|KAYRA|
Dois bebês... dois! Dois... dois... dois...
Agora é tudo em dobro. Duas vidas sob minha inteira responsabilidade, não mais apenas uma...
-Pextton? Pextton, você está bem, garota? Seu rosto está meio pálido e tenho certeza de que estou vendo sua testa brilhar de suor. Você tem que me dizer tudo o que está sentindo a partir de agora e nunca me ocultar nenhum fato, está me entendendo? Sua gravidez é de múltiplos e como a senhorita também é médica e sabe muito bem, não é como uma gestação normal de um único bebê, ou seja, todo cuidado e atenção são essenciais durante todo o período gestacional até o momento parto, que também pode ocorrer antes do tempo previsto.
Ryan diz ao segurar-me pelos ombros com firmeza, mas ao mesmo tempo cheio de carinho e cuidado, como o bom amigo e médico que é. Então eu não não me contenho e o puxo pelo cotovelo para um abraço apertado que ele não me nega. Meu coração desesperado encontra um abrigo quentinho nos braços enormes e protetores de Foster que me consola ao acariciar meus cabelos com um cafuné suave e tranquilo, como um verdadeiro escudo humano me protegendo e me acalmando do mundo externo, e dos pensamentos desenfreados que estão tumultuando dentro da minha cabeça.
-Eu estou com tanto medo, Foster...
Eu confesso baixinho, com os olhos cheios de lágrimas que começam a rolar por meu rosto e a garganta dolorida pelo choro que tento segurar sem muito sucesso.
-Isso é bem compreensível nesse momento, Pextton. Sentir medo só prova que você é humana e por essa mesma razão, sujeita a ser frágil alguma hora. Você não precisa fingir ou esconder isso de mim, eu sou seu amigo e estou ao seu lado para apoia-la sempre que precisar de uma mãozinha.
Foster comenta com ternura e deixa um beijo paternal no topo da minha cabeça que faz querer chorar ainda mais. Benditos hormônios de gravidez que estão me deixando mole igual a uma manteiga derretida. Uma grande Maria chorona! Mas que droga!
-Eu não estou me referindo a estar receosa por mim mesma, Foster, essa não é a parte mais importante nesse instante... Meu maior medo é de que... e se eu não for boa para esses dois bebês? E se... e se eles me odiarem por quem eu sou? Maluca e impulsiva? Como vou saber as coisas certas que terei que fazer por eles? Eu estou tão perdida... Eu tenho tanto medo de não ser a mãe que esses limõezinhos merecem... e isso me apavora muito! Eu tenho medo de não conseguir ser uma mãe como a minha foi, a melhor do mundo para mim e para Kat, e...
-Ei, Pextton! Calma, garota! Você começando a entrar em estado pânico sem motivo algum, e sabe por que eu sei disso?
Foster interrompe de repente meu falatório desenfreado ao segurar meu rosto entre suas mãos, e me fita diretamente nos olhos para que eu concentre minha atenção totalmente nele.
-Por que, Foster?
-Porque somente o fato de você já estar se preocupando com o bem estar dessas duas crianças que sequer viu os rostinhos delas, e desejar que ambas tenham o melhor assim como você também teve um dia em seu lar, apenas reafirma algo o qual você nem tem ciência disso ainda, é a prova viva que você já se tornou mãe, mesmo que os bebês ainda não tenham nascido e não estejam em seus braços. E é exatamente isso que uma boa e verdadeira mãe faz, Pextton, ela se preocupa com sua cria a todo e qualquer momento, e quer o melhor para ela.
Ele diz com um pequeno sorriso de lado no rosto, e utiliza os dois polegares para enxugar as lágrimas teimosas que ainda insistem em fugir dos meus olhos. O que eu faria sem esse homem em minha vida? Nunca serei capaz de retribuir todo o apoio e amor que ele tem me dedicado em um momento tão crucial e importante como esse. Então eu decido, puxo o ar para os meus pulmões com as forças renovadas após o discurso de incentivo que Foster acaba de me dar.
Se Kat e ele acreditam que eu posso dar conta dessa missão, então eu acredito. Eu sei que posso, sou uma mulher forte e destemida, mas que também não está sozinha nessa estrada. Tenho certeza de que precisarei de ajuda em vários momentos dessa nova etapa, mas sempre terei o apoio dos meus amigos para superar qualquer adversidade que venha surgir.
-Você sabe que eu realmente irei cobrar a ajuda que está me oferecendo, não sabe Foster?
Eu brinco com uma risadinha chorosa enquanto ele aproveita a deixa para limpar o gel da minha barriga e desligar os aparelhos.
-É claro que sei, Pextton!
Ele gargalha debochado e aperta a ponta do meu nariz.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Improvável
Amei...