Lembranças das noites quentes de verão romance Capítulo 206

- Bem... Yuna está num quarto com Min-ji. Tem o do bebê, que ainda não está completamente pronto.

- Posso ficar com Melody. – Ela sorriu, parecendo querer imensamente dividir o quarto com a neta.

- Pode sim. – Retribui o sorriso.

- Não vou ficar aqui para sempre. Talvez espere o bebê nascer, para ajudá-la no que for preciso. Depois vou procurar um espaço para mim.

- Pode ficar aqui, sem problemas.

- Eu já dependi demais de outra pessoa. Preciso da minha independência de volta. Necessito resgatar a antiga Calissa... Que era uma mulher de verdade.

- Ele... Alguma vez bateu em você?

- Não. As agressões sempre foram verbais e psicológicas.

- Como aceitou viver assim tanto tempo?

- Medo... Covardia... Eu não sei explicar. Mas quando vi que todos partiram e só restamos nós dois naquela casa enorme, me dei conta que acabou. Que eu não precisava mais ficar ali por motivo algum. Que tudo que eu amava ou precisava estava fora daquelas paredes erguidas de ambição e ostentação.

Então eu acolhi também minha mãe na casa que Charles havia comprado para nós três, que agora era de nós sete, se contasse a bebê junto.

Min-ji e Yuna chegaram logo depois e eu preparei o almoço, orgulhosa, para mostrar a minha mãe que, embora minha comida fosse horrível, eu sabia cozinhar.

Melody ficou feliz com a chegada da avó. Porque minha filha era inteligente o suficiente para perceber em mim as pessoas que nos faziam bem e as que faziam mal.

Naquela noite, eu e Charles estávamos deitados na cama, com a porta da sacada aberta, as cortinas esvoaçantes com a brisa fresca vinda do mar.

Ele repousava a cabeça na mão, apoiada pelo cotovelo no travesseiro, enquanto me fitava ternamente.

- Como você consegue ficar cada dia mais linda? – Tocou meu rosto.

Eu ri:

- Cada dia mais gorda, está querendo dizer?

A mão repousou sobre a minha barriga:

- Esta barriga a deixa ainda mais perfeita, meu amor. Porque aqui dentro tem uma pessoinha feita com muito carinho... Certa noite, num camarim.

- Se eu fechar os olhos, lembro de cada detalhe. – Confessei, sorrindo.

- Eu não preciso fechar os olhos para lembrar.

- Imaginou depois daquela foda perfeita que poderíamos ter feito um bebê?

- Bem, sempre que não há uso de camisinha, tem a possibilidade, não é mesmo? – Riu.

- Creio que somos muito férteis... Talvez nem nossas cuecas e calcinhas devam ficar muito próximas.

Ele deitou no travesseiro e riu divertidamente:

- Talvez você deva usar anticoncepcional.

- Sim, acho que está na hora. Depois do nascimento da bebê, vou ver isso.

- Acha que sua mãe vai ficar bem?

- Eu acho que sim. Talvez demore um pouco, mas vai dar tudo certo.

- Amanhã eu vou na Delegacia levar a gravação. Colin vai comigo.

- Vocês são amigos agora? – Comecei a rir.

- Não! Claro que não! Mas também não somos inimigos.

- Ah, Charles... Como você consegue ser tão...

- Tão? – Ele me olhou, curioso.

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