|KAYRA|
-Não saberia? Hum que interessante...
Digo com um crescente sorriso de lado com sarcasmo, e roubo sua bebida assim que seu copo é cheio novamente pelo barman que o atende, e bebo tudo numa virada só. Desce queimando, mas pelo menos molha minha garganta que até então estava seca.
O homem torna a encher o copo outra vez com certa agilidade, ao que eu viro a segunda dose no mesmo instante em que o conteúdo vermelho é colocado no recipiente. Noto pela visão periférica que sou seguida pelo olhar atento do dono dos olhos azuis, que tem as sobrancelhas de um tom de loiro escuro arqueadas no alto numa expressão divertida.
-E posso saber como chegou a essa conclusão, senhor sabe tudo?
Eu indago languidamente enquanto viro a terceira dose, e dou um passo a frente ficando entre os joelhos do loiro que ainda permanece sentado no banco giratório do bar. Sem nem mesmo olhar, já estou mandando a quarta dose para dentro num único movimento, o que faz com que um calorão aqueça meu peito, e deixe minha mente como se estivesse nas nuvens.
Mas é somente quando o dedo indicador do desconhecido toca o meu ombro e começa a trilhar o caminho do meu pescoço até o queixo, e depois descer uma linha perigosa até o limite do decote próximo aos meus seios, é que eu perco a compostura e o autocontrole.
Então decido seguir meus instintos mais internos.
Dane-se tudo, eu preciso matar esse desejo antes que ele me mate primeiro, é a conclusão a que chego ao ser acometida por uma pontada dolorosa entre as pernas, e sentir minha calcinha quase a ponto de torcer debaixo do meu vestido.
-É apenas uma suposição como a senhora mesmo também fez, baseado na primeira impressão que tivemos um acerca do outro. Mas não há nada que comprove tal...
-Então vamos tirar a prova dos nove, bonitão.
Eu digo um tanto desesperada para acabar com a conversa fiada e partir logo para a ação, antes que meus hormônios já no ápice me façam entrar em colapso a qualquer segundo.
-Agora?
Ele pergunta ostentando um sorrisinho presunçoso no rosto, obviamente sabendo muito bem qual é a resposta, e se coloca de pé, me prendendo entre o seu corpo e o balcão de atendimento atrás de mim.
-Você me viu hesitar em algum momento? Então acho que a resposta para essa pergunta é bastante clara.
-Com certeza, senhora.
Ele diz substituindo o riso por um semblante sério e compenetrado, e me puxa pela mão para algum lugar que não sei onde é. Todavia quando noto que é a saída do local do evento, eu cesso meus passos e o seguro pelo cotovelo, fazendo-o também parar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Improvável
Amei...