Improvável romance Capítulo 38

|KAYRA|

-Ai Deus, será que sou eu mesmo tem que ir trabalhar hoje? Será que eu não mereço no mínimo uma folguinha para poder dormir até mais tarde? Eu mal consegui cochilar essa noite, minhas costas doem para caramba, a minha barriga que esticou muitíssimo nesses últimos dois meses e que agora aos seis meses de gestação, mais se parece com uma melancia de tão grande que está, me atrapalha na hora de encontrar uma boa posição para dormir na cama.

Isso sem contar o fato de que esses dois limõezinhos que nessa fase estão quase do tamanho de melões, se remexeram igual duas minhocas na areia quente dentro do meu ventre a noite inteira. Teve um momento em que cheguei a achar que uma dessas duas pequenas criaturinhas agitadas fossem rasgar minha barriga no chute, pois minha pele se esticou de tal forma em determinado ponto, ficando pontiaguda, que eu pensei: é agora que isso explode de vez!

Felizmente não aconteceu nada de mais em seguida, contudo esses dois não me deixaram dormir por nada nessa vida, mesmo que eu implorasse baixinho como certo desespero, bêbada de sono ou testasse todos os métodos possíveis de relaxamento, mesmo assim de nada adiantou, eu só perdi tempo e saliva. Nem o bendito chá de camomila havia os acalmado!

Meu Deus do céu, de onde essas duas pessoinhas herdaram toda essa agitação desenfreada? Eu realmente não sei... o que eles querem de mim afinal? Me tornar um zumbi raivoso, faminto e morto de sono? É isso? Pois se for estão conseguindo com sucesso.

-Já que eu não posso fugir das minhas obrigações, hora de ir trabalhar, porque nenhum de vocês dois irão fazer isso por mim.

Digo para minha barriga ao me levantar com certa dificuldade da cama, mas estranhamente os dois danadinhos parecem estar quietos e não se mexem como de costume. Estranho a mudança repentina de comportamento, mas não reclamo, apenas fico atenta a cada mudança sutil desses meus pequeninos enquanto me visto para ir para o trabalho.

É quase uma tortura a tarefa de me abaixar com essa barriga enorme, para conseguir vestir a calça folgadinha que passei a usar depois de ter tido que abandonar meus velhos jeans justinhos e os trocado por calças moletom mais largas. Não que eu esteja reclamando é claro, pois é bem mais confortável para mim no final das contas.

Então depois de estar devidamente arrumada, pego minha mochila contendo tudo o que irei precisar durante o dia e as chaves ao sair de casa, trancando-a em seguida. Estou com preguiça demais para preparar algo para comer antes de deixar minha casa, e além do mais, eu vou poder comer tudo o que quiser na festinha que Andy e Marie prepararam para meus dois limõezinhos no hospital.

Depois de tamanha insistência e perturbação na minha cabeça, eu finalmente havia cedido em deixar que organizassem o tal chá de revelação do sexo dos bebês, que será hoje assim que eu chegar no hospital pela manhã, na sala dos médicos, contando com a presença de apenas alguns poucos conhecidos.

-Por que eu fui concordar com essa baboseira mesmo? Ah é, me lembrei, porque a maluca da Collins havia me ameaçado perigosamente e dito que deixaria de ser minha amiga se não fosse escolhida como madrinha e também se não a deixasse organizar a tal festa.

Penso comigo mesma.

Eu tentei enrolar ao máximo para que não tivesse que experimentar isso e por dois meses até consegui, entretanto Collins perdeu a paciência e a calma em algum momento e me deu um ultimato, ela queria fazer a tal festa e eu teria que permiti-la para manter nossa amizade intacta.

-Chantagista barata! Sorte que eu a amo demais, e ela aos meus limões, para que eu cedesse a sua pressão.

Eu resmungo comigo mesma com um rolar de olhos ao passar com bastante dificuldade a perna por cima da moto, e ligar o motor em seguida com um ronco alto e potente que eu amo.

-Vamos nessa, pessoal. Para mais um dia de trabalho e um blá blá blá sem fim de um monte de gente que nos espera nessa festinha boba.

Eu digo com uma risadinha na direção da minha barriga, e arranco do lugar em alta velocidade. Demoro cerca de uns quinze a vinte minutos para chegar ao estacionamento do hospital. Não havia demorado tanto hoje durante o trajeto graças ao trânsito relativamente tranquilo que me permitiu realizar o percurso dentro do pouco tempo. Quando retiro o capacete da cabeça assusto-me com a aparição repentina de Andy a minha frente que surge num milésimo de segundo diante de mim como um fantasma, fazendo-me colocar a mão sobre o peito com o coração acelerado e a respiração ofegante.

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