar em nenhum ser humano, a confiança em alguém dessa raça lhe destruiu certa vez, mas valia a pena tentar por Abbie. Queria cuidar dela e do seu filhote, eles eram os inocentes da história e não tinham culpa de nada disso, finalmente tinha percebido.
Abbie se mexeu um pouco ficando de barriga para cima, ele arrumou a coberta nela e sua mão quase pousou em seu estômago mas não a tocou.
Hook acabou adormecendo minutos depois.
Abbie acordou primeiro, olhou no relógio do criado mudo e eram uma e meia da tarde, estava tão cansada que até se esqueceu do banho tão desejado que queria tomar. Olhou para o lado e Hook estava dormindo profundamente, seus olhos encheram de lágrimas, queria tanto que as circunstâncias de estarem juntos novamente fossem diferentes e não apenas porque estava grávida.
Se apaixonou por ele mas sabia que ele nunca iria corresponder seus sentimentos, estava certa de que ele só sentia culpa e queria o bem da criança que esperava. Ele nunca iria confiar nela ou amá-la por ser humana ou se abrir de verdade para uma relação.
Concordou com seus termos antes de fazerem sexo porque pensou que poderia lidar com isso, no entanto estava enganada, ela não queria apenas uma noite com Hook, queria que ele fosse seu primeiro e único homem para sempre. Era romântica e se encheu de ilusões, ele estava sendo todo cuidadoso com ela como foi depois de sua primeira vez na cabana e não queria se iludir porque sabia a razão, o bebê.
Se levantou e foi para o banheiro, tirou a roupa, ligou o chuveiro e entrou debaixo, a água quente relaxou seu corpo, lavou os cabelos, desligou o chuveiro e saiu do box. Havia uma escova de dentes em uma embalagem fechada, escovou os dentes e voltou para o quarto enrolada em uma toalha.
Hook não estava mais deitado e havia saído do quarto. Olhou o relógio e tinha ficado quase meia hora no banho.
A porta do quarto se abriu e ele apareceu com um prato de comida na mão, sem camisa vestindo apenas uma calça moletom cinza. Abbie engoliu em seco, nunca iria se cansar de dizer que ele era perfeito em cada detalhe físico apesar das cicatrizes que via lá.
Subitamente se sentiu tonta e encostou a cabeça no batente da porta para se firmar. Hook imediatamente correu para ela colocando o prato em cima da cama.
— Abbie? O que foi? O que está sentindo? — seu tom saiu desesperado.
Ela não respondeu, via tudo girando e quando fechou os olhos tudo girava também.
— Fale comigo, estou preocupado. — ele pediu angustiado.
Finalmente tudo a sua volta parou de girar quando abriu os olhos e acabou se apoiando em Hook que tinha os dois braços grudados em sua cintura.
— Vou chamar um carro para levá-la ao centro médico.
— Não precisa, já estou melhor. Só precisava de alguns minutos parada, já passou.
— Por via das dúvidas vamos ao médico.
— Não quero, por favor, já passou. — ela estava realmente melhor.
— Se acontecer de novo iremos ao médico. Trouxe comida para você, imaginei que deveria comer na cama, a doutora disse que tem que repousar. — ele falou pegando-a no colo sem esperar permissão.
Colocou-a na cama, pegou o prato e estendeu para ela.
— Tem um cheiro ótimo. — ela respirou fundo inalando o cheiro maravilhoso.
— Coma. Eu vou comer alguma coisa também, faz quase quarenta e oito horas que eu não me alimento direito. — Abbie sentiu um aperto no peito.
— Por que está sem comer esse tempo todo? — não conseguiu esconder o tom de preocupação.
— Estava com fome mas sem vontade de comer, mas agora estou faminto. — ele passou a língua nos lábios e o pequeno gesto fez algo pulsar na calcinha de Abbie.
— Oh, certo... Vai lá... — ela desviou o olhar para o prato e começou a comer. Lembrou-se de sua amiga — Onde está Megan? Quero vê-la.
— Ela está dormindo no quarto de Blade.
— E onde ele está? — Hook grunhiu para ela.
— O que?!
— Por que quer saber onde ele está?
— Por que Megan está com a perna engessada e não pode ficar sozinha, quero saber se ela precisa de ajuda.
— Você tem que ficar quieta, alguém vai ajudar Megan e não será você.
— Mas quero vê-la quando ela acordar.
— Tudo bem, agora coma. — exigiu.
— Já estou comendo! Pare de falar assim comigo.
Ele saiu do quarto resmungando e Abbie se concentrou em seu prato. Havia legumes cozidos no vapor e purê de batatas. Alguns minutos depois ela havia terminado, estava uma delícia.
Se levantou, abriu uma cômoda e puxou uma das camisas de Hook para vestir, não tinha outra coisa além de suas roupas sujas de hospital. Saiu do quarto para colocar o prato na pia quando se deparou com Hook cozinhando.
Passou por ele e lavou seu prato.
— Posso pegar água na geladeira? — ela perguntou.
— É claro. — respondeu rapidamente — Mas deveria estar deitada.
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